Foram mais de 16 meses, ou exatos 505 dias de invencibilidade do Santa Cruz no Arruda que encerraram na noite deste sábado. Em um jogo que Marcelo Martelotte projetou mudanças na postura de jogo da equipe, em um novo esquema tático, o treinador conheceu a sua primeira derrota na atual passagem pelo comando coral. Resultado que, friamente, não interfere em nada a campanha praticamente impecável do Santa Cruz. Mas para o Manaus… aproveitou a brecha e conseguiu seu primeiro triunfo fora de casa na Série C, e de quebra ainda vai dormir no G4.
Um novo estilo
O que esperar de um time já classificado como líder da primeira fase de uma competição e tem três jogos a cumprir na tabela, onde não há o menor risco – ao menos dentro das quatro linhas – de se prejudicar? Que ele realize testes nesses jogos, claro. E foi visando a próxima fase que o técnico Marcelo Martelotte escolheu a escalação contra o Manaus, no esquema 4-2-4, com Pipico e Caio Mancha atuando de fato como centroavantes.
Ora, para um time que tem um costume de atuar no 4-2-3-1 a temporada praticamente inteira, inclusive com o treinador, era de se esperar que o ritmo do primeiro tempo demorasse a engrenar. E foi o que aconteceu. Somente aos 42 minutos a ideia do treinador surtiu efeito. De pé em pé, uma jogada rápida construída desde a defesa, passou por Leonan, Jeremias, André e Lourenço, até Pipico cabecear livre de marcação na segunda trave, na boa defesa do goleiro.
Até ali, o Manaus havia construído duas boas jogadas, com o veloz Philip abrindo para Janeudo chutar de forma perigosa, mas para fora. Porém, o 0 a 0 da primeira etapa foi mero detalhe. O mais importante foi a boa impressão deixada pelo esquema, que com Didira e Chiquinho nas pontas, talvez até Victor Rangel ao lado de Pipico.
Paulinho reforça o 4-2-4…
No intervalo, Martelotte optou por Paulinho e Jáderson, dando ainda mais velocidade na transição de uma ponta à outra, mais distantes com a amplitude apresentada. Com o volante, que entre os três do elenco tem a melhor característica de construção de jogadas, a postura ficou ainda mais eficaz para a equipe na Série C.
… mas sem Bileu ficou mais frágil
Porém, a entrada de Paulinho acendeu uma grande ressalva: o time fica mais frágil na defesa sem Bileu. E aliado ao fato de que Danny Morais e William Alves ainda não estão em sua melhor forma física, abriu uma clareira na proteção de zaga, que o organizado Manaus aproveitou duas vezes. Com Hamilton, artilheiro da equipe na Série C, aos 11 e 20 minutos.
‘Reset’
Foi o suficiente para Martelotte apertar o botão de ‘reset’ e tirar Caio Mancha – discreto no jogo – e acionar Chiquinho, voltando ao seu tradicional e funcional 4-2-3-1. E a reação veio, já com o próprio Chiquinho de falta, diminuindo aos 38 minutos, em nova cobrança de cruzamento fechado, vinda da direita da área. O Santa ainda pressionou e teve chances de empatar com Peri e Pipico, mas não foi eficaz e teve pouco tempo para pressionar o Manaus.
Os destaques
Para analisar o desempenho individual dos atletas, é preciso considerar todo o contexto de ausências e a obediência ao esquema de Martelotte. Por exemplo, Pipico esteve num jogo abaixo, porém no 4-2-4 esteve mais longe da área do que Caio Mancha, o que não significa que tenha sido uma má atuação do atleta, uma vez mais deslocado de sua principal característica. Mas o Caio Mancha deixou a desejar e ainda falhou feio no lance do segundo gol do Manaus, ao não conseguir afastar a bola na pequena área. Jeremias também não surtiu efeito na ponta esquerda e não funcionou a parceria com Leonan.
Positivamente, as entradas de Paulinho, Jáderson e Chiquinho melhoraram a equipe, porém fica potencializado também pelo fato do time voltar a jogar na sua zona de conforto.
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