Timbu detalha como pretende quitar o passivo em ordem de R$ 132 milhões
O Náutico apresentou, nesta sexta-feira (2), o plano de pagamento a credores no processo de recuperação judicial. No detalhamento, o clube revela que o passivo é em torno de R$ 132 milhões, onde R$ 112 milhões são referentes a débitos trabalhistas do Timbu – as maiores dívidas, naturalmente, com ex-jogadores e ex-técnicos. Ainda na proposta, o Alvirrubro diz que será negociada, de forma paralela com as Fazendas Nacional e Municipal, o débito fiscal que giram em torno de R$ 95 milhões.
Agora divulgado e detalhado, o plano de pagamento será apresentado aos credores do Náutico. O prazo para a aprovação é de 180 dias – podendo ser prorrogado por mais 180. Vale lembrar que a contagem inicia desde o deferimento da recuperação judicial, ou seja, do dia 21 de março em diante.
No plano de pagamento aos credores, o Náutico teve como prioridade a quitação dos salários dos credores trabalhistas. A proposta do clube ainda concentra esforços em descontos em juros, multas e outras verbas indenizatórias pedidas pelos credores do clube. O Timbu argumenta que essas taxas fazem com que os débitos aumentem de forma elevada, ainda mais com a taxa atual de 13,75% da SELIC ao ano.
A atual lista de credores do Náutico é dividida em três categorias, e o plano também é dividido de acordo com a ordem dos débitos: trabalhistas, quirografários e microempresas de pequeno porte. A primeira categoria, naturalmente, carrega os maiores débitos.
“Nos níveis atuais de receita, é impossível encontrar um caminho sustentável de pagamento da dívida já existente sem uma renegociação significativa”, destaca Rodrigo Beltrão, que é sócio do Cahu Beltrão Advogados, escritório que cuida da condução do processo de recuperação judicial do Náutico.
![NÁUTICO RECUPERAÇÃO JUDICIAL (1)](https://ne45.com.br/wp-content/uploads/2023/06/NAUTICO-RECUPERACAO-JUDICIAL-1.jpg)
O plano de pagamento do Náutico dividido por classes
Classe trabalhista
A primeira classe, que é a de maior passivo, carrega consigo 572 credores. A lista inicial, é importante lembrar, vai passar por alterações e, desta forma, alguns nomes podem sair dos listados na recuperação judicial do clube.
Nesta classe trabalhista, o Timbu apresenta uma proposta para quitar os débitos, em até 12 meses, de 100% das verbas salariais com limites de 150 salários mínimos. Essas verbas, contudo, têm algumas especificidades e contemplam pontos. Confira abaixo:
- Salários atrasados
- Saldos de salário
- 13º salário
- Férias
- Adicionais de insalubridade e noturno
- Avisos prévios e auxílio alimentação
- 10% de verbas referentes a direito de imagem ou de arena
- Horas extras
- Danos morais e premiações
Desta forma, portanto, o clube exclui a aplicação de multas, luvas, correção monetária e outras indenizações.
Vale destacar que esse limite imposto de até 150 salários-mínimos por credores pelo Alvirrubro é de acordo com o que o clube pode pagar neste momento. Assim, isso certamente será um debate, já que o débito de Jean Rolt, por exemplo, é acima de R$ 4 milhões.
No entanto, é importante relembrar que a aprovação do plano não requer unanimidade, ou seja, se o Náutico tiver 50% +1 terá a sua proposta aprovada.
Quirografários e Microempresas e empresas de pequeno porte
Nas classes quirografários e Microempresas e empresas de pequeno porte, o Timbu apresenta uma proposta que prevê um deságio de 90% sobre o valor do débito, com um carência de 18 meses para que o clube comece a pagar. Além disso, o plano contempla uma repactuação da forma de atualização monetário e o pagamento em 120 parcelas.
As receitas do Náutico exclusivas para o pagamento de credores na recuperação judicial
Neste processo de plano de pagamento aos credores, o Náutico carrega consigo algumas garantias de pagamento. Uma delas, por exemplo, é a verba mensal que o clube recebe pela locação de parte do CT para o Grupo Mateus, em um montante que gira em torno de R$ 130 mil por mês, em um contrato de 20 anos renováveis por mais 20. Todo esse valor é de maneira exclusiva para o pagamento de débitos na recuperação judicial.
Além disso, o clube também conta com a verba indenizatória em torno de R$ 14 milhões que tende a receber de um processo contra a Arena de Pernambuco. O Alvirrubro ainda não tem esse valor em mãos, mas vai usar de forma integral para o pagamento de credores na recuperação judicial.
“Todas essas medidas serão avaliadas com muito cuidado e serão submetidas aos órgãos deliberativos do Clube com absoluto respeito ao Estatuto Social”, explica o presidente do Náutico, Diógenes Braga.
Recuperação judicial e a SAF
Por fim, o plano de pagamento na recuperação judicial, como esperado, também prevê a possibilidade de uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Essa etapa, contudo, ainda é tratada com cautela.
“O clube tem recebido o interesse de muitos potenciais investidores e está aberto a negociações futuras que garantam o compromisso com os nossos credores e o fortalecimento do futebol do Náutico”, explica o VP do clube, Luiz Felipe.
Débitos do Náutico na classe trabalhista acima de R$ 1 milhão
- Auremir: 3.510.826,64 – O jogador, cria da base do clube, defendeu o Náutico de 2010 até 2013.
- Diego Alberto Morales: 1.764.752,29 – defendeu o Alvirrubro em 2013
- Eduardo: 2.093.738,17 – o goleiro defendeu o Timbu de 2007 até 2009
- Elicarlos: 1.149.160,83 – o volante teve três passagens pelo Nautico: 2006-2008, 2011-2014 e 2016.
- Evando: 1.547.439,32 – o atacante defendeu o Náutico em 2010
- Felipe: 1.420.981,26 – o atacante jogou no Timbu de 2006 até 2009
- Geraldo: 1.220.000,00 – o meia defendeu o Timbu em 2007
- Jean Rolt: 4.798.630,82 – o zagueiro defendeu o Náutico em 2012 e 2013
- Angelo Penã: 1.650.597,53 – o meia defendeu o Náutico em 2013
- Lúcio: 1.209.655,70 – o lateral-esquerdo defendeu o Náutico em 2012 e 2013
- Martinez: 3.777.602,83 – o volante defendeu o Náutico em 2012 e 2013
- Maranhão: 2.503.041,40 – o lateral-direito defendeu o Náutico em 2013
- Marcelinho: 1.242.310,02 – o atacante defendeu o Náutico em 2014
- Marco Antônio: 2.039.742,90 – o meia defendeu o Alvirrubro em 2016 e 2017
- Paulo Soares Lima: 1.051.927,36 – é ex-supervisor de futebol, iniciou no cargo em 2008
- Rafael Pereira: 1.063.140,22 – defendeu o Náutico em 2016
- Vágner: 2.114.962,76 – defendeu o Náutico de 2007 até 2009
- Ricardo Berna: 2.161.752,11 – defendeu o Alvirrubro em 2013
- Rogerinho: 1.184.464,32 – defendeu o Náutico em 2012
- Ronny: 2.849.206,31 – o atacante atuou pelo Náutico em 2015
- Tiago Cardoso: 1.298.991,65 – o goleiro defendeu o Náutico em 2017
- Vina: 1.462.529,79 – atuou pelo Timbu de 2014 até 2016
- Walter: 2.032.953,19 – jogou no Náutico em 2010 e 2011
Débitos do Náutico na classe quirografária acima de 1 milhão
- Magrão: 1.254.038,82 – o volante defendeu o Náutico em 2013
- Corinthians: 2.823.611,80 – o clube paulista cobra esse valor por uma negociação envolvendo o retorno de Acosta ao Náutico em 2009. Vale lembrar que há juros, multas e outras taxas cobradas.
- Cambuci S/A: 1.822.998,43 – empresa de material esportivo
- Gol Sports LTDA – Me e Elicarlos Souza S: 1.537.023,83
- José Everaldo Silva e Eraldo Henrique: 1.676.542,37
- Roberto Dantas Vasconcelos Junior: 1.465.461,54
- Terramaq Comercio e Equipamentos LTD: 1.091.422,69
As dívidas do Náutico com os técnicos presente na lista da recuperação judicial
- Didi Duarte (2006) – R$ 10.733,70
- Hélio dos Anjos (2006-2007 e 2020-2021-2022) – R$ 23.453,94 + R$ 58.834,00
- Márcio Bittencourt (2009) – R$ 869.606,54
- Waldemar Lemos (2009, 2011 e 2017) – R$ 9.387,70
- Guilherme Macuglia (2010)- R$ 148.981,71
- Alexandre Gallo (2010, 2012-2013 e 2016) – R$ 880.093,94
- Marcelo Martelotte (2013) – R$ 225.392,00
- Vagner Mancini (2013) – R$ 882.252,26
- Sérgio China (2014) – R$ 339.303,06
- Dado Cavalcanti (2014, 2017 e 2022-2023) – R$ 317.589,81
- Lisca (2014 e 2015) – R$ 631.827,89
- Sidney Moraes (2014) – R$ 416.080,89
- Moacir Júnior (2015) – R$ 681.335,12
- Gilmar Dal Pozzo (2015-2016 e 2019-2020) – R$ 520.000,00
- Gilson Kleina (2020) – R$ 115.000,00
- Felipe Conceição (2022) – R$ 43.733,33
- Elano (2022) – R$ 2.264,30 + 31.413,34
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