Sul-Americano de vôlei: após perder o bronze nas Olimpíadas, Brasil venceu todas as partidas contra a Argentina; veja retrospecto

Brasil foi soberano em boa parte dos confrontos e isso durou até as Olimpíadas de Tóquio, quando perdeu o bronze para a Argentina

Pelo terceiro ano consecutivo, o Brasil vai disputar a “final” do Sul-Americano de vôlei contra a Argentina. Apesar do formato do campeonato ser pontos corridos, o duelo entre as duas maiores Seleções do continente será a decisão de quem ficará com o título. Mesmo os brasileiros conseguindo ter um retrospecto numérico melhor, o torcedor está apreensivo com o confronto, principalmente depois das Olimpíadas de Tóquio.

Depois dos Jogos, o Brasil conseguiu vencer todas as partidas em competições oficiais contra a Argentina. O motivo da desconfiança do torcedor no trabalho realizado com a Seleção Masculina passa pela ausência de títulos importantes nos últimos anos. O fato dos brasileiros subirem no pódio com certa facilidade em várias competições fez com que a torcida ficasse desacostumada quando isso não aconteceu.

A queda de rendimento pode ser justificada por inúmeros motivos, como a falta de descanso, lesões e o uso dos titulares em todos os campeonatos disputados. E isso desencadeia um ciclo de renovação mais devagar, e que pode prejudicar a Seleção ao longo dos anos pela ausência de peças importantes de reposição. A exemplo disso foi o retorno de Wallace no Mundial em 2022. O titular, Alan, sofreu uma ruptura no tendão de Aquiles e para substituí-lo, a comissão técnica chamou o atleta, que já tinha anunciado a aposentadoria. Caso Felipe Roque ou Darlan, os substitutos, tivessem experiência e encaixe suficiente com o time, isso não teria acontecido.

A comissão técnica mantém nomes antigos e que consideram importantes para a transição, como no caso de Bruninho e Lucão. O levantador nem sempre corresponde como poderia, e isso tem a ver com as sequências de lesões que ele sofre, mas não são divulgadas oficialmente. Já o central é o alvo das principais críticas, sobretudo porque outros estão pedindo passagem na posição, como Judson.

Do lado de lá, a Argentina só tem crescido mais e mais com Marcelo Mendez, técnico campeão. A maioria dos atletas argentinos é jovem e sem tanta experiência, se comparado ao Brasil. Porém, eles demonstram mais concentração para reagir quando pressionados na partida. Esse trabalho mental foi crucial para que conquistassem a medalha de bronze em Tóquio.

Olimpíadas de Tóquio

Mesmo com outras Seleções com mais favoritismo para vencer o ouro em Tóquio, o olhar de respeito e certo receio com o Brasil existia. Meses antes do início dos jogos, os brasileiros conquistaram a Liga das Nações, campeonato que serviu de preparação para os Jogos. Vencer a Polônia na final foi o gás que eles precisavam para ir a competição e conquistar novamente o topo.

Mas a fase de grupos nas Olimpíadas não foi fácil. A Argentina estava no grupo do Brasil e no primeiro duelo entre elas, os brasileiros venceram por 3 x 2 sets (19×25, 21×25, 25×16, 25×21, 16×14). O segundo encontro entre as Seleções aconteceu na disputa pela medalha de bronze.

O placar foi o mesmo, 3 x 2 sets, mas desta vez com vitória da Argentina. Os hermanos conquistaram a segunda medalha de bronze, a primeira foi em 1988 também em cima do Brasil com o mesmo placar. O time base é o mesmo que vão disputar a final do Sul-Americano de vôlei. Facundo Conte foi o maior pontuador, com 21. Wallace foi o representante do Brasil, com 17 pontos.

Na partida, o Brasil se mostrou apático e sem forças para reagir com paciência contra a Argentina. Quem acompanha os jogos sabe que, contra os hermanos, é necessário trabalhar ainda mais a bola, principalmente nas defesas, para conquistar o ponto. Fora a concentração na partida para evitar erros bobos, o que não aconteceu em Tóquio.

Sul-Americano 2021

Menos de um mês depois, o Brasil foi novamente enfrentar a Argentina. Mas desta vez, no Sul-Americano de vôlei. A partida final, como de costume, foi a decisiva para o título que foi levantado pelos brasileiros. O resultado do jogo foi 3 x 1 (25×17, 24×26, 25×18, 2518) para a Seleção Masculina. Inclusive, a formação do Brasil estava bem diferente e mais reservas entraram em quadra, como o ponteiro Vaccari.

A vitória considerada fácil irritou o torcedor, que relembrou a medalha de bronze perdida nas Olimpíadas e compararam a falta de concentração da equipe. De fato, o jogo mental em partidas tumultuadas como costumam ser entre Brasil e Argentina é testado e quem errar menos, vence a partida. E isso foi o que aconteceu durante a conquista do Sul-Americano de vôlei.

Mundial 2022

Em 2022, o único encontro foi nas quartas de final do Campeonato Mundial. Com todos os titulares em quadra, mais uma vez, o resultado terminou em 3 x 1 sets (16–25,25–23,22–25,21–25). Os maiores destaques do time de Marcelo Mendez foram Bruno Lima, Facundo Conte e Loser, que saíram com 13, 11 e 12 pontos.

Pelo lado brasileiro, Leal e Wallace dominaram a partida com 25 e 13 pontos, respectivamente. Apesar do resultado positivo, a partida foi difícil e a Seleção sofreu para conseguir fechar os sets. Como de costume, o segundo tempo da partida costuma ser dominado pelos hermanos e os brasileiros voltam a controlar.

Liga das Nações 2023

O primeiro encontro entre Brasil e Argentina em 2023 aconteceu na Liga das Nações. A partida terminou em 3 x 2 sets (25-19, 19-25, 25-23, 23-25, 13-15) para os brasileiros. Como visto, a partida foi muito difícil e quase perdida pelos comandados de Renan Dal Zotto.

Os hermanos agrediram e sufocaram com uma boa sequência de contra-ataques logo no primeiro set enquanto a Seleção Brasileira parecia perdida no que deveria fazer. Os ânimos ficaram mais exaltados, e os brasileiros conseguiram fechar a segunda etapa.

Os argentinos voltaram a ganhar o terceiro set com uma equipe brasileira sofrendo apagões e sem Alan, que precisou sair de quadra com um desconforto na panturrilha. Abouba entrou como substituto e se mostrou eficiente. Precisando vencer o quarto set para forçar o desempate, os brasileiros foram ainda mais agressivos nos ataques e se mostraram atentos aos erros na defesa. E assim, o set foi fechado e a partida encerrada.

E no Sul-Americano de vôlei em 2023?

A final do Sul-Americano entre Brasil e Argentina acontece nesta quarta-feira (30), às 20h30, no Geraldão. Mais uma vez o título será definido entre as duas seleções. Ambas concordam que o torneio está servindo como preparação para o mais importante: o Pré-Olímpico que acontece em 30 de setembro até 8 de outubro. Mas como no futebol, a partida é vista como um clássico e deve ser bastante quente e disputada, principalmente pelo resultado na última Liga das Nações.

Neste jogo, mesmo com o retrospecto positivo para os brasileiros, não há favorito. As duas vêm com os elencos principais e os atletas estão aptos, sem lesões, para jogar a partida. Nessa terça (29), a Argentina tomou um susto ao perder um set para o Peru. A falta de lucidez na equipe fez com que jogasse atrás do placar e não conseguisse se recuperar. Enquanto isso, o Brasil não perdeu sets na competição.

Mais uma vez, a partida será decidida nos mínimos detalhes. Quem conseguir ter mais paciência e estratégia para fazer boas jogadas, se livrando dos bloqueios, agredindo mais no saque, e se posicionando melhor em quadra para defender os ataques, vai levantar o troféu no final.

Jogos do Sul-Americano de vôlei

• 30/08 – Peru x Chile – às 18h // Brasil x Argentina às 20h30

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