Executivo será o principal responsável pela montagem do elenco do Ceará para a próxima temporada

Após o fracasso na Série B do Brasileirão de 2023, o Ceará reformulou o departamento de futebol e apresentou o seu novo executivo: Lucas Drubscky. O contratado do Vozão será o responsável pela montagem do elenco para a temporada de 2024, que terá como principal objetivo o acesso à Primeira Divisão.

De volta a um clube do Nordeste, Drubscky é um velho conhecido de outros torcedores da região. O executivo soma passagem por Recife, no Sport, onde trabalhou de 2019 a 2021. Em seu primeiro ano no Rubro-negro pernambucano, dirigente conquistou o título estadual e o acesso à elite do futebol nacional.

Na sequência da carreira, em 2021, passou pelo Bahia. Por lá, venceu a Copa do Nordeste e foi eleito como melhor Executivo de Futebol do Nordeste, pela Conferência de Futebol do Nordeste (CONFUT).

Em entrevista ao NE45, Lucas Drubscky comentou sobre a volta ao Nordeste, detalhou a chegada ao Ceará e revelou detalhes sobre a montagem do elenco do Vozão para a temporada de 2024.

NE45 – Foram apenas cinco meses de trabalho no Guarani até o convite do Ceará. O que te impulsionou a deixar Campinas e retornar ao Nordeste?

Lucas Drubscky – Trabalhar novamente em um clube do Nordeste foi uma das razões. Eu passei quatro anos da minha carreira morando na região. Foi um período muito bom, vitorioso e de conquistas. Tenho um carinho muito grande pela região e pelas pessoas. Um povo caloroso e receptivo.

O segundo ponto, claro, foi o peso da camisa e o tamanho do Ceará. A torcida, que já joguei muita vezes contra, é maravilhosa. Além disso, o projeto esportivo que foi me apresentado e a vontade de ter o Lucas Drubscky à frente deste projeto contou muito. O Ceará demonstrou que me queria bastante e isso fez diferença. Foi uma conjuntura desses fatores que me fez aceitar o convite.

NE45 – Você esteve por quatro anos no futebol nordestino. Passou por Recife, no Sport, Salvador, com o Bahia. Agora, o Ceará. Clubes de massa da mesma região. O que você enxerga de semelhanças e diferenças nesses desafios?

Lucas Drubscky – O Nordeste tem uma identidade regional que não existe em outro lugar no Brasil. Apesar disso, cada estado tem a sua peculiaridade. A Bahia, por exemplo, é totalmente diferente de Pernambuco. As diferenças culturais acabam refletindo nos clubes.

Trabalhei no Bahia, Sport e agora Ceará. São clubes gigantes, de massa e com torcidas apaixonadas. Porém, cada um tem o seu DNA, suas histórias, suas conquistas e seus objetivos específicos nas competições que vão disputar.

Por outro lado, todos têm algo em comum, que os diferenciam de outros clubes do Brasil: a maneira que o torcedor nordestino atende ao futebol. A maneira como se vivencia a Copa do Nordeste, por exemplo, é única. Move demais as torcidas a consumirem e valorizarem a competição da própria região. Isso não tem em outro lugar do Brasil.

NE45 – Você chegou no Ceará em meio a toda uma renovação no departamento de futebol. Quais foram as suas primeiras impressões?

Lucas Drubscky – As primeiras impressões, do ponto de vista de estrutura, foram muito boas. Pelo tamanho e estrutura que tem, Ceará não cabe mais na Série B. Uma estrutura muito suficiente. Há aspectos a melhorar, sim, especialmente na questão do gramado, mas o Ceará possui tudo que há de melhor em relação as ferramentas auxiliares ao futebol.

Em termos de estrutura e condições, não falta absolutamente nada para que a gente entregue os resultados e cumpra os objetivos do clube. De uma maneira geral, fiquei muito satisfeito com o que encontrei.

NE45 – Na coletiva de apresentação, muito se falou sobre a importância do departamento de mercado. O que, de fato, foi proposto de mudança para a montagem do elenco pensando em 2024?

Lucas Drubscky – Não tenho como falar o que mudou em relação a temporada passada, já que estou chegando para 2024. No entanto, posso garantir que a montagem de elenco e análise de atleta está sendo feita de uma maneira muito dedicada por todos que fazem parte do processo.

Estamos trazendo novos profissionais específicos para cada área. Inclusive, criamos um novo cargo, com um profissional que está agregando na análise de atletas. Isso tudo são ferramentas para melhorar a tomada de decisão.

É importante frisar: contratações são sempre uma aposta, mas estamos trabalhando para diminuir os riscos dessa aposta dar errado. Por isso, tentamos nos blindar de ferramentas e de métodos para aumentar o acerto nas contratações.

Na minha carreira, tem sido uma das melhores experiências de montagem de elenco. Espero que isso possa ser traduzido em uma boa montagem de elenco. E que esse elenco traga títulos, conquistas e objetivos concluídos na próxima temporada.

NE45 – O trabalho no futebol é colegiado, passa por muitas mãos. Mas o que você enxerga de determinante no seu trabalho que pode ajudar o Ceará a viver um 2024 diferente?

Lucas Drubscky – Vou dividir essa resposta em três: gestão, compromisso e verdade. Além disso, Deus tem que abençoar o nosso trabalho e capacitar todos nós que estamos à frente do clube. Acho que esses são os pilares fundamentais para a gente fazer um ano de sucesso no Ceará.

NE45 – O seu trabalho é, principalmente, de grande parceria com o técnico Vagner Mancini. A avaliação do grupo atual, quem sai, quem chega… Como tem sido essa relação e a rotina com o treinador?

Lucas Drubscky – Ainda não estive pessoalmente com o Vagner. Fui contratado após as férias e nossas trocas têm sido apenas por chamadas de vídeo. Converso com ele todos os dias. Para mim, o treinador é peça fundamental na estrutura, é o mantenedor e o executor do projeto de futebol de um clube. Então, ele precisa participar de todo processo decisório, envolvendo a parte técnica do clube.

Procuro em todos os clubes que trabalho ter uma parceria muito bem feita com os treinadores, porque o executivo é um facilitador para todos dos clubes. Vagner está muito bem inserido no processo de montagem de elenco e no momento de preparação da pré-temporada. As conversas têm sido constantes.

Eu valido muito a opinião dele. Claro que a gente não vai colocar a chave do clube na mão de ninguém. É um processo construído, e que a opinião do treinador tem muita relevância.

NE45 – Foi aprovado na última terça-feira o orçamento do Ceará para 2024. Vai ser o terceiro maior da história do clube: R$ 149 milhões. Cerca de R$ 60 milhões a mais em relação à atual temporada de 2023. O Ceará, por mais um ano, vai estar entre os clubes de maior poderio financeiro dentro da Série B. Como fazer isso valer em campo?

Lucas Drubscky – Da mesma maneira que só o dinheiro não garante o sucesso, com a falta dele é muito difícil que o tenha. Já pude provar os dois lados da moeda. De certa forma, isso nos dá um pouquinho mais de capacidade para entrarmos mais fortes na briga dos nossos objetivos, mas reúne uma pressão a mais. Temos que fazer acontecer.

Acho que isso é bom. Possibilita estrutura, reforço de elenco e de ganho em outros aspectos no decorrer do ano, que podem trazer benefícios a mais, como: um voô fretado, um lugar melhor para concentração. Todos os aspectos que podem trazer um benefício melhor para a gente, é bem-vindo.

Porém, apenas isso não é certeza que não vamos ter resultados. Temos que saber transformar essa boa situação financeira em ótimas maneiras de se gastar dinheiro, e depois transformar isso em resultados positivos dentro do campo.

Confira abaixo a entrevista em vídeo: