Quando aceitou o convite para dirigir o CRB, no dia 18 de dezembro, o técnico Roberto Fernandes tinha a missão de livrar o clube alagoano, que acumulava sete rodadas sem vencer, com dois empates e cinco derrotas, do rebaixamento à Série C. Objetivo alcançado matematicamente com duas rodadas de antecedência após a goleada por 5 a 1 sobre o Figueirense, na última terça-feira. A quinta vitória do time sob o comando do treinador, em sete partidas. Um aproveitamento de 71,4%.
Nesta quarta-feira, o treinador conversou com exclusividade com o NE45. Falou sobre o objetivo alcançado (e uma certa frustração por não ter ido ainda mais longe), o planejamento para os dois últimos jogos da Série B e o início da temporada 2021. Além de também comentar o fato de ter ajudado os nordestinos Náutico e Vitória com o triunfo sobre o Figueirense, adversário dos dois na luta contra o rebaixamento: “fiquei feliz em ter ajudado especialmente o Náutico a tentar garantir a permanência”, reconheceu o treinador, que possui forte ligação com o alvirrubro pernambucano.
Confira os principais pontos da entrevista
Quando você assumiu o CRB, o time estava na 15ª posição a apenas três pontos da zona do rebaixamento. E faltando duas rodadas para o término da competição, o clube está matematicamente assegurado na Série B em 2021. Considera o objetivo cumprido ou ficou a sensação de que poderia ter ido ainda mais longe?
A missão foi cumprida e fica o sentimento de que nós poderíamos ter ido um pouco mais longe se tivéssemos um pouco mais de tempo. Não esqueço quando recebi a ligação com o convite do CRB e a pergunta que me foi feita foi se eu teria coragem de assumir o time. Para você ver o nível que estava de descrédito, de falta de confiança e de estímulo. Então, com uma pergunta dessa na hora de contratar um treinador, sem dúvida a missão foi cumprida de evitar o rebaixamento. Porém, pelo nível de competitividade que a equipe chegou, fica um sentimento que com um pouquinho mais de tempo a gente brigaria na parte de cima da tabela.
O CRB ainda tem mais duas partidas para fazer nessa Série B (contra Ponte Preta e Cuiabá). Você vai usar esses jogos como “laboratório” para observar o elenco ou vai usar força máxima para tentar somar o máximo de pontos possíveis na competição?
Agora sem dúvida a cabeça passa a ser a temporada 2021. Isso já é uma coisa de comum acordo após a partida contra o Figueirense com o presidente e a diretoria. E realmente vamos usar esses dois próximos jogos para avaliação (do elenco). Quando você chega em uma reta final de competição com a missão de sair do rebaixamento não pode estar fazendo laboratório. É preciso encaixar uma equipe e buscar pontuar. E foi isso o que a gente fez. Nós tivemos uma espinha dorsal de oito jogadores que foram titulares em praticamente todos os jogos. Poucos atletas do elenco, fora dessa espinha dorsal, tiveram oportunidades. Então nesses dois próximos jogos a nossa intenção é observar esses atletas. Inclusive, em termo de planejamento para a temporada 2021, a nossa ideia é que os jogadores que vão ter os seus contratos renovados, e os que já possuem contrato mais longos, recebam uma mini férias para que eles voltem e já comecem o trabalho voltado para 2021.
Você tem contrato com o CRB até o final de 2021. Já passou para a diretoria os nomes dos jogadores que pretende contar? Possíveis reforços?
Até ontem o foco era garantir matematicamente a permanência. Agora é que começa a pensar na temporada 2021 e vai se discutir renovação de boa parte do elenco e também possíveis reforços. Vamos manter uma base boa. O CRB saiu um pouco da curva na troca do Marcelo Cabo. Até então a equipe estava brigando na parte de cima da tabela e com a minha chegada o percentual de aproveitamento foi acima de 70%. Ou seja, continuaria brigando na parte de cima. Só nesse intervalo (com o técnico Ramon Menezes) é que houve uma baixa na pontuação. Então a minha ideia é que possamos manter uma base de 60% a 70% desse elenco que está aí e buscar reforços pontuais para o início da temporada.
Além de garantir matematicamente a permanência do CRB na Série B, a vitória sobre o Figueirense também ajudou muito Náutico e Vitória na briga contra o rebaixamento. Como nordestino, isso também motivou você para essa partida?
Quando fomos jogar contra o Operário eu encontrei na comissão do Operário amigos de profissão com os quais trabalhei junto em algumas das minhas passagens por clubes do Sul e Sudeste do País. E eles claramente falaram que torciam para que Figueirense e Paraná permanecessem e que caíssem Náutico e Vitória. E eu falei que como nordestino eu preferia que os clubes do Nordeste se mantivessem. Então eu não levei isso como pauta para o jogo contra o Figueirense. Mas é claro que recebi nas redes sociais um número infindável de mensagens de torcedores do Náutico e também do Vitória pedindo para ganhar o jogo. Não era o foco ganhar o jogo pensando em terceiros. Primeiro tínhamos que atingir nosso objetivo. Mas por tabela fiquei feliz por ter ajudado especialmente o Náutico em tentar garantir a sua permanência.
Em 2021 o CRB terá o calendário cheio, com a disputa do Campeonato Alagoano, Copa do Nordeste, Copa do Brasil e a Série B. Qual será o principal objetivo do clube na temporada?
Sem dúvida o campeonato estadual tem um peso. Mas sem dúvida alguma, o foco do torcedor do CRB, por conta do acesso do CSA há dois anos e também da possibilidade de um novo retorno à Série A esse ano, é tentar uma conquista em termos nacionais. Ninguém vai abrir mão ou desdenhar do estadual, porque é algo que só se dá valor quando se perde. Mas o foco do CRB tem que ser almejar alguma coisa em termos nacionais. O clube hoje tem elenco compatível com as principais equipes da Série B. O grande objetivo do torcedor do CRB é o acesso à Série A. Ele está obcecado por isso.
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