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Família, idolatria por Kuki e o sonho de título e acesso com o Náutico: a história do prata da casa Kayon

Foto: Tiago Caldas/CNC

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Maior revelação do Náutico em 2023 se lesionou de forma grave e só volta aos gramados no ano que vem

Tudo aconteceu muito rápido com Kayon em 2023. Desde a ida que durou alguns dias para a Copa São Paulo de Futebol Júnior, em virtude do chamado do então técnico do Náutico, Dado Cavalcanti, após a lesão de Richarles, até assumir o papel de titular da equipe. Se consolidando no ataque e ostentando bons números mesmo em sua primeira temporada – três gols e cinco assistências em 27 jogos.

Os bons números também renderam uma rápida renovação de contrato: ampliação do vínculo até o fim de 2025. Aos 18 anos, Kayon já havia garantido a valorização que todo atleta prata da casa busca em sua primeira temporada da carreira. E, dentro de campo, seguia com status de titular do Náutico. Até que veio o dia 2 de maio de 2023.

Kayon, como de praxe, foi titular do Náutico na estreia da Série C. O que ele – e ninguém esperava – era de que a participação dele na competição duraria tão pouco. Aos oito minutos do primeiro tempo da partida contra o Manaus, o prata da casa saiu de campo carregado pela maca e chorando muito.

Ali, ele já temia o pior. E que se confirmou dois dias depois: o atacante sofreu uma ruptura do ligamento cruzado anterior do joelho direito. Uma contusão que necessita de um procedimento cirúrgico e um prazo de recuperação de sete meses, ou seja, que o deixaria fora da temporada.

Kayon sofreu lesão de grau 1 na coxa
Foto: Tiago Caldas/CNC

O baque, naturalmente, foi sentido pelo atleta, que conta que está tendo muito apoio de todos: família, amigos e atletas. Inclusive, detalhou que o lateral-direito e capitão do Náutico, Victor Ferraz, teve uma conversa importantíssima com ele.

Aos 18 anos e prestes a completar 19, Kayon reconhece que é difícil não estar ajudando o Náutico, mas carrega consigo sonhos para o futuro. E um desejo de, assim como Kuki, seu maior ídolo no futebol, ficar marcado na história como um atleta que conquistou títulos e acessos com a camisa alvirrubra.

Além dos sonhos profissionais com o Náutico, Kayon, natural de São Domingos, cidade pequena de Sergipe, tem o desejo de trazer sua família para perto. O garoto de 18 anos reconhece que sente falta dos seus pais: Edinalva dos Santos e Milson Francisco. Ambos vêm ao Recife de forma esporádica, já que têm trabalhos na terra natal e precisam da renda para o custo de vida.

Kayon não estipula quando, mas quer ter sua família no Recife o mais rápido possível. O prata da casa alvirrubro vem matando a saudade de sua mãe durante os dias que antecedem o procedimento cirúrgico no joelho. E também terá ela ao seu lado no pós-cirurgia, algo celebrado pelo atleta.

Em entrevista exclusiva ao NE45, Kayon conversou sobre a sua vida na sala de imprensa do CT do Náutico. Garoto religioso, carrega consigo a fé para conquistar seus sonhos, mas sabe que é preciso trabalhar e fazer por onde. No bate papo com a reportagem, o prata da casa falou da infância, a chegada ao Timbu, a idolatria por Kuki e muito mais.

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Foto: Tiago Caldas/CNC

Entrevista exclusiva com Kayon, atacante do Náutico

NE45 – Qual foi teu sentimento com a noticia de que ficaria fora da temporada e como está sendo a recuperação?

Foi algo que não esperava. A gente nunca está preparado para um momento como esse. Infelizmente aconteceu, agora basta trabalhar e focar na recuperação. Quando senti a pancada já passava pela minha cabeça que poderia ser algo grave. Tentei voltar para o jogo, mas senti a dor da pancada no joelho. É trabalhar para voltar bem. A única lesão foi no jogo contra o ABC, fiquei duas semanas. E agora essa, que vai me tirar por um bom tempo.

Está todo mundo me abraçando: clube, família, amigos e atletas. Inclusive, o (Victor) Ferraz me chamou para uma conversa individual bastante produtiva. Ele me disse que se isso fosse quatro ou cinco meses atrás seria totalmente diferente. Eu estaria na base e poderia ser pior. Agora a torcida me conhece, fiz alguns gols e tive o reconhecimento da renovação de contrato.

E ele até citou isso da renovação, que agora dá para trazer a família para perto, e há quatro ou cinco meses eu não conseguiria isso. O profissional é bem melhor. Não tem como se conformar com a situação, mas tem como amenizar um pouco.

NE45 – Teus pais e toda a tua família moram em Sergipe. Como é a relação de vocês com essa distância? E há um desejo em trazer eles para Recife?

Minha família é de Sergipe, inclusive minha mãe está aqui no Recife para me acompanhar no período da cirurgia. Eles moram lá em Sergipe. Desde quando vim para a base do Náutico que eu moro sozinho aqui. Eles só vêm me visitar uma vez ou outra, passam quatro ou cinco dias e depois retornam. Eles têm trabalho lá e não têm condições de sustentar eles aqui. Ela veio por conta do período da cirurgia e vai passar um tempo aqui pelo pós cirurgia.

Sem dúvidas é um desejo. É algo que já venho buscando há algum tempo para ter eles por perto. É algo que dá uma motivação a mais estar com seus pais, estar com quem você ama. É algo que venho planejando para o futuro, com eles próximos. Espero que isso possa acontecer o quanto antes. Ela está aqui há alguns dias e está sendo outra coisa.

Mesmo longe, tento ajudar eles da melhor maneira possível. Meu pai veio me visitar há uns dois meses, acho que no jogo do Náutico contra o Sport, nos Aflitos. É bem complicado eu ir, porque se for contar para ir de ônibus dá umas nove horas. E se for de avião, para pegar no dia, é só ‘facada’, né? Só se pegar uns três dias de folga, mas dificilmente acontece porque tem muito jogo.

NE45 – Como era o Kayon na infância buscando ser jogador de futebol?

Na minha cidade, em São Domingos, não tinha escolinha, aí a gente tinha que se deslocar sempre para Lagarto. E aí eu ia com a ajuda dos pais dos meninos. Eram de seis a sete meninos que iam sempre, mas aí chamava mais uns três ou quatro e formava pelo menos uns 10. Algumas vezes a gente ia de van. A gente ia pelo menos duas vezes para a cidade vizinha treinar na escolinha e no fim de semana jogava.

Na semana meu pai trabalhava como pedreiro, aí não tinha como ir, só ficava de folga no sábado e domingo, e aí algumas vezes ele me levava. Fiz alguns testes por lá, inclusive no Confiança, mas não passei. Continuei treinando na escolinha Geração Futuro e recebi a oportunidade no Náutico. E graças a Deus consegui passar.

NE45 – Como aconteceu tua chegada ao Náutico?

Sempre morei no CT, mas antes morava na base. Esse ano, quando subi para o profissional, estava no hotel do profissional junto com os meninos que subiram. Nós morávamos no hotel. Agora estou ficando com a minha mãe enquanto vou fazer a cirurgia e o pós-cirurgia, aí depois vou voltar para o CT novamente.

Desde criança que eu já tinha esse sonho, inclusive meu pai foi profissional, mas jogou somente lá em Sergipe. E eu sempre acompanhei ele, até mesmo nos campeonatos amadores. Minha vinda para cá foi através do projeto Geração Futuro. Tinha um empresário com conhecimento com o treinador, que era até o Otávio no sub-15. O Otávio queria um atacante e ele (empresário) me indicou. O professor Otávio gostou de mim e já fiquei por aqui. E graças a Deus até hoje estou no Náutico. 

NE45 – Como você viu a ida para o profissional e também qual a importância de Dado Cavalcanti na tua firmação na equipe?

Pegou de surpresa. Eu estava preparado para a Copinha, estava treinando, mas pronto para um salto, né? Agarrei a oportunidade dada pelo professor Dado e pude contribuir, né? Sem dúvida ele foi muito importante para mim. Ele foi bem jogo aberto comigo. Logo quando eu voltei da Copinha, ele me chamou para conversar e perguntou para mim e mostrou onde eu poderia ajudar. E também fez várias perguntas. Sou muito grato a ele por essa oportunidade e por ter contribuído com gols e assistências. Foi uma coisa praticamente surreal.

Eu esperava que pudesse ser chamado para cá, mas esperava que nem fosse viajar para Copinha. Sou uma pessoa muito religiosa e conversava com Deus todas as noites. Falava com Deus para que fosse feito a vontade ele. Isso me deixou mais tranquilo quando recebi a notícia, porque todas as noites eu orava. E a vontade Dele é perfeita, aconteceu o que aconteceu.

Um dos fatores mais importantes para mim foi a confiança. Eu sou muito elétrico. Vivo o momento junto com a torcida, fico cantando junto com eles. Isso foi um diferencial junto com a autoconfiança. Sou uma pessoa que leva o futebol como uma das melhores coisas da vida, como se fosse a minha felicidade. É a minha felicidade e a minha alegria. Mas com a responsabilidade de saber o que eu tenho que ser, o que fazer e o que tem que ser feito.

NE45 – Por que Kuki é teu maior ídolo não só no Náutico, mas também no futebol?

O Kuki me ajudou muito até hoje e ainda me ajuda. Vem sempre falando, explicando e até mostrando os caminhos dos gols. É um paizão para mim e para todos os atletas que sobem da base do Náutico. Ele abraça com carinho enorme e ajuda muito, principalmente no aspecto da finalização, de estar sempre pisando na área, se aproximando de como fazer jogadas. E ele dá o passo a passo: ‘faz isso, faz desse jeito’. E foi algo que me ajudou muito. Se for olhar todos os gols que fiz têm um ponto do que ele falou para mim.

O Kuki é o ídolo para sempre do Náutico, né? Gosto muito de ver vídeos antigos do Kuki, de como ele fazia gol, os dribles. Ele não foi ídolo por acaso. É bom você pegar um exemplo como esse. Ele está sempre incentivando no dia a dia e é isso que se torna mais importante e faz com que ele seja meu ídolo e que busco seguir os mesmo passos no clube.

NE45 – Qual o gol mais importante com a camisa do Náutico?

O gol mais importante, sem dúvidas, é contra o Vila Nova. Copa do Brasil. Jogo de mata-mata, pelo prêmio envolvido. Mas o CRB também teve algo surreal, foi o primeiro gol. Estava caindo um toró danado. Dá para dividir em dois momentos: o mais importante foi o Vila Nova e o mais especial foi contra o CRB.

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Foto: Tiago Caldas/CNC

NE45 – Qual teu maior sonho com a camisa do Náutico?

Primeiro é conseguir o acesso e ganhar títulos no Náutico. Essa torcida maravilhosa merece. Merece títulos e o principal objetivo, que é o acesso. A gente vai passo a passo. Primeiro é buscar o acesso à Série B e aí no próximo ano, eu voltando, contribuir de alguma forma para que a gente possa buscar o acesso à Série A, que é onde o Náutico merece estar. É um sonho dos torcedores e também de quem está aqui no dia a dia, buscar a elite do futebol brasileiro, que é de onde o Náutico não deveria ter saído. Mas é ir buscando passo a passo.

NE45 – Qual o sentimento em saber que é inspiração para outras crianças que sonham em jogar futebol profissional?

Esse ano fui para minha cidade uma vez, bem rapidinho e a reação foi muito gratificante. Inclusive, foi até num jogo que estava rolando na cidade. Aí quando cheguei lá um monte de criança pedindo para tirar foto, com carinho. Encontrei o meu treinador lá na cidade também.

Foi algo que a gente chega até nem acreditar, sabe? Saber que tem gente que se espelha em você, que quer trilhar os mesmos caminhos… Você tem que estar ciente de que não pode ser uma má influência. Tem que sempre fazer as coisas que são certas. A criança olha para você e vê você fazendo tal coisa, eles vão se inspirar. Isso é algo para você analisar suas ações, o que você faz para ser um reflexo positivo para essas pessoas e crianças.

NE45 – Tem o sonho de, futuramente, jogar na Europa?

Creio que é o sonho de toda criança, né? Ser jogador profissional e também jogar fora. Mas creio que tem que seguir alguns caminhos, continuar trabalhando. Tenho fé em Deus que algum dia irei jogar fora. É acreditar e confiar. Tem de fazer por onde. Mas não tenho nenhum time fixo, sabe? Mas o sonho de jogar na Europa.

NE45 – Como Kayon pretende voltar ao Náutico em 2023?

É fazer todo o processo e se recuperar da melhor maneira possível para poder voltar melhor ainda do que eu estava. Focar na recuperação e ver o que Deus preparou para mim futuramente. Espero que possamos subir este ano e, com fé em Deus, no ano que vem a gente possa fazer história numa Série B.

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Foto: Tiago Caldas/CNC
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