Presidente admitiu erro na montagem do elenco, falou em supressão de R$ 20 milhões de receitas com a lanterna da Série A e revelou folha salarial
O presidente do Sport, Yuri Romão, admitiu estar arrependido do planejamento do início da temporada do clube. Ele também falou de um total de R$ 20 milhões por receitas que o Leão deixou de ganhar por estar na lanterna da Série A, revelou a folha salarial leonina atualmente, além de outros tópicos.
Toda essa análise aconteceu em entrevista à Rádio Jornal, veiculada nesta sexta-feira (17). Yuri Romão também enalteceu a presença da torcida do Sport na Ilha do Retiro, mesmo com uma campanha muito ruim no Brasileirão.
Em tópicos, ele abordou qual é o tamanho da folha de pagamentos do Sport neste momento, apontou que a rota alterada para o 2º semestre recolocou o Rubro-negro nos trilhos. Mas que pode ter sido tarde demais. Veja os principais tópicos abaixo.
Quanto é a folha salarial do Sport?
De acordo com Yuri Romão, atualmente a folha salarial do departamento de futebol do Sport é de R$ 6,5 milhões. Além disso, o clube tem mais R$ 1,5 milhão mensais de folha salarial do departamento administrativo.
Ou seja, os custos com folha salarial do Sport, somando futebol e administrativo, é de R$ 8 milhões neste momento.
Ainda de acordo com o mandatário leonino, o Sport quitará todas as dívidas relativas às compras de jogadores até o fim do ano que vem. Os parcelamentos foram feitos de forma que terminassem de ser pagos ainda sob sua gestão.

Foto: Paulo Paiva/SCR
Confira o que o presidente do Sport falou sobre os erros de 2025
Montagem do elenco do Sport para 2025
Sem querer apontar dedo, porque a responsabilidade é 100% minha. A análise técnica do atleta, das posições, características, era feito pelo departamento de mercado, formado por três pessoas, vice-presidência de futebol diretoria de futebol, técnico e seu assistente. Esse pessoal se reunia, com o técnico Pepa e seu assistente participando por vídeo, em duas reuniões diárias.
Participei de algumas, não todas, porque em análises mais técnicas não cabia a mim participar, e sim quando iniciavam as negociações. Então eu diria que o processo foi feito de forma correta. O técnico pedia um jogador com certo perfil, a análise de mercado trazia alguns nomes, se via vídeos, interagia com agentes dos atletas para sondagem. E isso foi feito e continua sendo feito.
Mais uma vez, nos equivocamos na análise do que a gente queria. Acho que faltou conversarmos mais internamente, até com outros dirigentes, seja daqui ou de fora, com quem tenhamos boas relações. Então era fácil obter mais informações sobre atletas dos clubes. Se não minha essa interação, mas de quem compunha esse colegiado da contratação de atletas.

Foto: Paulo Paiva/SCR
O Sport errou na estratégia da montagem do elenco?
Sim (a estratégia adotada não foi a melhor). Se formos fazer uma análise pura e simples, principalmente pelo que o Mirassol fez, comparado ao Sport, eles acertaram em quase tudo. Eles foram para uma estratégia contrária a nossa. A gente foi para atletas mais jovens com potencial de revenda, e eles sem aquisição.
Eles têm um lateral-esquerdo que foi nosso atleta (Reinaldo), e se eu chego aqui com ele, tenho certeza que a imprensa, os influencers, todo mundo ia criticar. E mostraram que fizeram acertado. É ser engenheiro de obra pronta, porque se eu trago Neto Moura, que é titular e está jogando muito lá, eu ia apanhar na frente da Ilha.
Tem algumas coisas que a nossa torcida não aceita e não vou questionar isso. Nosso torcedor nos cobra, mas é muito presente. Temos que exaltar nosso torcedor, que também é extremamente exigente. A decisão nessa cadeira é muito difícil de ser tomada. A estratégia foi traçada diante da nossa conjuntura, do que temos hoje de cobrança externa de um time novo, veloz, porque queríamos crescer.

Atacante Carlos Alberto foi a contratação mais cara da história do Sport – Foto: Pedro Maranhão/NE45
Respeito muito o Mirassol e seu presidente, dirigentes, técnico, mas eles não têm pressão. Porém fazem um grande trabalho. Se eu tivesse que fazer novamente, teria feito diferente, como fizemos na 2ª janela de transferências. Fizemos tudo ao contrário, colocamos o trem nos trilhos, nos alinhando com a realidade. Esse é o papel do presidente, do dirigente, apontando o caminho, conversando com todo mundo e tomando a decisão. Foi isso o que a gente fez.
Comparando o que foi feito no 2º semestre e o que foi feito no 1º semestre, tem uma diferença muito grande. Estamos profissionalizando o clube, integrando os departamentos, desde a base até o profissional. Algo que vários clubes faziam e não estávamos nos preocupando com isso em anos anteriores. Profissionalizamos para tornar o departamento de futebol vencedor, e não uma repartição pública.
A gente gera inúmeros dados, vários sistemas, e tínhamos que fazer a integração desses dados. Toda essa mudança se faz necessária, e quando você faz em meio a essa tempestade que está nosso ano de 2025, nem nos meus piores pesadelos eu pensei que passaríamos por isso. Mas cabe a mim, enquanto dirigente maior do clube, apontar os caminhos para que possamos sair dessa situação que estamos passando.

Enrico Ambrogini, Yuri Romão e Thiago Gasparino. Foto: Paulo Paiva/SCR
O clube se empolgou com o acesso e aumento de receitas?
Sim, houve uma empolgação da nossa parte (no início da temporada), porque o clube vem em uma transformação econômica, patrimonial, administrativa, financeira. Nós construímos uma base e houve essa empolgação, não nego. Acho que, por isso mesmo, quando chegamos no meio do ano, percebemos que ‘deu merda’ e vamos consertar.
Diferentemente dos anos anteriores, até o ano passado na Série A, você tinha a Rede Globo como a única detentora dos direitos de transmissão, pagava a partir de maio e ia até dezembro com todas as parcelas certinhas. A gente optou por ir para a Liga Forte União, onde em vez de vender os direitos de transmissão para uma única emissora, pulverizou para cinco emissoras. Pelo contrato, temos uma receita em janeiro e fevereiro, uma em junho e outra no fim de dezembro, na divisão de 40% / 30% / 30%.

Yuri Romão, Sport – Paulo Paiva/SCR
Com a campanha ruim, tivemos uma queda de receitas extra, como bilheteria, sócios, patrocínio, licenciamento, e tudo foi afetado drasticamente. Para termos 15 mil pessoas na quarta-feira (15) contra o Ceará, tivemos que colocar o ingresso muito barato para um jogo de Série A. Mas por exemplo, há um mês atrás, nosso ingresso era mais barato do que o do Santa Cruz na Série D, mas com o Santa numa fase boa e com uma subida no preço de ingresso.
Tivemos uma supressão muito grande de receitas, algo em torno de R$ 20 milhões, de ingressos, sócios e patrocínio. Isso tem um impacto grande. E no meio do ano, por conta dos nosso erros, precisamos demitir muita gente e isso tem um custo, tem um impacto. Por isso temos uma dificuldade no fluxo de caixa.
E ainda tinha a saída precoce na Copa do Brasil, perdemos R$ 6 milhões a R$ 6,5 milhões. Na Copa do Nordeste, com a saída precoce, perdemos de R$ 3 milhões a R$ 3,5 milhões. Ou seja, nessas duas competições, perdemos R$ 10 milhões com essas eliminações.

Operário-MT eliminou o Leão na 1ª fase da Copa do Brasil deste ano. Foto: Paulo Paiva/SCR
Como o Sport definiu o gasto com a compra de atletas, que chegou a R$ 58 milhões?
O valor estimado iniciou-se com R$ 15 milhões, mas vimos que, com isso, não faríamos nada. Depois passamos para R$ 20 milhões, R$ 25 milhões, até que fizemos uma operação maior e esse número subiu mais (chegando a R$ 58 milhões).
(Sobre a presença de parcerias na compra de atletas) teve uma operação só, em que os proprietários de um atleta, que prefiro não citar, que queria colocar um atleta aqui no Sport para jogar. Eles falaram com a gente e chegamos a esse acerto, onde pagamos os salários e eles seguem com 100% do passe do atleta.
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