Arqueiro é 1º nome da elite do futebol nordestino a se assumir gay
Pela 1ª vez na história, um ídolo de um grande clube nordestino se pronunciou sobre a sua sexualidade. Nesta sexta-feira, o ex-goleiro Emerson Ferretti, ídolo do Bahia e com passagens por América-RN e Vitória, se assumiu homossexual.
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Emerson Ferretti
Aos 50 anos, Emerson só conseguiu falar sobre a sua sexualidade 15 anos depois de pendurar as luvas. Com passagens por Grêmio, Flamengo, América-RJ, América-RN, Ituano, Bragantino, Juventude, Bahia e Vitória falou ao podcast Nos Armários dos Vestiários, do portal ge.
Na entrevista, o ex-jogador comentou sobre a fama de gay ter atrapalhado e fechado algumas portas na carreira. “Sei que a fama me prejudicou bastante. Eu poderia até ter tido muito mais sucesso. Poderia ter feito muito mais coisas do que fiz, ter conquistado muito mais coisas”.
Isso lembra a declaração do volante Elyezer, hoje no Santa Cruz, há apenas uma semana, para o mesmo podcast. Na oportunidade, o meia disse ter sido recusado por vários clubes por causa doas boatos sobre a sua sexualidade – ele se declara heterosexual.
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Questionado sobre os porquês de falar agora, Emerson explicou: “Falar sobre o assunto, jogar luz vai fazer, com certeza, 1º, quebrar um pouco esse silêncio que existe, porque sempre existiu gay no futebol. Só que ninguém fala, todo mundo ignora isso, faz de conta que não tem”.
Ele também alertou para dois estereótipos que precisam ser desconstruídos: “Primeiro que gay não tem virilidade. É uma mentira isso. Gays sempre existiram dentro do futebol e todos que tiveram sucesso, toda vez que precisaram ser viris, eles foram”. Ele continou.
“Segundo, que um gay vai criar problemas dentro do vestiário, situações constrangedoras. E eu volto a falar sobre um exemplo de alguém que jogou dos oito aos 35, quase 30 anos. Nunca criei problema dentro de vestiário. Sempre foi tido como um comportamento exemplar”.
Mas Emerson não é exatamente o 1º
Antes de Emerson Ferretti, dois nomes com passagem no futebol nordestino já se posicionaram como integrantes da comunidade LGBTQIA+.
O 1º foi o goleiro Messi, que se assumiu gay há mais de 10 anos. Ele fez toda a carreira no RN, passando por Palmeira de Goianinha, Globo e Alecrim. Sua última equipe foi o Potengi, em 2019. Messi conseguiu destaque no interior, mas nunca teve chances em equipes maiores.
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Já neste ano, o ex-volante Richarlyson, com passagens por Fortaleza, Vitória e Campinense, além da Seleção Brasileira, se declarou bissexual. Ele foi o 1º jogador que vestiu a Canarinha a se assumir LGBTQIA+, também na mesma série de podcasts.
Por outro lado, Emerson se tornou presidente do Ypiranga de Erechim após sua aposentadoria dos gramados. Assim, ele é o 1º ex-dirigente de futebol no país a se assumir LGBT. Hoje, ele atua como comentarista de futebol na TV Aratu, afiliada baiana do SBT.
A nível internacional, há apenas um jogador na ativa em divisão de elite assumidamente LGBT: o meia australiano Josh Cavallo, do Adelaide United, de seu país natal. Ele se declarou gay há pouco menos de um ano.
Máximo respeito, Emerson. O recordista de jogos seguidos pelo clube está no Hall de Ídolos do Museu do Bahia, é bicampeão do NE, melhor goleiro do Brasil em 2001 e agora se torna mais uma importante voz na luta contra o preconceito. O futebol, como a vida, tem lugar para todos. https://t.co/MozEd69jf7
— Esporte Clube Bahia (@ECBahia) August 19, 2022
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