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Sport põe cláusulas anti preconceito em contratos e anuncia série de ações inclusivas

Clube planeja categoria de sócio, linha de roupa, censo interno e mais

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“Uma plantação de sementes do que pode ser uma instituição esportiva, inclusiva e diversa”. Assim definiu Roberta Negrini sobre a criação da diretoria de Diversidade e Inclusão, da qual é vice-presidente. Na tarde desta segunda-feira, na Ilha do Retiro, ela concedeu entrevista coletiva para falar pela primeira vez do recente departamento e detalhar as ações que o clube planeja implementar, além das que já estão em curso. 

A diretoria foi criada em julho, com a vitória da atual gestão no pleito suplementar que o clube passou após renúncias simultâneas no Executivo. Roberta Negrini, porém, fez questão de destacar que a ideia para o departamento existe desde o ano passado, bem antes de ocorrer o caso de homofobia contra o ex-BBB Gil no Conselho Deliberativo – cujo desfecho teve absolvição de Flávio Khoury, conselheiro que destilou preconceito.

“A vice-presidência de Inclusão e Diversidade foi uma cadeira estruturada bem antes disso acontecer. Então ela não é uma resposta ao episódio, mas uma crença do Executivo de que é uma pauta importante, em um clube histórico, machista. Mas não é só o Sport, a maioria do Brasil e do mundo são”, afirmou a dirigente. 

“Essa pauta vem com o mínimo, como uma uma plantação de sementes do que pode ser uma instituição esportiva, inclusiva e diversa. E que acima de tudo haja respeito. Não tenho pretensão que iremos clicar em um botão e tudo vai mudar, mas se conseguirmos juntos implantar pequenas iniciativas que possam fazer refletir os colaboradores e torcedores, já fizemos grande parte desse trabalho. E que possa ser perpetuado pelas pessoas que venham a assumir o clube”, acrescentou Roberta Negrini.

Cláusulas contratuais para 2022

Durante a entrevista coletiva, a vice-presidente anunciou diversas iniciativas do clube para serem colocadas em prática de forma muito breve. Como por exemplo cláusulas contratuais a partir da próxima temporada que sejam contra o racismo, como outros clubes têm feitos, e a homofobia.

“Todos os contratos de colaboradores e atletas em 2022 tem cláusulas anti racistas e anti homofobia. No nosso caso iremos além da questão do racismo e também da homofobia. Não admitimos que isso ocorra nos nossos ambientes”, disse. 

Categoria para sócio, lançamento de roupas e mais 

Roberta Negrini anunciou também a criação de um novo plano de sócio, chamado ’Sport Livre’, cujo público alvo serão pessoas que não se sintam contemplados com nenhuma outra categoria que o clube possui atualmente. O lançamento deve ocorrer em janeiro, segundo informou.

“Para quem ela se destina? Todas aquelas pessoas que não se sentem representadas nas categorias de sócio que o Sport tem. Por exemplo, uma mulher lésbica que não se sente representada, ou uma mãe com um filho autista que não sabe qual a pessoa que está ao lado e não acha aquele lugar disponível ao filho. Então essa categoria vai propiciar um espaço adequado para o Sport recebê-los. Esse espaço, a partir do momento que a pessoa se associa, assina um termo que respeita integralmente as pessoas ao lado”, explicou.

Haverá uma parceria ainda com a Cazá do Sport, loja oficial do clube, para a criação de roupas alusivas à categoria. Parte da receita será destinada à manutenção do departamento, criado há poucos meses e com recursos escassos. Além disso, o clube pretende criar uma corrida para os sócios deste plano.

“Há algumas derivações da categoria, teremos uma parceria com a Cazá do Sport, de roupas específicas, que traz leveza e alegria para as peças”, disse Roberta. “Teremos uma corrida para essa categoria, onde queremos que as pessoas sejam bem, livres, possam ir com uma roupa especial, fantasiadas. Uma corrida em prol da diversidade. E toda a renda será para iniciativas da categoria Sport Livre. Então queremos nos engajar e ter receita para manter a categoria ativa”.

Celebração ao orgulho gay 

Em 17 de maio do ano que vem, em celebração ao Orgulho Gay, o clube será aberto e mobilizado para comemoração da data, com diversas ações inclusivas, garantiu a dirigente.

“No dia 17 de maio de 2022 teremos um dia especial da diversidade e orgulho gay onde abriremos as portas e iniciativas. Teremos jogos, interações entre a comunidade lgbtqi+ e queremos convidar que seja um dia simbólico. A gente, de fato, sim, queremos que seja um marco porque o principal é mostrar essa pluralidade do Sport”, falou.

Ação com jogadores, funcionários e dirigentes 

Nesta quarta-feira, em parceria com o Centro Estadual de Combate à Homofobia, do Governo de Pernambuco, o Sport vai iniciar uma série de capacitação com as pessoas que fazem o clube para elucidar e conscientizar sobre o tema. A iniciativa deve durar três meses.

“Uma capacitação anti lgbtfobia para nossos colaboradores, diretoria e atletas. É um tema novo, nem tudo é preconceito, mas às vezes falta informação, como se comportar. Então essa capacitação é um presente do Centro Estadual de Homofobia, do Governo. Queremos que isso vire uma cultura, que olhemos isso de forma responsável”. 

Outras iniciativas 

Espaço para acolhimento

“É mais do que necessária e urgente é termos um espaço dedicado ao acohimento de mulheres, populações lgbt, negros, pessoas que se sentem pouco representados ou acolhidos. Então essa sala da diversidade teremos uma assistente social, onde ela prestará um acolhimento sobre algo que aconteça nas nossas independências. Será um primeiro acolhimento para essas pessoas serem encaminhadas a órgão estaduais. Imagine uma mulher que vem para um jogo e de alguma forma se sente violentada?  Buscamos que as pessoas se sintam bem recebidas na Ilha do Retiro. Então se ocorrer algum imprevisto, que ela tenha para onde correr, no início de 2022. Também teremos um espaço para amamentação. Atendemos aqui várias mães diariamente, que trazem os filhos para praticar esportes e vêm com um recém-nascido. Esse espaço também será dedicado a isso”. 

Manifesto racista colocado na entrada do clube no último sábado  

“Instalamos um painel na entrada do clube, um manifesto, que é a representatividade que acreditamos e queremos lutar para que aconteça. É um marco para a gente, diria que expõe a vontade que temos de fazer um futebol diferente. Teremos também uma camisa comemorativa do manifesto para quem acredita nesse sonho de fazer um futebol mais plural”.

Muros pintados 

“Teremos dois muros que terão arte em pouco tempo, 15 artistas que irão de forma expressiva colocar a visão de futebol, arte, sempre com temas positivos (no muro do lado de fora, na avenida beira-rio). E a ideia é que seja uma arte a céu aberto, queremos convidar artistas locais, haverá um dia específico, super interativo. E teremos outro muro, da parte dentro, próximo ao avião, na sede, e a ideia é que seja um muro dedicado à diversidade. Contaremos um pouco quais serão essas vozes, temos alguns artistas confirmados e a ideia também é convidar artistas que não seja tão conhecidos da mídia”.

Criação de um censo interno

“Quando falamos de inclusão e diversidade não podemos pensar só no que está além dos muros, temos que pensar na nossa casa. E por incrível que parece não temos um censo no clube e não sei quais pessoas se enxergam ou declaram pretas ou pardas, com orientações homoafetivas, o nível de instrução que essas pessoas têm.  Como posso entregar pautas construtivas a essa população se não a conheço? Então iremos aplicar um censo voluntário e anônimo, que nos dará um material gigantesco para sermos assertivos”.

Inclusão para sócios 

“Temos problemas simples de cadastro para sócios, como por exemplo inclusão de um dependente de uma relação homoafetiva. Isso é algo muito antigo do estatuto e estamos revisitando as questões de cadastro e fichas para que sejam mais inclusivas e plural. Na carteira, por exemplo, queremos colocar qual o nome social que a pessoa queira ser chamado ou chamada. É um processo de inclusão para que a pessoa se sinta bem, que representa a pessoa como ela de fato é”.

Acessibilidade 

“Temos processos para receber um cadeirante, mas que não são divulgados. Então a ideia é que façamos uma cartilha que possa chegar a todos os interessados. E que recebamos cada vez mais cadeirantes no nosso clube”.

Inclusão de pessoas com autismo

“Por fim temos um projeto, estamos preparando o clube não só para receber, como atuar no esporte e promover a inclusão do autista dentro do nosso convívio. Um projeto que ainda estamos desenhando, grande. Pernambuco tem 150 mil crianças autistas e achamos que é um dever nosso acolher nossas crianças”.

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