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Dado Cavalcanti: Entre a fria avaliação de desempenho e a armadilha da consideração

Fred Figueiroa, Bahia, Colunistas

Por Fred Figueiroa

Por Fred Figueiroa

Postado dia 22 de fevereiro de 2021

Ainda era noite de domingo. Minutos depois do empate entre Goiás e Red Bull Bragantino que selou oficialmente a permanência do Bahia na Série A. No Twitter, um torcedor perguntou minha opinião sobre a continuidade do técnico Dado Cavalcanti no elenco principal do Tricolor. Não por acaso havia refletido sobre este assunto na noite anterior, desde o segundo tempo da goleada contundente sobre o Fortaleza. Aquela atuação, naturalmente, tinha um peso fundamental em uma balança equilibrada de prós e contras. Aliás, não exatamente assim. Diria, sim, que os dois últimos desempenhos – no Mineirão e no Castelão – é que, na verdade, equilibraram essa balança.

Suficientes para me deixar extremamente dividido sobre pergunta feita no Twitter.

Mas, no que realmente importa, suficientes para convencer a direção do Bahia da manutenção do técnico para a temporada 2021.

Não sei se Guilherme Bellintani e sua cúpula de futebol têm plena convicção desta decisão. Obviamente dirão que sim em todas as entrevistas. Talvez tenham apenas chegado a conclusão de que o momento se impôs. Dado assumiu o clube em uma situação complicada e, no final das contas, cumpriu a missão – deixando ainda uma boa impressão na reta final. Mantê-lo no cargo é uma decisão muito mais segura do que, simplesmente, agradecer pelos serviços prestados e devolvê-lo a condição de treinador da equipe de transição. Neste cenário, Dado se tornaria uma sombra constante ao trabalho de qualquer outro técnico. Dois ou três resultados ruins e surgiria uma pressão natural para recolocá-lo no cargo principal.


Ainda é fundamental acrescentar nesta conta o fato de estarmos em uma transição de temporada completamente atípica. Não há um dia de intervalo entre 2020 e 2021 no calendário do futebol brasileiro. Domingo começa a Copa do Nordeste. Semanas depois já tem decisão na Copa do Brasil. Em abril, talvez, Sul-americana. Começar tudo do zero – sem sequer ter um treinador negociado e, principalmente, sem nenhum nome capaz de gerar consenso -, seria um caminho muito mais difícil.

Se eu me colocar no lugar de Bellintani, me veria sem escolha. Mas com uma sensação de que, no mínimo, é uma aposta válida. Sem alto custo, sem gerar desgaste e sem risco de danos profundos.

De fora é muito mais fácil fazer conjecturas. Na pergunta que recebi pelo Twitter, depois de alguns minutos pensando, respondi um apático e sincero “não sei”. Fico dividido entre a avaliação fria do desempenho da equipe sob o comando de Dado Cavalcanti e a inevitável armadilha da consideração. Navegando por enquetes de torcedores do Bahia no Twitter percebe-se uma clara divisão nas opiniões.

Em 11 jogos sob o comando de Dado, o Bahia venceu três partidas, empatou quatro e perdeu quatro. Um aproveitamento de 39%. Positivo para as circunstâncias. As melhores atuações foram contra o Grêmio (logo na sua segunda partida) e, claro, as duas últimas, diante do Atlético/MG e do Fortaleza. Nesses três jogos, o técnico conseguiu mostrar um repertório de variações e capacidade de adaptação – algo que não foi muito comum durante sua carreira. Diante de Vasco, Atlético/GO, Athletico/PR e Corinthians, não encontrou saídas necessárias para graves problemas, porém conseguiu ao menos estabilizar a equipe para atravessar os momentos mais críticos das partidas com o mínimo de frieza. Foram nesses quatro jogos, de atuações burocráticas – com mais problemas que soluções -, que o Bahia pavimentou sua reação. Do outro lado da balança, entram na conta a condução desastrosa contra o Sport e a incapacidade de criar alternativas em casa contra Fluminense e Goiás.

Não consigo colocar uma lupa nessas atuações do Bahia e chegar à conclusão de que Dado Cavalcanti fez um ótimo trabalho. Muito menos encontro razões para justificar uma eventual demissão. Então, considerando que não existe intervalo entre as temporadas, a segunda avaliação pesa mais. O conceito de continuidade se estabelece.

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1 Comentário

  1. Gabriel Masca

    Fred, só uma correção. Caso não seja efetivado como treinador do time principal, Dado voltaria pro cargo de Coordenador e não de treinador do time de transição.

    Responder

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