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SAF, pacificação, futebol, Arruda e mais: os planos de Bruno Rodrigues, novo presidente do Santa Cruz

Santa Cruz, PE, Últimas

Por Yago Mendes

Por Yago Mendes

Postado dia 12 de novembro de 2023

Em entrevista ao NE45, o novo mandatário aclamado do Santa Cruz projetou o retorno à disputa da Série D já em 2024 e a utilização da experiência como parlamentar para agregar ao Tricolor

Sempre nos bastidores, mas nunca nos holofotes. Essa pode ser uma boa definição para atuação de Bruno Rodrigues durante os últimos anos no Santa Cruz. Colaborador das últimas gestões, de forma isenta de cargos, o ex-deputado e atual presidente do CEASA, foi alçado a nome de consenso para “pacificar” o clube e iniciar uma caminhada rumo à Reconstrução Coral, nome que batizou sua chapa, inscrita para o pleito que aconteceria neste dia 12 de novembro.

Assim, com a impugnação do candidato de oposição, Wagner Lima, oficializada pela comissão eleitoral na madrugada do último sábado, Bruno será eleito por aclamação neste domingo (12) por encabeçar a única chapa apta para o pleito, uma vez que Albertino dos Anjos desistiu da candidatura para apoiá-lo.

Aos 52 anos e se autodenominando um torcedor tradicional, o em breve presidente empossado do Tricolor do Arruda conversou com a reportagem do NE45 para falar um pouco sobre seus planos para o triênio 2024-2026.


Com metas ousadas como disputar a Série D ainda esse ano e aprovar a SAF, o novo chefe do Executivo Coral ainda afirmou que o clube possui nomes para gerir o futebol e comandar o time, que estreia já no dia 7 de janeiro, diante do Altos, pela pré-Copa do Nordeste, já engatilhados.

Bruno Rodrigues_Presidente_Santa Cruz
Bruno foi lançado como o nome “pacificador” para os bastidores acaladorados do Tricolor – Foto: Artur Cavalcanti/Ascom Ceasa-PE

Confira a entrevista com o novo presidente do Santa Cruz

1) Os últimos anos foram marcados pela intensa divisão interna nos bastidores do clube. Como fazer para acalmar os ânimos e pacificar o Santa Cruz para que ele volte a crescer e se recupere no cenário nacional?

Nunca participei da diretoria do clube e por isso tenho essa tranquilidade. Muitos poderão dar testemunho que sempre trabalhei para o clube, mas sem querer vitrine, sem querer aparecer, mas sempre ajudando dentro da minha responsabilidades. Então, esse é o histórico que eu sempre tive no clube.

Ser presidente é um sonho antigo. Eu acho que todo grande tricolor, que frequenta, que vive o clube, sempre tem esse desejo no coração. Eu fui procurado por diversos lideranças do clube e como todos que acompanham o Santa Cruz sabem, ele tem vários grupos internos. Isso é uma coisa normal dentro de um clube secular, mas ao longo dos anos, essa relação foi se degenerando e passou a afetar o clube.

Fui procurado por essas lideranças justamente no sentido de que o meu nome poderia unir o Santa Cruz, ou seja, era o nome que passaria por todas as correntes, pois como eu disse, realmente nunca disputei eleição de Santa Cruz, nem de presidência, nem como em outro cargo de diretor. Eu também nunca fiz parte de grupo algum, então eu me considero independente, mas tenho realmente uma relação muito boa com todos os grupos, que estão atualmente dentro do clube, com todas as lideranças. Enfim, eu acho que o meu nome passou por conta disso e a partir daí eu comecei a conversar com todos.

2) A SAF vem sendo apontada como a grande solução dos problemas financeiros e até mesmo estruturais do Santa Cruz. Inclusive, a atual gestão apontou que já havia um investidor 90% acertado com o clube. Como você vê esse cenário e o que acontecerá no tocante a isso caso você vença as eleições?

Não tenho dúvida alguma que o Santa Cruz, passa pelo pior momento sua história centenária, mas ao mesmo tempo, com essa possibilidade da SAF, eu acho que também chega uma grande oportunidade para o Santa Cruz, dar uma virada de chave, de sair do buraco que se encontra, pagar seus débitos, ou seja, fazer um um clube com gestão. Um clube moderno e que precisa modernizar também suas instalações.

Mas virar a chave passa pelo futebol, que é o coração do clube. Ou seja, a gente voltar aos tempos gloriosos de outras décadas. Então, eu acho que essa SAF é, nesse momento, o único instrumento para que o clube pague suas dívidas astronômicas. Assim, vários tricolores estão buscando parcerias. E o que é salutar? O que é correto? Tem vários modelos, você tem vários grupos aí que não são do Brasil, como no mundo todo, e poderão ser parceiros do Santa Cruz.

A gente vai montar primeiro uma estrutura profissional em termos jurídicos e técnicos para avaliar todos as propostas. Além disso, será uma coisa totalmente transparente, pois vai ser quem apresentar a melhor proposta. E logicamente isso tem vários modelos, a gente vai analisar com muita calma e eu não vou discutir sozinho até porque a única solução para o Santa Cruz no momento é trabalhar em conjuntos.

Vamos decidir com toda nossa diretoria e temos convicção que vamos conseguir fazer uma grande SAF. O nosso problema, nesse momento, será justamente essa transição, que eu costumo chamar de deserto. Temos vários desafios e vamos precisar um pouco mais da paciência e da unidade de todos para irmos buscar recursos, que podem ajudar o Santa Cruz, inclusive nas áreas públicas e também no ambiente privado.

3) O processo eleitoral foi bastante conturbado, com direito a diversas idas e vindas em busca de um consenso, definições de candidatos e comissão eleitoral apenas na última semana. Como você enxerga esse processo?

O ambiente no clube foi muito conturbado ao longo dos anos. Nas duas últimas décadas, o Santa Cruz teve um resultado muito diferente do que todos imaginavam por conta dessas diferenças. Então, quando colocaram as outras duas candidaturas, muita gente do nosso lado defendia que não devia haver conversa porque diziam que a gent venceria no bate-chapa nas urnas. Para mim, o momento era justamente de convencimento para tirar essas candidaturas e trazer esses grupos para dentro do nosso Santa Cruz.

Eu coloquei desde o primeiro momento que as lideranças que tivessem interesse em participar da chapa teriam o direito a assentos na chapa. A prova disso é que eu, pessoalmente, não indiquei nenhuma pessoa para os cargos de diretoria. Vamos montar o conjunto de diretores e vice-presidentes para trabalhar no dia a dia, mas eu fiz questão de não indicar diretamente uma pessoa minha ou mais de uma pessoa, justamente para dar espaço aos outros e mostrar que a gente está em um momento de convergência.

Fui atrás de Albertino por conta desse gesto. O momento é muito grave e o Santa Cruz não aguentaria mais um bate-chapa. Por isso, ele está nos apoiando. Fui conversar com a chapa de Zé Neves, que é um grande amigo, inclusive, fui vereador com ele há muitos anos. Ele se retirou candidatura e deixou o Wagner (Lima), que é um tricolor com muitos serviços prestados ao clube juntamente com o João Marcelo (Neves), que eu vi garoto.

O fato é que depois de eleitos, se joga tudo para trás, ou seja, devemos olhar para trás somente para entender onde nós erramos e nós não repetirmos os erros. O resto é olhar pra frente. Temos muito o que fazer e não adianta focar em discordâncias ou ficar apontando o dedo para quem errou ou quem acertou.

4) Apesar da antecipação das eleições, o prazo que o Santa Cruz terá para preparar o time para 2024 será muito curto. No dia 7 de janeiro já estreia na temporada e terá 90 dias de futebol para tentar voltar às competições nacionais. Como fazer o planejamento para um tempo tão curto e com um cronograma tão apertado? Você já tem ideia de modelo de futebol, quem seria o responsável por coordená-lo e até mesmo nomes para o futuro treinador?

A resposta é sim. Já começamos a conversar com o mercado e apesar da dificuldade que nós temos hoje, primeiro da questão financeira, das nossas limitações que são muito sérias, já fomos para o mercado e já começamos a avançar bastante. Estamos praticamente acertados com um executivo de futebol, que acho que vai dar uma sacudida grande na nossa torcida. É uma pessoa que tem muita competência, muito capacitado e de muito caráter. E também é um técnico. A gente também já está bem avançado com um técnico, que ao meu ver é um comandante vitorioso, que também é correto, tem caráter e é trabalhador.

A partir daí, a gente vai correr para montar o time. É verdade que o tempo é muito curto, mas como nós temos uma relação muito boa pelo Brasil a fora, a gente espera montar esse time rapidamente para no dia 7 de janeiro, contra o Altos, no Piauí, a gente já dê a largada do ano com uma grande vitória.

5) E como colocar isso em prática com um orçamento tão deficitário, uma vez que o clube teve dificuldades até mesmo para pagar os funcionários e contas básicas como energia elétrica neste período sem jogos?

Nós temos um atraso considerável na folha dos servidores do clube, algo entre 90 e 120 dias daqueles que fazem o dia a dia. A primeira coisa que nós vamos fazer é rapidamente relacionar esse passivo e colocar todo mundo em dia. Vamos atrás do patrocinadores, dos parceiros, dos empresários, daqueles que realmente podem ajudar Santa Cruz.

Eu tenho vários caminhos. Acho que uma coisa que também talvez me credenciou nesse processo é que ao longo da minha vida, eu também tive cinco mandatos como parlamentar. Atuei muito tempo em Brasília. Então, eu tenho uma relação muito próxima também dos poderes, seja aqui no estado ou até mesmo em Brasília.

Bruno Rodrigues terá de se dividir entre o comando do Ceasa e do Santa Cruz
Novo presidente do Santa Cruz também é o chefe executivo do CEASA-PE – Foto: Divulgação

Eu acho que a gente precisa buscar a ajuda do poder público, uma colaboração daqueles que podem ajudar o futebol, porque o futebol é uma joia para o Brasil. Não é só para Santa Cruz. Eu sempre entendi que qualquer um dos nossos três times que estivesse em uma situação de inferioridade, como Santa Cruz se encontra hoje, é muito ruim para os demais.

Sobre os passivos, já tive com várias conversas, inclusive já fui sinalizado por alguns empresários e grandes tricolores, que vão colaborar nesse momento tão difícil, que vai ser a transição do modelo de gestão. A gente espera, nos próximos dias, trazer uma boa notícia com o Santa Cruz.

6) O Santa Cruz vive um processo de recuperação judicial que vem sendo tratado de maneira obscura. Após o fim do primeiro prazo, o clube nem ao menos conseguiu entregar a lista de credores antes de solicitar uma renovação. O que fazer para fazer como que a RJ seja efetiva e a instituição não corra risco de perder seu CNPJ?

Como ainda não sentei na cadeira de presidente, então eu não tenho, efetivamente, acesso das informações e dos números. O que eu posso dizer é que essa questão da RJ, no primeiro dia que nossa diretoria assumir já vamos pensar sobre ela. Acho que tem solução. É um momento de muita gravidade, mas nós temos gente competente que já se debruçando nisso e eu não tenho dúvida que nós teremos sucesso.

7) Um ponto bastante sensível na última temporada foram as sinalizações do alto estado de degradação do Arruda. Como fazer para dar uma melhor estrutura para o torcedor lotar as arquibancadas?

Eu acho que no Santa Cruz tudo é para ontem. A situação é muito grave em vários âmbitos, seja da questão de estrutura do nosso estádio, do CT e até próprio futebol. Os desafios são enormes, mas a gente tem muita gente competente, com muita capacidade e compromissada. Isso é importante. O estádio do Santa Cruz é um símbolo e um símbolo a gente não pode esquecer, especialmente das histórias vividas no Arruda com o Santa Cruz.

Então a gente vai fazer um trabalho de recuperação, encabeçado pelo nosso presidente da Comissão Patrimonial, que atualmente está à frente do CREA-PE. Uma pessoa muito competente e qualificada e que vai nos ajudar muito nisso também. A gente vai na mesma linha que é buscar aqueles que podem eh patrocinadores, que possam inclusive antecipar alguma receita para fazer serviço emergenciais.

8) Quais as principais metas que você coloca para a sua gestão no Santa Cruz caso seja eleito. Em que patamar pretende chegar com o clube ao final de 2026?

O primeiro ano, sem dúvida, vai ser o mais difícil da história do clube. Acredito que ainda temos uma possibilidade real de participar da Série D e para isso que eu acho que é uma possibilidade real e, por isso, vamos montar um time forte e já buscar subir no primeiro ano. A Série D não é lugar para o Santa Cruz, com todo respeito e aos demais clubes. Enfim, queremos subir já em 2024.

Acho que 2024 vai ser o ano da nossa virada, mesmo muito difícil. Em 2025 e 2026, eu espero que a gente já tenha iniciado a fase com a nova SAF. A partir daí é outro momento. Teremos reais possibilidades de montar grandes times, com grandes jogadores e grandes nomes chegando. O Santa Cruz realmente mudar de patamar e, com esse momento chegando, eu não tenho dúvida que a gente vai trabalhar e correr com isso para permitir a gente chegar onde é o nosso local, o nosso lugar, o lugar de Santa Cruz, que é a Série A.

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