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Em entrevista ao NE45, presidente do Vitória analisa temporada, fala sobre reforços, política do clube e mira acesso

Vitória, BA, Série B, Últimas

Por Pedro Maranhão

Por Pedro Maranhão

Postado dia 2 de junho de 2023

Fábio Mota detalhou momento vivido pelo Vitória, atual líder da Série B

Como interino, efetivo ou eleito, Fábio Mota está como presidente do Vitória desde outubro de 2021, após o afastamento do então presidente Paulo Carneiro e a licença do vice-presidente Luiz Henrique.

Por ser o presidente do Conselho Deliberativo na ocasião, era o mais próximo na linha sucessória. Desde então, os bastidores políticos do clube esquentaram depois que o atual presidente revelou a pessoas próximas a ideia de renunciar ao cargo em razão das ameaças de morte recebidas por ele e sua família. 

Porém, Fábio Mota se mostra firme no cargo. Segundo ele, o clube lhe foi entregue na Série C. Atualmente, o Leão da Barra encontra-se na liderança da Série B, e segue galgando seu caminho rumo ao acesso.


Em entrevista exclusiva ao NE45, o atual presidente do Rubro-negro baiano analisou o primeiro semestre, falou sobre a reforma do Barradão, trouxe detalhes novos sobre a SAF do clube, a questão financeira e voltou a criticar a falta de união na política do Vitória. Fato que, segundo ele, segue atrapalhando mais do que qualquer outra dificuldade.

Fábio Mota, presidente do Vitória - Foto: Acervo pessoal
Fábio Mota, presidente do Vitória – Foto: Acervo pessoal

NE45 – Balanço do início de temporada, por conta das eliminações no Estadual, Copa do Nordeste e Copa do Brasil.

“É um balanço muito parecido com o do ano passado. A gente passou por maus momentos no primeiro trimestre do ano, mas a gente conseguiu ajustar o clube e subir da Série C para a Série B. Nosso objetivo ano passado era subir para Série B e nosso objetivo esse ano é subir para a Série A. Então, esse sempre foi o foco. A gente teve um início de temporada muito ruim, não conseguimos classificar no Baiano, na Copa do Brasil saímos na primeira fase e isso serviu de ensinamento e resiliência.

A partir daí, a gente fez mudanças. Mudamos o diretor de futebol e o treinador, chegaram 12 atletas que mesclaram com os que já tínhamos. Então, neste momento, o nosso balanço é positivo. Porém, isso não quer dizer nada, não significa que vamos subir. O Vitória é líder do campeonato, mas só temos nove rodadas e temos quase 30 rodadas a serem jogadas. Nós estamos satisfeitos com o trabalho do treinador, com o trabalho do grupo, mas seguimos atentos ao mercado. Sabemos que a gente precisa reforçar a equipe, e vamos fazer isso nessa próxima janela, para tornar o time ainda mais competitivo.”

NE45 – A chegada dos novos reforços qualificou o elenco? Quais posições são prioridades na próxima janela?

“Sim. Se você pegar o time do primeiro trimestre, nós temos Marcelo, Wagner Leonardo, tem o Giovanni Augusto e Zé Hugo, que eram titulares e machucaram, tem o Matheusinho, que entrou em vários jogos. São jogadores que chegaram pra qualificar sim, não tenho dúvida nenhuma. Mas a gente sabe que temos algumas deficiências. A gente está atrás de uns cinco jogadores. Precisamos de mais um meio campo, mais um de beirada e um centroavante. Enfim, a ideia é trazer de quatro a cinco para reforçar.”

NE45 – Investimentos nas divisões de base do clube: reformas estruturais para melhorar a condição para os garotos são prioridade? Quanto o clube vem gastando?

“Desde quando chegamos aqui, a gente só faz reestruturar o patrimônio do clube. Construímos um mini-estádio dentro do Barradão, hoje a nossa divisão de base joga no nosso CT. Nós fizemos uma arquibancada, em seguida, a gente melhorou os campos. No nosso complexo, temos sete campos, temos um prédio para a base onde melhoramos a estrutura, fizemos também um prédio administrativo. Neste exato momento, estamos construindo a academia do Vitória com mais sete campos, onde pretendemos inaugurar até em agosto.

A gente gasta em torno de R$ 10 milhões por ano com nossa base, que vai do Sub-9 ao Sub-20. E essa academia vai ajudar a equilibrar o orçamento e ajudar a revelar novos atletas. O foco do Vitória sempre foi a base. Ficou esquecida por uns cinco ou seis anos, mas a gente está voltando forte, investindo na base do clube.”

NE45 – Sobre a reforma do Barradão: Será coberto? Terá cadeiras em todos os setores? Vai ser estilo Arena?

“A gente tem um projeto de transformar em uma arena. É um projeto que a gente tem, que estamos melhorando aos poucos. Neste momento, estamos construindo banheiros novos, camarotes novos e o nosso grande sonho é fazer a cobertura. Estamos negociando o naming rights do estádio com dois grupos. A ideia é que o dinheiro do naming rights seja, para em um primeiro momento, fazer a cobertura do estádio.”

Estádio Barradão, do Vitória
Foto: Victor Ferreira/EC Vitória

NE45 – Em relação às dificuldades que os torcedores alegam para transitar no entorno do estádio em dias de jogos, existe alguma movimentação para melhorar isso?

“Nossa média é de 23 mil, a maior da Série B. Dito isso, é um problema sim, mas para resolver esse problema a gente está construindo um estacionamento novo com o dobro de vagas e vai melhorar bem. Porque quando lota o estacionamento, temos um estrangulamento nas vias. A gente também tem um projeto pronto, conversando com a Prefeitura e o governo do estado, para fazer a duplicação da avenida Mário Sergio até a frente do estádio. Aí vamos resolver isso definitivamente. Isso deve acontecer ainda esse ano, então vamos ficar com a mobilidade bem melhor.”

NE45 – Como está a situação financeira do Vitória? O que precisa ser feito para o clube voltar a ficar no verde?

“O maior problema do Vitória hoje são as dívidas do passado. Estou no clube há 18 meses e, desde que cheguei, estamos em dia com os jogadores, funcionários, bicho, imagem, PJ. Em resumo, não devemos nada a ninguém. Em 18 meses de clube, pagamos 23 folhas. Quando chegamos, o Vitória estava na Série C, com salário de jogador e funcionários atrasados por mais de cinco meses, devendo bolsa-auxílio aos jogadores da base, FGTS. E, graças a Deus, o Vitória hoje está com tudo em dia. Não tem dinheiro sobrando, mas está com as contas, neste momento, equilibradas. Porém, as dívidas do passado continuam nos assombrando e a gente trabalha muito para colocar dinheiro novo e pagar as dívidas.”

NE45 – Sobre a SAF e possíveis investidores, as conversas estão acontecendo?

“Desde quando eu cheguei ao clube na Série C do ano passado, que a gente vem sendo procurado. O Vitória é uma instituição centenária, tem um nome muito forte a nível nacional, tem a 13ª maior torcida do Brasil, é pentacampeão do Nordeste. É uma instituição conhecida por sua base, que revelou milhares de atletas. A procura desde o ano passado é muito grande, mas tomamos a decisão de não trabalharmos a SAF até voltarmos para a Série A. O futebol brasileiro está mudando, as ligas estão chegando, o Vitória está na LIBRA, assinou sua adesão, e acreditamos muito nesse novo formato do futebol brasileiro.

Com a implementação das ligas, você passa a ter um valor econômico de imagem, de TV e de publicidade maior e isso vai permitir ao Vitória quitar todas as suas dívidas. Nosso objetivo também é sanear a questão fiscal. Quando chegamos, começamos a papelar os impostos. Hoje a gente tem as certidões de todos os entes federativos e isso permite que a gente possa ter um equilíbrio fiscal, que é o que a gente fez aqui e, em seguida, voltar para a Série A, porque a marca fica valorizada e a gente abre esse debate de SAF.

SAF para entregar a alma do clube ou vender o clube inteiro, não dá. Eu acho que a SAF tem que ser uma parceira, onde você tem um grupo de investidor que vem investir, mas não tem um controle total como as SAFs que estão por aí. Eu acho que a ideia é que o clube desenvolva o modelo próprio, aonde você tenha investimentos com uma porcentagem inferior a 50%, que permita você continuar gerindo o controle do clube.”

NE45 – Como está atualmente as políticas internas do clube neste momento?

“Minha relação é muito boa com a torcida, não tenha dúvida disso. Não posso dizer que tenho 100% de apoio, mas tenho mais de 80%. O Vitória é um clube transparente, aberto com todo mundo. A torcida voltou, nossa média passa de 22 mil torcedores por jogo. Então, a minha relação é muito forte, e o motivo de eu estar presidente do clube hoje é o apoio que tenho da torcida.

A política do Vitória é muito conturbada, sempre foi. São sete presidentes nos últimos anos oito anos. Hoje, o maior malefício do Vitória é a política. A briga interna dos grupos acaba atrapalhando. O maior problema atualmente não é o financeiro, não é a questão fiscal, não é o time, é a política interna. Mas a gente vem debatendo e discutindo para melhorar tudo isso.”

NE45 – O clube pensa em trazer algum nome midiático para o restante da Série B?

“O Vitória pensa em trazer de quatro a cinco atletas para fortalecer o grupo e a ideia é que venha para ser titular. Como eu disse para você, o nosso objetivo é voltar para a Série A. O clube esteve na Série A por 23 anos. Então, somos um clube de Série A. Todo objetivo agora na segunda janela é fazer de quatro a cinco contratações para reforçar esse grupo e subir. São nomes que evidentemente chegam para ser titular, se serão midiáticos, aí vai depender dos nomes que podem ser colocados.”

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Foto: Victor Ferreira/EC Vitória

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