O mandatário Rubro-negro garantiu a permanência do técnico Pepa, apesar dos resultados negativos

O Sport vive um momento de crise na Série A do Campeonato Brasileiro. Após seis partidas, o Leão da Ilha segue afundado na lanterna da competição, com apenas dois pontos somados. Após o empate por 0 x 0 contra o Fortaleza, o futuro do técnico Pepa virou pauta no meio da torcida. Porém, o treinador segue no cargo.

Pelo menos é o que garante o presidente Yuri Romão, em entrevista exclusiva ao NE45. O mandatário Rubro-negro afirmou que a continuidade do português faz parte de um projeto iniciado pelo clube em dezembro. Uma possível demissão vai ser analisada rodada a rodada, caso os objetivos não sejam atingidos. Confira a entrevista abaixo:

Foto: Paulo Paiva/SCR

P – Apesar dos resultados negativos, o técnico Pepa está seguro no cargo, ou a diretoria ainda vai se reunir para debater sobre o futuro do treinador? 

Precisamos dar uma contextualizada antes para poder explicar a situação, tá? Na eleição, as pessoas falavam muito sobre a questão da profissionalização. Tem que profissionalizar, tem que profissionalizar, é só o que eu via. Inclusive, o meu adversário (Rafael Arruda), que é gente boa, não conhecia, mas gente boa, falava muito em profissionalizar. Todo mundo é profissional, todo mundo tem carteira assinada no clube. O que é que estou querendo dizer com isso? 

A gente tem tentado se adequar a um novo modelo, um modelo que está sendo feito no mundo. Ou seja, não podemos a cada quatro, cinco rodadas, estar tocando de técnico. Essa é a primeira situação. A gente tem que ter um projeto, e esse projeto foi desenhado em dezembro. A gente tem o objetivo de permanência na Série A desse ano, tinha o objetivo de ser campeão do Pernambucano, de estar na final da Copa do Nordeste, avançar na Copa do Brasil, que infelizmente não conseguimos.

A gente tem um projeto em andamento. E dentro desse projeto, não tem isso de decisão do presidente, dos diretores, a gente conversou, e já deliberou sobre qual o modelo a ser seguido. Esse projeto hoje, está sendo bem executado? Do ponto de vista de execução, sim. Do ponto de vista de resultados, não. Você tem uma comissão técnica que é trabalhadora, temos uma diretoria, tanto a diretoria estatutária da pessoa do vice-presidente Guilherme Falcão, como dos dois executivos, diretor dos executivos, o André Figueiredo e Carlos Brazil, que é muito boa. 

E a gente tem feito de tudo, né? Quando digo de tudo, não é só olhando para dentro das quatro linhas. Você sabe que o futebol tem um entorno que é pesado. A logística, no nosso caso dos clubes do Nordeste, sofrem muito. Você tem um CT que estamos investindo o tempo todo, tentando melhorar, enfim, esse projeto está em andamento. Dito isso, diria o seguinte, enquanto esse projeto estiver em andamento, acreditamos nele. Sobre o professor, ele vai ficando. 

Qualquer projeto tem começo, meio e fim. Qualquer um dos projetos. Começo, meio e fim. Nós estamos no meio desse projeto. Óbvio. Se a gente notar que esse projeto não vai ter futuro, infelizmente, vamos ter que abortar a trajetória e fazer uma mudança. Mas nesse momento exato, acho que o recorte que nós temos é muito pequeno, muito curto para que se tome uma decisão de substituição.

P – São seis jogos com quatro derrotas e dois empates, querendo ou não, os adversários estão pontuando e a gente sabe que o futebol exige medidas imediatas. A torcida está impaciente, o treinador se mostra incomodado. Mesmo assim vocês acreditam no projeto?

Infelizmente, digo infelizmente, porque esse imediatismo que o futebol brasileiro se construiu, ele exige que, a partir de agora, a cada rodada vai ser feita uma avaliação. Mas em 2015, a gente passou 11 jogos sem vencer na Série A, e mesmo assim fomos sexto lugar naquele ano. É o melhor que a gente teve na era pontos corridos, 11 jogos sem vencer, a torcida querendo matar todo mundo, então assim, a gente precisa acreditar. P assei a semana toda, 100%, indo aos treinamentos no CT.

A vontade que os atletas treinaram essa semana, a forma como a comissão técnica estava empenhada em melhorar o desempenho da equipe, foi um negócio que me chamou atenção. Um ambiente super legal, que aí eu faço um parêntese, fico observando alguns “influencers” afirmando que Pepa perdeu o elenco, e eu afirmo, não tem racha no grupo. Não existe nada disso, zero, estou afirmando isso. Pelo contrário, existe uma vontade louca de mudar o cenário, todo mundo está empenhado.

E essas especulações tem feito até um pouquinho mal. Na hora de uma definição de jogada, alguma coisa assim, que gera uma ansiedade. Enfim, se eu não acreditasse no trabalho a gente precisaria mudar, mas o trabalho está sendo feito. O técnico Pepa tem sido muito profissional no dia a dia, tem feito o trabalho dele, tem feito as mudanças como todo treinador, ele tem suas convicções, talvez as convicções dele não não estejam agradando a todos, né? A gente vai, enquanto diretoria, mostrar alguma coisa que que precisa ser mudada.

Pepa, Sport – Foto: Paulo Paiva/SCR

P – Queria entender a questão a multa em caso de uma possível demissão. Obviamente você não vai falar em valores, mas contratualmente falando, existe uma multa estipulada, ou são os valores totais dos salários somados até o final do ano? 

A multa, logicamente, pra um caixa de um clube como o Sport, é cara, mas em nenhum momento vai tirar o meu sono, nem o sono do meu vice-presidente financeiro, nem do presidente. Tem uma multa estipulada, mas não é nada que não se possa pagar. Fere o caixa de um clube como o Sport? Fere. Não faria falta, por exemplo, um caixa como o do Cruzeiro, ou do Vitória da Bahia, por exemplo.

P – Apesar do momento difícil, o que falar para o torcedor que está bastante impaciente e preocupado com o momento do clube na Série A?

Planejamos em dezembro um projeto de permanência, em nenhum momento vendi que estaríamos na Sul-Americana, na Libertadores, eu disse que o ano de 2025 seria o ano da permanência. Nós somos um clube reentrante na Série A, passamos três anos fora, e agora a gente voltou. O nosso orçamento é o terceiro menor orçamento da Série A, só ganhamos para Juventude e Mirassol.

Não vou incluir os irmãos cearenses nessa conta, se não vou chorar aqui, mas o Ceará está na nossa frente em relação ao orçamento, o Fortaleza nem se fala. A gente vai lutar para permanecer e nós vamos permanecer. Pode ficar certo disso. E o que eu peço ao torcedor é um voto de confiança. São três anos e meio que estou na presidência do clube, e os avanços que o Sport teve nesses três anos e meio, em tão pouco tempo, para o estado que o clube estava antes, são avanços gigantescos, então o que eu peço é um voto de confiança. Nós estamos trabalhando para melhorar.

Foto: Paulo Paiva/SCR