Presidente também abordou alguns pontos dos bastidores do Azulão

A presidente do CSA, Mirian Monte convocou uma coletiva nesta terça-feira (2) e renunciou ao seu cargo no clube. A dirigente alega não ter sido notificada oficialmente sobre seu afastamento por parte do conselho deliberativo do clube. Ela também falou sobre o rebaixamento do Azulão à Série D e sobre sua gestão à frente da equipe.

“Ao torcedor, não tenha dúvida de que não tem ninguém mais triste do que eu. Trabalho abnegado de um ano e meio, e aqui não falo por mim, mas por um grupo de diretores. Nessa jornada, eu conheci muitas pessoas que me decepcionaram profundamente, que se deixaram levar pela ganância, pela mesquinhez. Mas, por outro lado, conheci pessoas muito dignas e honradas. E continuarei lutando para que nenhuma delas sinta o peso da injustiça”, disse.

Sobre o rebaixamento do CSA, ela afirmou que a queda era inesperada e reforçou a diferença entre o resultado esportivo e administrativo. Mirian Monte afirmou que o trabalho foi feito para que esse descenso não acontecesse.

“Um rebaixamento para a Série D, com 99% de chance de permanência, não estava nos cálculos de ninguém. Matemático nenhum imaginava essa possibilidade. Mas, às vezes, as coisas acontecem. Esta diretoria executiva lutou para que tudo desse certo e deu, por determinado ponto, e aqui vamos separar resultado esportivo do administrativo”, afirmou.

Mirian Monte é vice-presidente do CSA. Foto: Morgana Oliveira/Ascom CSA

Acusações do conselho e empréstimos do CSA

Mirian também respondeu às acusações do conselho sobre empréstimos realizados pelo Majuro durante sua gestão. Questionando a suposta ilegalidade das operações, a presidente afirmou que as ações não colocaram o clube em risco.

“Eu quero saber qual o prejuízo que isso gera pra instituição? Nada foi colocado em risco. Muito pelo contrário. A gente pagou conta, evitou multa, evitou um ato de falência, inclusive a Lei Geral do Esporte permite que, em situações devidamente justificadas, atos como esse possam ser praticados, legítimos. Foram contratos de mútuos, sem juros, previstos na legislação civil”, disse.

A mandatária do Azulão ainda detalhou que uma autorização foi concedida pelo Conselho Deliberativo para a tomada de empréstimos por parte do CSA.

“Eu quero saber onde está a ilegalidade. Além do mais, tínhamos uma autorização do Conselho Deliberativo no mês de abril de 2024 para tomada de empréstimos bancários, financeiros, até R$ 2 milhões, que era o valor do patrocínio do Estado. Foi tudo pago. Qual foi o bem penhorado, ou vendido? O que foi a gente perdeu?”, disse.

Allan Max/CSA

Comissões e Bichos

Mirian Monte também abordou a questão do “bicho”, da premiação e da cultura do futebol brasileiro, destacando a necessidade de mudanças. Para ela, esse pagamento é algo nocivo e que contaminou alguns jogadores, que só “corriam” se houvesse o pagamento do “bicho”.

“O bicho é um mal para o futebol brasileiro. É uma cultura que precisa ser mudada. O departamento de futebol, no entanto, observou essa cultura e procurou fazer um comparativo com outros clubes. Enquanto atletas não correrem pela sua profissão, por sua honra e propósito, a gente vai ter oscilações. A coisa vai saindo de uma ambição positiva para a ganância, que não leva ninguém a lugar nenhum,” afirmou.

Sobre as comissões por patrocínios no CSA, a presidente explicou a política adotada pela diretoria e reforçou a legalidade do procedimento.

“No CSA, sempre existiu e eram comissões de 10%, até mais. Nós fizemos uma política amplamente discutida por toda a diretoria. Falei em diversas entrevistas nas rádios que a gente tinha uma política. Falei: ‘Gente, quem trouxer patrocínio para o CSA, vai ter comissão de 5%.’ Foi uma forma que a gente teve de conseguir uma receita que no ano gerou, pelo menos, uma riqueza de cerca de R$ 3 milhões. E outra, essas comissões não são ilegais. São contratos civis,” encerrou.

Allan Max/CSA