O Sport é um time que joga melhor quando tem menos a posse da bola do que os adversários no Campeonato Brasileiro. Ou, pelo menos, é assim que consegue os melhores resultados – talvez bem melhores. Nas partidas em que teve mais a bola que os rivais, o Leão conquistou apenas 22% dos pontos disputados, enquanto nos duelos onde teve posse inferior, conseguiu 50% dos pontos em disputa.
Foram seis jogos com maior domínio da bola, com uma vitória, um empate e quatro derrotas. Em ordem, perdeu para o Vasco, no Rio (54% x 46%); empatou com o Atlético-GO (69% x 31%); perdeu para o São Paulo (54% x 46%); venceu o Goiás (52% x 48%); perdeu para o Botafogo (62% x 38%); e teve outro revés para o Cruzmaltino, na Ilha (63% x 37%).
Já as partidas com posse inferior foram 14, sendo seis vitórias, três empates e cinco derrotas. Em ordem, venceu o Ceará, no Recife (40% x 60%); perdeu para o Santos (41% x 59%); perdeu para o Coritiba (42% x 58%), venceu o Grêmio (26% x 74%); perdeu para o Fortaleza (48% x 52%), empatou com o Palmeiras (37% x 63%); venceu o Fluminense (26% x 74%); venceu o Corinthians (47% x 53%), perdeu para o Flamengo (37% a 63%); perdeu para o Internacional (48% a 52%); empatou com o Atlético-MG (24% x 76%); venceu o Athletico Paranaense (41% a 59%); e empatou com o Ceará, no Castelão (48% x 52%).
O único jogo que o Sport, aliás, teve posse de bola idêntica (50% x 50%) ao adversário foi na derrota para o Red Bull Bragantino, por 2 a 0.
Claro que, no futebol, destruir jogadas é muito mais fácil do que construir, mas esses números ajudam a ilustrar como o Sport é um time que tem dificuldade quando precisa buscar o resultado – não à toa após o fim do primeiro turno foi o lanterna em finalizações, chances criadas e dribles. Afinal, é bem comum, no Brasil, que os times em vantagem no placar optem por atuar de forma mais retraída e cedam a bola ao adversário.
E nesta situação de adversidade tendo a posse, o Leão não costuma reagir: o Rubro-negro não venceu nenhum jogo de virada em 2020, nem mesmo na Ilha, como por exemplos nos duelos contra o São Paulo, Botafogo e Internacional, onde levou gol cedo e não demonstrou poder para reverter a situação.
Quando está na situação oposta – faz o gol cedo, abaixa as linhas e deixa o adversário ter a bola -, tem conseguido pontuar, como diante do Fluminense, Corinthians, Bahia e Athletico Paranaense, exemplificando. O Sport, aliás, às vezes, nem precisa abrir o placar para adotar esta postura mais precavida, como ocorreu contra o Atlético-MG e Ceará, recentemente, onde desde o início foi bem defensivo, inclusive com três zagueiros, e buscou pontos importantes fora de casa.
Sport com mais posse de bola que os rivais
Jogos: 6
Derrotas: 4
Vasco 2 x 0 Sport
– 46% x 54%
Sport 0 x 1 São Paulo
– 54% x 46%
Sport 1 x 2 Botafogo
– 62% x 38%
Sport 0 x 2 Vasco
– 63% x 37%
Empates: 1
Atlético-GO 1 x 1 Sport
– 31% x 69%
Vitórias: 1
Sport 2 x 1 Goiás
– 52% x 48%
- Aproveitamento: 22%
Sport com menos posse de bola que os rivais
Jogos: 14
Vitórias: 6
Sport 3 x 2 Ceará
– 40% x 60%
Grêmio 1 x 2 Sport
– 72% x 28%
Sport 1 x 0 Fluminense
– 26% x 74%
Sport 1 x 0 Corinthians
– 47% x 53%
Bahia 1 x 2 Sport
– 59% x 41%
Sport 1 x 0 Athletico Paranaense
– 41% x 59%
Derrotas: 5
Sport 0 x 1 Santos
– 41% x 59%
Coritiba 1 x 0 Sport
– 58% x 42%
Fortaleza 1 x 0 Sport
– 52% x 48%
Flamengo 3 x 0 Sport
– 63% x 37%
Sport 3 x 5 Internacional
– 48% x 52%
Empates: 3
Palmeiras 2 x 2 Sport
– 63% x 37%
Atlético-MG 0 x 0 Sport
– 76% x 24%
Ceará 0 x 0 Sport
– 52% x 48%
- Aproveitamento: 50%
Sport com a mesma posse de bola: 1
Red Bull Bragantino 2 x 0 Sport
– 50% x 50%
Foto: Anderson Stevens/ Sport Recife
Até pegando o gancho de um dos parágrafos, um complemento interessante para essa estatística seria pegar os números de posse de bola antes do primeiro gol no jogo. Pois, no momento em que o primeiro gol é marcado, a tendência é de uma mudança (ou reforço) de uma estratégia. Se você pega apenas a posse pré-gol, você consegue ver qual era a estratégia original do time.