Na última segunda-feira, em coletiva nos Aflitos, o presidente do Náutico, Diógenes Braga, informou que toda a direção de futebol havia entregado os cargos. Um dos membros foi o vice-presidente do departamento, José Barbosa, que tinha assumido a função no início de setembro. Pouco mais de um mês, depois, no entanto, ele deixou a pasta. E revelou o porquê: a falta de autonomia para tomar decisões.
Em entrevista ao NE45, José Barbosa falou sobre a sua saída do Náutico. Ele revelou que queria tomar algumas medidas após a vexatória goleada sofrida por 6 a 0 contra o Novorizontino, na última sexta-feira, que praticamente selou a queda do Timbu para a Série C. No entanto, segundo o agora ex-dirigente, ele não teve autonomia para realizar essas mudanças.
“Não estava dentro da minha previsão a gente sofrer um abalo como o que sofremos na sexta-feira, que foi o 6 a 0. Por conta disso, eu tinha que tomar uma posição. E como eu não pude tomar essa posição… Não quero falar porque já entreguei o cargo. Entreguei exatamente porque teria que tomar uma posição. O Náutico tem camisa, peso e torcida”, iniciou José.
“Não poderia ficar omisso vendo o time como se comportou dentro de campo, vendo o adversário jogar, e eu ficar simplesmente omisso. Como essa punição eu não pude fazer como queria, resolvi entregar o cargo. Tenho uma história dentro do Náutico, uma história de muitos anos. Não posso sujar minha trajetória por omissão”, explicou o experiente dirigente.
Questionado sobre quais seriam essas medidas, o ex-VP de futebol prefere não revelar – nem detalhes das punições e nem o que lhe impediu. Perguntado, negou qualquer tipo de atrito com o presidente Diógenes Braga, dirigente com quem José Barbosa disse ter um bom relacionamento.
“Talvez viesse a contrariar outras pessoas. Não quero citar nomes. Nenhuma punição foi atribuída a ninguém com relação a situação do jogo de 6 a 0. Todos continuam do mesmo jeito, vão jogar domingo, tudo bem… Isso não faz parte da minha forma de administrar, de tomar decisões. Não pode continuar do jeito que está. O time do Náutico vinha tomando dois, três, quatro, seis gols… Alguma coisa está errada. O elenco é como se estivesse na sua plenitude, não tem problema nenhum, tudo muito bom e etc… E o Náutico está aí nessa situação”, disse.
“Como o futebol estava sob o meu comando, não tinha outra alternativa a não ser entregar o cargo ao presidente Diógenes, deixando-o à vontade para tomar as decisões e nomear outra diretoria”, completou José Barbosa.

Passagem do dirigente no Náutico foi interrompida pouco mais de um mês
José Barbosa foi anunciado como vice-presidente de futebol do clube no dia 5 de setembro. Ou seja, a passagem durou pouco mais de um mês. Há três semanas, em contato com o NE45, o dirigente falava como quem queria ficar para 2023. Ele, inclusive, disse que não tinha a intenção de renunciar, mas o cenário mudou após a goleada da última sexta-feira.
“Queria deixar bem claro que, no pouco tempo em que passei no Náutico, não contribuí com uma virgula para o Náutico chegar nessa situação. Quando cheguei o pacote já estava pronto. Comissão técnica, jogadores, janela fechada… Tudo já estava pronto. Estava observando, vendo novos jogadores para o novo planejamento”, destacou José Barbosa.
“Essa situação de sexta-feira me deixou constrangido, não desequilibrado. Não seria uma medida enérgica, seria uma medida coerente com um clube que não pode passar por esse tipo de constrangimento. Quando assumi o Náutico, disse que não iria poder fazer muita coisa, porque tudo já estava definido. Tive que absolver o que já existia e passei a analisar. Ver os jogos, treinos, me reunir com o presidente”, completou.
José Barbosa finaliza citando alguns erros do planejamento do Náutico ao longo da temporada, mas novamente prefere não citar nomes.
“Um time que tem o histórico do Náutico atualmente, com troca de cinco treinadores, que perde de dois, de três, de quatro, de seis e nada muda… Tudo o que está acontecendo é porque está errado. Nenhum clube do Brasil se adapta a essa situação de cada jogo uma desculpa. Tivemos quase dez jogos sem ganhar. Isso está errado. Não sou eu que vou apontar quem foi que errou. Se aconteceu tudo isso é porque alguma coisa está errada”, finalizou.
Além de José Barbosa, deixaram a direção de futebol mais três nomes: Roberto Selva, Eduardo Belo e Gilberto Correia.

O Náutico na Série B
Com 30 pontos, o Alvirrubro está na lanterna e praticamente rebaixado. A equipe volta a campo no domingo (23), contra o Grêmio, de 16h, mas pode cair matematicamente na sexta-feira, antes mesmo de entrar em campo.
O Náutico estará rebaixado se a Chapecoense, que está na 16ª colocação com 39 pontos, vencer ou empatar com o Tombense, em compromisso que acontece na Arena Condá.

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