Presidente do Alvirrubro defendeu atuação de diretores e explicou que mudanças estão acontecendo
A pressão na diretoria do Náutico é grande nas últimas semanas. A campanha ruim do Timbu na Série C deixa a torcida muito descontente e as críticas são voltadas, também, à diretoria de futebol. Mas o presidente Bruno Becker, em entrevista à Rádio Jornal, chamou para si a responsabilidade desse mau momento e defendeu a direção do clube.
O presidente se explicou por não ter aparecido na semana passada, onde houve protestos da torcida em jogos e também fora dele, por membros de uma uniformizada ligada ao clube. Segundo ele, era momento “mais de fazer do que falar”, por conta de saídas no elenco do Náutico e mudanças na diretoria de futebol.
Segundo o mandatário, a campanha do Náutico tem sido, sim, ruim, e isso tem gerado incômodo. Por isso, também respondeu questionamentos sobre o trabalho da diretoria e a função de cada um, principalmente sobre Betão (diretor técnico), Léo Franco (executivo de futebol) e Thiago Dias (diretor de futebol).
Confira, abaixo, a entrevista do presidente do Náutico
Cobranças nas últimas semanas
Fui muito cobrado semana passada para dar a cara e trazer uma explicação, entendo a reclamação da torcida, e entendi que a semana passada era mais de fazer do que falar. Organizei algumas situações internas e vim externalizar no dia de hoje (terça-feira, 25).
Tomamos algumas decisões de saídas de atletas, reuniões com lideranças, diálogo, conversa com comissão técnica. Foi uma semana de ajuste de rota e com algumas dessas medidas consolidadas, venho dar satisfações à torcida alvirrubra.
Avaliação do momento do Náutico na Série C
Se eu olho para a tabela e vejo o aproveitamento do Náutico em 33%, não posso dizer que está tudo bem. Algo precisa ser corrigido e melhorado. Essa é uma análise inicial. Se a gente volta um pouco no tempo, no nosso primeiro quadrimestre, foi a discussão de desempenho e meta atingida. Atingimos quase todas, mas não tivemos atingido apenas o título do Pernambucano.
Mas o desempenho estava aquém do esperado. Trazendo esse recorte para a Série C, o Náutico deveria estar brigando na ponta da tabela. Esse objetivo foi traçado desde o início da gestão e precisa ser corrigido com atitudes, mudando peças, eventualmente mudando diretoria.
Foi nesse sentido que nós agimos e continuaremos agindo sempre que se mostrar necessário, para que não percamos de vista aquele objetivo maior. Então se passa muito por isso. O sentimento de todo torcedor é o mesmo que o meu e de quem trabalha no Náutico, que está aquém do que o Náutico merece e vamos buscar sair dessa situação como a gente vem fazendo, com muito empenho, trabalho e diálogo.
Como é o funcionamento do departamento de futebol e a função de cada componente
Nós tivemos a chegada de Eduardo Granja, que já vinha fazendo um trabalho fantástico no clube na pasta de fomentos. Ele tem um know-how de gestão muito grande, conhece de futebol, já esteve no clube em outras passagens e em outras pastas. Ele conhece muito do clube e isso é muito importante. Ele chega e essa foi nossa última modificação na pasta de futebol, onde estava só o Thiago Dias.
A diretoria de futebol do Náutico, hoje, tem Eduardo Granja e Thiago Dias, estatutários, e na parte dos remunerados nós temos Betão e Léo Franco. Rodolpho Moreira está numa função gerencial. Falando um pouco da função de cada um, a de Rodolpho é de fazer acontecer aquele planejamento, de fazer a máquina girar na parte operacional, de fato.
Léo Franco, executivo de futebol, está diretamente ligado à questão de contratação, demissão, diálogo com atleta, contato direto com jurídico do clube, que em caso de contratação fala com o jurídico do atleta. Tudo isso quem faz é o Léo Franco, como executivo de futebol.
O Betão chega ao Náutico numa função nova no Náutico, mas que não é nova nos clubes de futebol. O São Paulo tem essa figura. Posso citar o caso do Sport aqui, que tem uma estrutura muito similar. Não é algo novo, o Náutico não está inventando a roda. A gente trouxe o que existe.
Nessa função, do diretor técnico, ele cuida do planejamento do departamento de futebol a médio e longo prazo, que cuida do departamento de base, inclusive. Ele faz todo o departamento de futebol e base dialogarem, como na transição de atletas. Temos mapeados e esse diagnóstico sendo finalizado, do treinador do Sub-13 ser auxiliar no Sub-15, o treinador do Sub-15 ser auxiliar do Sub-17.
Isso faz parte de um planejamento macro, de médio a longo prazo. Essa é a função maior de Betão, planejar e preparar o futebol do clube a médio e longo prazo. Mas é claro que existe o componente do imediato, pois tem algumas ações assim necessárias.
Participação de Betão na montagem do elenco
O modelo de contratação do clube passa por uma discussão coletiva daqueles que participam do departamento de futebol. Diretoria de futebol, seja remunerados ou não. Quatro pessoas dialogam sobre aquilo ali e a palavra final é do presidente do clube, que autoriza ou veta. Nessa participação, Betão é ouvido, assim como Eduardo Granja, Thiago Dias e Léo Franco. Cada um contribui dentro da sua expertise.
O Betão tem uma visão técnica. Então se o clube vai contratar um zagueiro, por exemplo, como ele foi, independente de posição, ele via analisar aquele nome dentro da carência do clube. A discussão é coletiva, a decisão é do presidente baseada nos dados dessa discussão coletiva. Então todos tem uma importância.
O diretor estatutário tem uma importância imensa, sendo como os olhos do presidente, que não tem tempo para estar presente em todas as decisões. Ele faz também esse papel. Então não há sobreposição de funções. O que há é que, a depender da situação, todos participam, como numa contratação. Cada um opinando dentro daquele contexto macro.
Agora, definir uma contratação, sobre se um jogador atende ao perfil, entra em cena o Léo Franco, que vai tratar de concretizar a contratação daquele nome que passou pelo crivo coletivo. Rodolpho é na parte operacional, no dia a dia do CT.
Já voltando para a parte estratégica, criamos setores novos dentro do departamento de futebol. Criamos o setor de saúde e performance. Isso faz parte do planejamento macro. Para criar um setor desse, vimos quais as diretrizes, funções desse departamento e o que queríamos atingir a médio e longo prazo, na base e no futebol profissional.
Na base temos uma estrutura praticamente espelhada com a do profissional, com um executivo de futebol, dois diretores e o Betão, que está coordenando tudo isso.
Críticas sobre Thiago Dias, diretor de futebol do Náutico
Thiago Dias está no departamento de futebol porque tem a minha confiança. Contratações, desde o começo do ano, seguem essa lógica de serem decisões coletivas e a responsabilidade final é minha, porque eu autorizo a contratação, como presidente. Então acho injusto colocar na conta de um diretor, independente de quem seja, o insucesso do futebol.
A responsabilidade tem que ser cobrada do presidente. O Thiago Dias segue na diretoria de futebol com o Eduardo Granja, que vem reforçar esse time, e a gente vai seguir olhando para frente. Vamos seguir olhando para cima na tabela. Eu não fui eleito para pensar diferente, senão colocar o Náutico na Série B. O olhar é para frente. Vamos trabalhando, ajustando jogo a jogo, com o mesmo objetivo.
Quando a gente pega um aproveitamento de 33%, e me inclui nisso, porque a responsabilidade é minha, não posso dizer que o resultado do departamento de futebol é satisfatório. Os números mostram isso. Essa análise é feita diariamente e internamente. Todo o departamento do clube é avaliado e reavaliado diariamente. Não é só futebol. Isso acontece em qualquer empresa. Todo departamento do clube que precise de ajuste, será feito.
Por que investir em um diretor remunerado, em vez de investir em um atleta?
Essa resposta não é simples e direta. O que é caro e o que é barato depende do resultado que se consegue, da entrega que é feita. O fato de se contratar um profissional para determinada área não significa que vai deixar de contratar para outra área. Não é assim.
Tudo está dentro do que foi traçado no início do ano. Independente disso, tudo é sempre avaliado. Eu participei da construção da chegada de Betão, das entrevistas com ele. Conversei com Marcelo Paz, pois o Betão estava no Fortaleza. Conversei longamente, então participei dessa chegada dele.
Mudanças têm interferido no rendimento atual do Náutico na Série C?
Sempre interfere. Quando a gente faz uma mudança, acreditamos que vai interferir positivamente. A mudança é sempre com o objetivo de melhorar. Elas foram feitas com critério, convicção, diálogo interno, de modo que todas essas mudanças e o departamento que se tem hoje, tem minha confiança. Eles têm a minha confiança. Mas as mudanças ocorrem visando melhorar uma situação. E assim a gente fez e continuará fazendo se for necessário.
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