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Raio-x: saída de Rogério Ceni

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Por João Pedro Pereira

Por João Pedro Pereira

Postado dia 10 de novembro de 2020

Num cenário onde não encontramos tempo para treinar por conta do calendário apertado e grandes viagens, o nosso futebol quase sempre está na corda-bamba precisando decidir entre desempenho ou resultado, como se fossem coisas antagônicas. Na contramão disso tudo, mesmo em meio à muitas dificuldades como saída recente da série C e cotas financeiras menores, Fortaleza e Rogério Ceni quebraram várias barreiras, provando que bom desempenho e ótimos resultados, com tempo e um trabalho bem feito, podem andar lado à lado.

Com modelo de jogo bem aplicado, Rogério Ceni é um estrategista nato, sempre buscando, com grande precisão, potencializar todas as melhores valências dos seus atletas, e nos grandes jogos adaptando sua equipe às características mais particulares dos adversários para, além de poder propor seu jogo, impedir ações e reações dos rivais. Por isso não lhe falta estudo e repertório de ideias, todas elas vistas em campo.

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De branco, o Fortaleza faz ajuste na composição da barreira colocando um homem a mais ao lado, este, responsável por parar qualquer possibilidade de cobrança curta e jogada ensaiada do Independiente-ARG, pela Copa Sulamericana.

As imagens acima demonstram, de forma mínima, o quanto Ceni é apegado aos mínimos detalhes. Construção ofensiva criando superioridades numéricas e técnicas utilizando desde o goleiro com passes curtos e diagonais longas, defesa sólida protegendo bem a área e condicionando os adversários à atacarem pelos lados, longe da baliza, transição ofensiva bastante vertical visando tirar a bola de zonas pressionadas e chegar à meta e transição defensiva que busca recuperar a bola o mais rápido possível, mas sabendo recompor quando essa primeira tentativa falha.


Alguns números comprovam o bom desempenho do Fortaleza comandado por Rogério Ceni:

Copa do Nordeste 2019: Campeão

1º – Passes precisos para finalização, disputas no campo ofensivo, dribles, menos bolas perdidas, entrada na área do adversário.

2º – Aproveitamento das chances criadas, passes certos, acerto em dribles.

3º – Criação de chances de gol, aproveitamento em cruzamentos.

Médias por jogo.

Série B 2018: Campeão

1º – Passes, porcentagem de passes certos, escanteios, disputas, disputas no campo defensivo, disputas no campo ofensivo, porcentagem de desarmes bem sucedidos, menos bolas perdidas no próprio campo.

2º – Eficiência na pressão, cruzamentos certos, entradas no terço final do campo adversário, entradas na área do adversário.

Médias por jogo.

Dados via Instat Scout.

Fortaleza e vida pós-Ceni:

Não será uma transição fácil para o Fortaleza. A primeira saída de Rogério Ceni (para o Cruzeiro, em 2019) deixa isso bastante claro. Um trabalho sólido acaba de ser interrompido e o substituto irá conviver com o “fantasma Ceni”, tendo o seu trabalho medido e julgado sempre com a régua do, agora, ex-treinador, o que é um erro. Manter um perfil jovem e que busca ascensão na carreira ou optar por alguém mais “consagrado” e experiente? Procurar um treinador que pense em “jogar pra frente” ou “defender primeiro e atacar depois”? Até onde questões financeiras (para o treinador e para possíveis reforços) será um impeditivo? Brasileiro ou estrangeiro? Todas essas são perguntas extremamente difíceis de serem respondidas. Não há uma verdade absoluta, não há um caminho com 100% de garantia. Além do campo com parte técnica e tática, precisamos olhar para o lado humano, esse que Rogério, apesar de episódios de bastante excentricidade, parecia dominar com muita tranquilidade dentro de seu elenco, sempre blindando os seus comandados de exposição com torcida ou imprensa.

Como opinião, vejo alguns nomes surgindo para o debate que julgo capazes de manter um bom encaixe dentro e fora de campo, sendo os principais deles os de Dorival Júnior e Tiago Nunes, que no atual momento estão livres no mercado. Roger Machado e Thiago Larghi também correm por fora, visando um encaixe nas ideias deixadas, mas, esses bem menos provados em resultados em suas carreiras. Empregados, Felipe Conceição (Guarani) e Lisca (América-MG) também poderiam dar uma sequência interessante à temporada do Fortaleza, muito por também possuírem um perfil de equilíbrio entre as fases de jogo.

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1 Comentário

  1. Francisco Assis de Holanda

    Flamengo fez a mesma coisa que fez o Benfica quando levou o Jorge Jesus. O mundo do futebol é tudo muito estranho, até o que chamam de profionalismo e transparência. O próximo desafio Ceni é logo contra o São Paulo, maior ídolo da história do tricolor paulista. Esse tipo de contratação tem tudo para não dar certo, mesmo sendo um técnico com futuro promissor.

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