NE45

Náutico busca inspiração em decisão de 2004 para tentar vitória por dois ou mais gols de diferença em final

Timbu precisa ganhar por pelo menos dois gols de diferença para forçar penalidades ante o Sport e se inspira em decisão histórica de 2004

“Os jogadores entraram que nem Mike Tyson entrava”.

A frase acima, de autoria do ex-técnico Zé Teodoro, faz referência ao elenco do Náutico campeão em 2004 sobre o Santa Cruz, no Arruda, após ganhar o jogo por 3 x 0 e reverter a desvantagem de 1 x 0 da ida.

Um contexto diferente de 2024, onde o Timbu perdeu por 2 x 0 para o Sport no primeiro jogo, mas que serve de inspiração para o Náutico tentar buscar um título em um cenário adverso.

Desde 2004, o Náutico não conseguiu ser campeão com uma vitória por pelo menos dois gols de diferença na partida de volta da final. O Timbu levou as taças de 2018, 2021 e 2022, mas em contextos diferentes.

Em 2018, quebrando um jejum de 14 anos, ficou com o título ao ganhar de 2 x 1 do Central na volta – a ida foi 1 x 1. Já em 2021 empatou por 1 x 1 os dois duelos diante do Sport e levou nos pênaltis. Por fim, em 2022, perdeu a ida para o Retrô por 1 x 0, mas devolveu o placar na volta e ficou com a taça nos pênaltis.

Em 2024, por sua vez, o Timbu terá que ganhar por pelo menos dois gols de diferença para forçar pênaltis. Caso ganhe por três ou mais tentos de vantagem, aí será campeão direto. E foi justamente um 3 x 0 que deu o título ao Timbu em 2004.

Técnico da equipe na campanha, Zé Teodoro lembra com carinho da decisão. Sem titubear, crava: era um time que o torcedor alvirrubro gostava de ver. E que superou vários problemas para buscar o título, como disse o ex-treinador ao NE45. Uma das dificuldades foi uma indisciplina de Jorge Henrique, mas contornada pela comissão técnica e direção, de acordo com Zé.

“Tivemos vários problemas no primeiro jogo. Problemas na concentração, com o ônibus que quebrou no trajeto até os Aflitos e precisamos colocar os atletas em carros particulares. Tudo deu errado. Consegui, através de amizades, um comprovante com o pessoal dos Bombeiros de um trio elétrico que eles (Santa Cruz) contrataram (antecipadamente) e o restaurante que eles já tinham reservado”, lembra o treinador.

“Fiz um trabalho na cabeça dos jogadores e passamos a jogar tudo no jogo seguinte. Conseguimos buscar o título que para muita gente foi surpreendente. Tudo isso depende do grupo, da comissão e da diretoria. A gente tinha um time que o torcedor gostava de ver jogador. Os jogadores entraram que nem Mike Tyson entrava. O grupo cresceu muito na reta decisiva”, completa o ex-treinador alvirrubro.

Foto: Gabriel França/CNC

Para além das adversidades, o contexto de 2024 é bem mais difícil se comparado a 2004. Primeiro, na visão do ex-goleiro Nilson, porque o Náutico é inferior tecnicamente ao Sport. E há 20 anos o Timbu tinha time melhor que o Santa Cruz, na visão do ex-arqueiro e hoje treinador.

Nilson define a conquista de 2004 como um peso especial. E brinca com o elenco do Timbu daquela temporada: “O time era tão bom que o mais fraco era eu, pô”, disse o ex-goleiro.

O Náutico foi até o Arruda e, em três minutos, já estava ganhando por 2 x 0, com gols de Batata e Jorge Henrique. O Timbu seguiu na pegada e fez o terceiro no segundo tempo: Kuki, de cabeça, sacramentou o placar e o título alvirrubro na casa do Santa Cruz.

“É um contexto diferente (atual) do que vivemos em 2004, a começar pelo grupo, o nosso era muito mais qualificado. Hoje, o Náutico não é melhor que o Sport, até porque a folha do Sport é três, quatro vezes maior. Mas, quando se trata de um clássico, isso não é tão relevante. Isso depende muito da resiliência do elenco do Náutico, de como eles absorveram essa derrota”, disse Nilson.

“Agora… É possível? É possível. Futebol tudo é possível, mas não de qualquer maneira. Tudo é possível dentro do contexto que estamos inserido. O contexto do Náutico não é muito favorável, com demissão de treinador… E isso não tinha no nosso grupo. Acredito que é possível, mas sei que é muito difícil. 2004 não se repete todos os dias. Vamos ficar na torcida para que o Náutico consiga. O torcedor, ainda que não acredite, no fundo tem uma esperança. Acho que se o Náutico demonstrar uma postura melhor, mesmo sem o título, gera uma esperança para o torcedor na Série C, que é o objetivo maior”, completou o ex-goleiro.

Para o torcedor alvirrubro que acompanhou aquele time de 2004 a escalação está na ponta da língua.

Nilson; Carlos Alberto, Lima, Batata e Marquinhos; Chicão, Luciano e Marco Antônio (Henrique); Almir Sergipe (Paulinho), Jorge Henrique (Vital) e Kuki. Técnico: Zé Teodoro.

20 anos depois, agora em um contexto ainda mais adverso, o Náutico tenta ser campeão pernambucano buscando uma virada.

O Timbu será comandado pelo técnico Mazola, que chegou na última terça e comandou apenas três treinos. A bola rola às 16h30 deste sábado.

E o ex-atacante Kuki, peça fundamental no título de 2004 e hoje funcionário do Timbu, acredita na virada.

“Hoje é um dia de conseguir uma virada. Os jogadores têm a chance de colocar seu nome na história do clube. Não digo nem coração no bico da chuteira, é colocar sentimento mesmo. Colocar sentimento e ir em busca do título pernambucano”, disse o ex-atacante.

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