Um pedaço do futebol se foi nesse 25 de novembro de 2020. A morte do craque argentino Diego Armando Maradona, aos 60 anos, após uma parada cardiorrespiratória chocou o mundo e deixa em luto todos os amantes do esporte. Se foi um dos maiores de todos os tempos. Um gênio absoluto e único. E que, mesmo que de forma sutil, também tem histórias ligadas com o Nordeste.
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A mais notória delas foi em março de 1994. Em preparação para a Copa do Mundo dos Estados Unidos, a seleção da Argentina fez um amistoso contra o Brasil no Arruda. E Maradona, que havia cumprido 15 meses de suspensão por doping pela Fifa, foi convocado pelo técnico Alfio Basile para a partida. Porém, como havia sentido uma lesão muscular na véspera, ficou apenas no banco de reservas e não foi utilizado.
A delegação da Argentina ficou hospedada no Mar Hotel, em Boa Viagem. E Maradona ocupou a suíte presidencial, com diária de 1.300 dólares. O espaço contava com 160 metros quadrados, distribuído em três ambientes exclusivos, escritório, dois banheiros e hidromassagem com TV.
Como curiosidade, a partida marcou também a estreia de outro gênio da bola. Com o atacante Ronaldo (então Ronaldinho) sendo acionado aos 35 minutos do segundo tempo no lugar de Bebeto, autor dos dois gols da vitória por 2 a 0.
Maradona disputaria o mundial dos Estados Unidos, que seria o seu último e acabaria suspenso por doping. Sem o seu camisa 10, a Argentina foi eliminada pela Romênia, ainda nas oitavas de final. O Brasil ganharia o tetra. Pela seleção alviceleste, El Pibe disputou também as Copas de 1982, 1986 (quando viveu seu auge, sendo campeão do mundo como melhor jogador do Mundial) e 1990 (perdendo a final para a Alemanha).
Maradona comprou o passe de Charles
Outra ligação do craque argentino com o Nordeste é surpreendente e teve como intermediário o ex-atacante Charles, ídolo do Bahia. Em entrevista ao programa BAR FC, o campeão brasileiro de 1988 pelo Tricolor revelou que teve seu passe comprado por Maradona, ainda em atividade, em 1992.
Na época, Charles era jogador do Cruzeiro e havia disputado, em 1991, a final da Supercopa da Libertadores contra o River Plate. Após perder por 2 a 0 o jogo de ida, no Monumental de Nuñez, a Raposa levantou o título com uma vitória por 3 a 0 no Mineirão. Mesmo sem marcar gols, Charles foi um dos nomes da partida “uma das cinco maiores atuações da minha carreira” e chamou a atenção de El Pibe.
Meses depois, o Cruzeiro disputaria um torneio na Argentina e perdeu o título para o Boca Juniors, time do coração de Maradona e que na época jogava no Sevilla, da Espanha. Após a partida, Charles recebeu uma proposta que, de início, achou que era brincadeira.
“Estava no hotel e recebi uma ligação pedindo para eu descer porque o Cruzeiro estava me vendendo para o Maradona. Dei risada, e só desci depois da segunda ligação. Fui a casa do Maradona, com dois diretores do Cruzeiro, e fomos recebidos pelo próprio Maradona. Conversamos por uns 20 minutos e depois que voltamos para o hotel acertamos o salário”, contou.
No Boca Juniors, no entanto, Charles não brilhou. Disputando apenas sete partidas, sem marcar gols. Em 1993 retornou ao Brasil para atuar pelo Grêmio.
Gol de Jacozinho, com passe de Maradona
Outro grande nome do futebol do Nordeste também ficou marcado por Maradona. No caso, o ex-atacante Jacozinho, ídolo do CSA, e que viu sua carreira ganhar uma outra dimensão após marcar um golaço no Maracanã, após passe do craque argentino.
A partida ocorreu no dia 12 de julho de 1985, um ano antes de Maradona se imortalizar na Copa do México. Um jogo festivo que marcava a volta de Zico ao Flamengo. Anfitrião, o Galinho convidou vários astros do futebol e Jacozinho acabou sendo convocado para a festa de última hora, pela sua irreverência. Acabou ganhando todos os holofotes.
“Foram 110 mil pessoas gritando Jacozinho, um coral lindo. Quando fiz o gol, foi coisa de louco. Maradona veio comemorar comigo, a torcida vibrando com o gol que fiz no próprio time deles… Futebol é isso. Em qualquer estado que chego, todos me conhecem. E lembram daquele jogo no Maracanã”, recordou Jacozinho, em entrevista dada em junho, à Rede Globo, pela comemoração dos 70 anos do Maracanã.
Fotos: Reprodução/Rede Globo
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