O técnico Gilmar Dal Pozzo, atualmente na Chapecoense, acionou o Náutico na Justiça do Trabalho e cobra o valor de R$ 956.811,50 do clube alvirrubro. Na ação, o comandante pede o pagamento de multas, FGTS, salários, danos morais e honorários sucumbenciais, que somados chegam neste valor de quase R$ 1 milhão.

Essa movimentação da cobrança, no entanto, é de uma ação que está em vigor desde agosto de 2020, quando o Náutico alegou “demissão por justa causa, por abandono de emprego”. A defesa do treinador, porém, não aceitou isso. E o caso está na 13ª Vara da Justiça do Trabalho do Recife desde agosto de 2022, mas ainda sem uma decisão sobre o tema.

O Náutico, inclusive, já foi notificado da ação e está dentro do prazo para apresentar a sua defesa no caso. Em rápido contato com a reportagem do NE45, o vice-presidente jurídico do clube, Luiz Gayão, afirmou que ainda não teve acesso ao processo. Ainda segundo ele, o departamento vai analisar e formular a defesa.

A advogada de Dal Pozzo, Mariju Maciel, confirmou em rápido contato com a reportagem do NE45 a existência da causa. “A primeira ação do Gilmar era para reconhecer a rescisão. Essa agora é uma ação que efetivamente faz a cobrança dos valores que são devidos”, disse de forma resumida.

Veja, abaixo, os valores que Dal Pozzo cobra do Náutico:

• Pagamento de parcelas rescisórias à saber: saldo de salário R$ 24.000,00, 13º salário R$ 35.000,00, férias proporcionais acrescidas do terço R$ 46,550, totalizando R$ 105.500,00
• Pagamento do FGTS de toda a contratualidade acrescida da multa de 40%: R$ 53.760,00
• Pagamento da multa prevista no contrato pela rescisão unilateral, ou subdiariamente a multa do artigo 479 da CLT (R$ 108.000,00): R$ 500.000,00
• Pagamento da multa do artigo 477 da CLT: R$ 60.000,00
• Pagamento da multa do artigo 467 da CLT: R$ 52.750,00
• Pagamento de danos morais: R$ 60.000,00
• Honorários sucumbenciais: R$ 124.801,50
• Total: R$ 956.811,50

Veja, abaixo, um trecho do contrato de Dal Pozzo com o Náutico em que a multa de rescisão é citada no vínculo.

A saída do técnico Gilmar Dal Pozzo do Náutico, em agosto de 2020 ficou longe de ter um consenso entre as duas partes. De um lado, o clube emitiu nota oficial à época e afirmou que nunca demitiu o treinador, apenas colocou ele para treinar o sub-23.

Dal Pozzo, por sua vez, alega que foi demitido do Náutico. No entanto, segundo o técnico e sua defesa, o clube teria voltado atrás na decisão porque soube da existência de uma multa de R$ 500 mil -que inclusive o treinador cobra nesta ação.

Vale lembrar que, à época, o Alvirrubro confirmou as saídas do preparador físico Walter Grassman e o auxiliar técnico Luciano Borges, mais conhecido como Lucianinho, que integravam a comissão de Gilmar.

No processo, inclusive, a defesa do treinador usa reportagens da época e conversas de funcionários do Alvirrubro com o comandante para provar que ele foi demitido, diferentemente do que alegou o Náutico em sua nota oficial – presente no site até hoje.

Na ação, a defesa de Dal Pozzo critica a decisão do Náutico em colocar o treinador para comandar o sub-23.

“Diante disso, a reclamada, em uma manobra DESESPERADA e FRAUDULENTA, na tentativa de se desonerar do pagamento da referida cláusula contratual, bem como das demais verbas rescisórias as quais tem direito o reclamante, tentou “voltar atrás na sua decisão” e notificou o reclamante de que ele passaria ao comando técnico da equipe sub-23 que sequer existia na reclamada”, diz trecho da defesa de Dal Pozzo.

Na época em que deixou o clube, Dal Pozzo emitiu uma nota oficial afirmando que foi demitido do Náutico, algo que também a defesa alega no processo.

Além disso, a defesa do treinador cita um vídeo em que o então executivo de futebol, Ítalo Rodrigues, comunica ao elenco do Alvirrubro as saídas de Dal Pozzo, Lucianinho e Walter Grassman.

Em agosto de 2020, quando já havia deixado o Náutico, Dal Pozzo conseguiu na Justiça do Trabalho de Florianópolis a sua rescisão sem justa causa, ou seja, que ele teria sido demitido.

No entanto, em setembro do mesmo ano, o citado tribunal reconheceu um pedido do Náutico e cassou a liminar do treinador. Sendo assim, o processo foi enviado para Recife, onde se encontra na 13ª Vara do Trabalho do Recife, ainda sem uma definição.

Gilmar Dal Pozzo no Náutico

A última passagem de Dal Pozzo no clube alvirrubro durou de maio de 2019 até agosto de 2020. Nesse período, conquistou o acesso à Série B, inclusive com o título da Série C de 2019.

Especificamente nessa passagem, o comandante esteve à frente da equipe em 42 jogos, com 21 vitórias, 13 empates e oito derrotas.

Vale lembrar que o treinador também passou pelo Alvirrubro em 2015 e 2016. No total, somando as duas passagens, foram 70 partidas, com 36 vitórias, 20 empates e 14 derrotas, num aproveitamento de 60,9%.