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Wagner Lima, candidato à presidência do Santa Cruz Wagner Lima, candidato à presidência do Santa Cruz

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Candidato da oposição, Wagner Lima contesta formação de “consenso” no Santa Cruz e afirma que bate-chapa não causa instabilidade política

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Criador da campanha Pix Coral, o agora pleiteante ao cargo de presidente assumiu vaga de Zé Neves na disputa pelo comando do Executivo

Um torcedor que veio da arquibancada, mas entrou para a política do Santa Cruz por discordar de algumas questões. É assim que o candidato Wagner Lima se coloca ao entrar na disputa do seu primeiro pleito à presidência da Cobra Coral. 

Após ganhar notoriedade com a criação da campanha do Pix Coral, que visava arrecadar fundos para o pagamento de salários em atraso de funcionários do clube, ele aponta que desde o início do ano tinha em mente o projeto para a candidatura à presidência. Contudo, a vontade só tomou forma ao ser chamado pelo ex-presidente Zé Neves, inicialmente para ser vice e logo depois assumir a cabeça de chapa do lado oposicionista do embate eleitoral no Arruda. 

Em entrevista ao NE45, Wagner Lima respondeu questionamentos sobre a instabilidade política nos últimos anos, a constituição da SAF, a recuperação do Arruda e a formação do time para a curta temporada 2024 que se aproxima, tendo início marcado para o dia 7 de janeiro, exatos 55 dias após a eleição. 

Confira a entrevista com Wagner Lima, candidato à presidência do Santa Cruz

Os últimos anos foram marcados pela intensa divisão interna nos bastidores do clube. Como fazer para acalmar os ânimos e pacificar o Santa Cruz para que ele volte a crescer e se recupere no cenário nacional?

Eu vou te responder da seguinte maneira: vamos imaginar que eu perca a eleição. Se eu perder a eleição, eu vou estar na arquibancada torcendo e não vou fazer absolutamente nada para atrapalhar a gestão de quem ganhar. Eu acho que tem que ser assim. A pacificação vem assim. Esse é o momento do pleito eleitoral, ele serve como um momento democrático para oferecer ao torcedor a oportunidade de escolha. E ali, a gente pode se dividir, mas de forma harmoniosa e de opinião sem problema nenhum. Assim, no momento certo, o torcedor decide. Se eu perder a eleição é vontade da torcida. 

Eu acho que isso é um entendimento muito equivocado de atribuir a um bate-chapa o ambiente de instabilidade política. Eu não consigo enxergar dessa forma. Agora, a gente tem exemplos do passado recente que demonstram claramente que quando a oposição assumiu o clube, ela não teve tranquilidade para trabalhar. O clube tem um grupo que historicamente trabalha desse jeito. Ou seja, se é contra a gestão que assume, pelo simples fato de não estar entre as pessoas que estão no comando, surgem esses ânimos acalorados que vimos dentro do clube nos últimos três anos.  

A SAF vem sendo apontada como a grande solução dos problemas financeiros e até mesmo estruturais do Santa Cruz. Inclusive, a atual gestão apontou que já havia um investidor 90% acertado com o clube. Como você vê esse cenário e o que acontecerá no tocante a isso caso você vença as eleições?

A minha intenção é devolver ao sócio o poder de participar do processo de escolha da SAF, que hoje está centralizado na mão do presidente. Então, a primeira medida é chamar uma Assembleia para desfazer esse movimento de centralizar uma decisão tão importante na mão de uma pessoa só. É assim que se faz em qualquer clube do Brasil e do mundo. Então, no Santa Cruz, não tem que ser diferente.

Em segundo lugar, não há nada de informações em relação às propostas concretas. Até onde eu sei não há. São apenas especulações, que nada têm de concreto, pelo menos não chegou nada ao meu conhecimento. E essa é uma das coisas que eu acho que a gente precisa tratar com maior naturalidade, assim como tem outros clubes, que já são SAF, ou que estão com processo bem avançado, as pessoas tratam isso tornando público alguns pontos relacionados acerca dessas de propostas, para que os torcedores possam participar disso de uma forma mais natural. Logicamente, que informações mais sigilosas sobre números mais específicos, às vezes o próprio grupo de investidor pede um determinado tempo de sigilo natural. Porém, isso não quer dizer que precisa ficar tudo escuras sem que a gente saiba de nenhuma informação a respeito. 

Eu acho que o Santa Cruz precisa virar SAF urgentemente, mas nesse mesmo entendimento, é que a gente percebe que o clube precisa ter cautela também para não fazer qualquer tipo de negociação e depois olhar para trás e ver que fez um mau negócio. 

O processo eleitoral foi bastante conturbado, com direito a diversas idas e vindas em busca de um consenso, definições de candidatos e comissão eleitoral apenas na última semana. Como você enxerga esse processo?

É um período de aprendizado muito grande para mim. Tenho enxergado que muitas vezes a gente não pode acreditar 100% em tudo que é falado. A gente teve um movimento de quebra de braço, que evoluiu por mais de um ano entre um grupo que se intitula como oposição e o outro como situação e no apagar nada e luzes, faltando três horas e meia para o encerramento das inscrições, depois de tanta polêmica, depois de tantas liminares, criaram uma chapa de “consenso” e dividiram os cargos.

Wagner Lima, candidato à presidência do Santa Cruz
Wagner integrou Conselho Deliberativo eleito para o triênio 2021-2023, mas renunciou por divergências – Foto: Acervo Pessoal

Isso só faz potencializar esse entendimento que eu tenho do quão complexo é o cenário político quando a gente fala de Santa Cruz e o quanto está enraizada essa questão de você precisar estar no poder de alguma forma. A gente sempre percebe, em toda a trajetória histórica e política recente do clube, que quando há a palavra consenso, sempre existe a figura da mesma pessoa presente. Então só há consenso se for do jeito dessa pessoa? Se não for, não é consenso. 

Apesar da antecipação das eleições, o prazo que o Santa Cruz terá para preparar o time para 2024 será muito curto. No dia 7 de janeiro já estreia na temporada e terá 90 dias de futebol para tentar voltar às competições nacionais. Como fazer o planejamento para um tempo tão curto e com um cronograma tão apertado? Você já tem ideia de modelo de futebol, quem seria o responsável por coordená-lo e até mesmo nomes para o futuro treinador?

A gente tem uma abertura muito grande em alguns clubes grandes do Brasil, de Série A e são vários clubes. Uma coisa muito boa é que todo mundo gosta da marca Santa Cruz. É uma marca que todo mundo tem um carinho muito grande e isso facilita muito esse network.

A nossa ideia inicial é ter esses primeiros contatos. Inclusive, muita coisa a gente já tem evoluída. Estamos atrás de atletas que, por exemplo, estão em clubes de Série A, mas que não estão jogando ou nem sendo relacionados para as partidas. Muitos são jogadores que estão escanteados por algum motivo e não estão sendo aproveitados pela comissão técnica dessas equipes. São jogadores que têm salários altos e que precisam estar com a vitrine para facilitar uma possível negociação. 

Então, queremos colocar o Santa Cruz como uma vitrine incrível a nível nacional. É um clube que vai disputar uma pré-Copa do Nordeste, que é uma competição da CBF e o  Estadual neste primeiro semestre. Por isso, acaba sendo um ciclo de ganha-ganha, onde fica interessante para todas as partes. O atleta passa a ter uma vitrine e ganha a condição de ter ritmo de jogo. Assim, o clube de origem aumenta a possibilidade de negociar esse atleta e o Santa Cruz não arca com os custos de despesas salariais desse atleta. 

Quanto à formação do futebol, eu acredito muito no modelo de governança corporativa e, principalmente, onde a gente consegue colocar especialistas em cada setor em relação ao futebol. A gente tem alguns nomes que está comentando em relação a quem iria assumir essa comissão técnica. A partir daí, essa pessoa começaria a fazer as indicações, dentro do perfil de treinador que possa adequar a filosofia que a gente pretende implantar no clube. 

Pretendemos criar essa cultura quanto a uma filosofia de jogo, olhando para trás e resgatando os momentos de vitória do Santa Cruz. Queremos inserir essa proposta de jogo no clube e criar essa identidade para que todo mundo que trabalhe das categorias de base até o profissional entenda essa proposta. 

E como colocar isso em prática com um orçamento tão deficitário, uma vez que o clube teve dificuldades até mesmo para pagar os funcionários e contas básicas como energia elétrica neste período sem jogos?

A gente não consegue olhar a receita completa e saber o quanto o clube arrecadou. Só aquela que é divulgada publicamente. A gente não consegue saber o que realmente entrou no clube. Principalmente, quando a gente entende que o clube tá num período de Recuperação Judicial (RJ) onde 100% da receita vai para o funcionamento do clube. Fazemos as contas e elas não fecham. Não deveríamos estar com salários atrasados. É de se estranhar. O que eu posso falar é que a gente vai criar um novo modelo dentro da gestão, assim a gente consegue criar situações de aumentar a percepção de arrecadação. 

Por exemplo, o plano de sócios. Hoje, ele não tem a adesão que deveria ter e nas últimas décadas não teve adesão, pois a maior queixa de torcedores e que eles me disseram inúmeras vezes é “Eu não estou em dia, porque deixei de pagar com raiva, pois não sabia onde estava indo meu dinheiro” e também por não ter nenhum tipo de benefício.

As queixas são sempre as mesmas. O torcedor está cansado desse mesmo tipo de comportamento de gestão. A partir do momento que ele vê que existe a transparência, a partir do momento em que ele vê que ele sabe pra onde é que está indo cada centavo do dinheiro dele, a gente vai ter um movimento convergente natural. Eu costumo dizer o seguinte: “O Santa Cruz tem um problema que todo presidente gostaria de ter, que é um estádio gigante de futebol e uma torcida imensa”. Então, a gente precisa saber explorar isso, mas agora tem que ter credibilidade. Uma pessoa que não tem credibilidade nenhuma, que a torcida já não confia, ela pode criar o plano de sócios que for, que não vai ter adesão.  Transparência é uma coisa que não é mérito. Não é mérito nenhum. É obrigação, mas soa como mérito tamanha a carência da torcida. 

Então, a gente tem uma proposta de planejamento de plano de sócio e de captação de patrocínios através do nosso vice-presidente, Dirceu Cordeiro, que ele é um especialista em gestão de negócios, tem uma rede de contatos incrível, com muitos empresários de renome a nível Brasil e a gente conseguindo criar esse plano de patrocínio vai fazer com que a nossa arrecadação seja muito maior do que foi, inclusive no ano passado, mesmo com menos competição para jogar em 2024.

O Santa Cruz vive um processo de Recuperação Judicial que vem sendo tratado de maneira obscura. Após o fim do primeiro prazo, o clube nem ao menos conseguiu entregar a lista de credores antes de solicitar uma renovação. O que fazer para fazer com que a RJ seja efetiva e a instituição não corra risco de perder seu CNPJ?

Primeiro, em relação ao clube não conseguir pagar, não serve como parâmetro para mim, pois receita teve. Então, o clube tem potencial e conseguiria pagar assim, pois a receita existiu e de acordo com o que tinha, era tranquilo para pagar os compromissos que o clube teve o ano passado. Eu vejo isso de forma muito tranquila. Existem estratégias também, como por exemplo, a antecipação da cota da Volt, além de outras ferramentas que a gente pode estar alavancando o clube juntamente com a iniciativa privada. 

Nesses três primeiros meses, a gente tem que fazer essa corrida paralela e tentar executar a Constituição da SAF o quanto antes. Para se ter uma ideia, o clube não conseguiu nem entregar a lista dos credores. Então, o problema está quem está na frente do clube. A gente não tem acesso a nada então sem ter acesso aos fatos, aos números, as listas. Sem ser assim, a gente não consegue mensurar muita coisa. Só vamos ter condição de ser mais assertivo em alguma afirmação a partir do momento que a gente tiver acesso ao que é o que tange esses assuntos. Não tem como a gente cravar uma resposta concreta. A gente precisa, primeiro, ter acesso para depois elaborar uma estratégia de como resolver o problema. 

Um ponto bastante sensível na última temporada foram as sinalizações do alto estado de degradação do Arruda. Como fazer para dar uma melhor estrutura para o torcedor lotar as arquibancadas?

A gente precisa olhar isso com muito cuidado. Está sendo criada a nossa comissão patrimonial e a gente vai ter dentro do meu projeto algumas campanhas que a gente vai precisar olhar com muita rapidez, com muita velocidade, para resolução dos problemas. Uma dessas campanhas precisa ser de imediato para o estado do nosso gramado. Em paralelo a isso, precisamos dar as condições mínimas para que o estádio receba a autorização para ter a torcida. Precisa agilizar isso o mais rápido possível. 

Existe um projeto para de repente, a depender do momento de campanha, trazer o movimento do Pix Coral para pequenas obras e resolvendo isso parte a parte e com prazos pré-definidos para execução. Dessa forma, a gente consegue ir caminhando junto com a torcida. Foi dessa forma que eu criei o Pix Coral, com a maior transparência possível, a gente vai ao vivo mostrando para o torcedor o dinheiro que tá entrando na conta e mostrando essa arrecadação e, ao final da arrecadação, estancar e começar a executar as reformas. 

A gente precisa cumprir logo de imediato não deixar para última hora para que a gente já possa ir agilizando isso e deixando o Arruda preparado para receber o torcedor seja com a capacidade máxima seja com a capacidade reduzida, mas a gente precisa já olhar para isso imediato.

Estádio do Arruda, do Santa Cruz, receberá jogo de futebol americano do Recife Mariners
Durante período de inatividade do Santa Cruz, Arruda sediou a Série A2 e partidas da LBFA – Foto: Divulgação/Recife Mariners

Quais as principais metas que você coloca para a sua gestão no Santa Cruz caso seja eleito. Em que patamar pretende chegar com o clube ao final de 2026?

A gente tem sempre planejamento, sonhos e metas, mas o cenário ideal era a gente fazer uma gestão de transição, constituir a SAF no Santa Cruz e ir acompanhando esse novo momento do clube. Se vier a se tornar SAF de fato, essa precisa ser uma das prioridades. 

Em relação ao futebol, seria colocar o clube com acesso novamente a Série D do ano que vem para poder disputar o Brasileiro em 2025 e depois subir para a C e depois para a B. É o cenário que seria ideal dentro do que a gente pode planejar hoje, com as informações concretas que estamos sabendo. Se o clube se tornar SAF, grande percentual de responsabilidade em relação ao futebol vai ser dela. 

A gente precisa ter essa eleição logo dia 12 e deixar o torcedor escolher o que ele entende que é melhor para o clube, respeitar essa decisão e pensar sempre no que é melhor para o Santa Cruz.

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