NE45 falou com Giuliano Cosenza, diretor executivo do futebol profissional, para entender novo momento do clube
Com oito clubes na disputa, a edição de 2024 da Série A3 do Pernambucano terá início neste sábado (21). Entre os participantes, aliás, encontra-se um seis vezes campeão estadual: o América. Fundado em 1914, e que está em fase final para virar uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF), o Mequinha mira o acesso no torneio dessa temporada, além do retorno à elite no próximo ano.
Em entrevista exclusiva ao NE45, Giuliano Cosenza, diretor executivo do futebol profissional, detalhou todos os principais pontos que os torcedores do América e do estado estão se fazendo nesse momento, já que o clube ganhou as manchetes da mídia estadual e do país após algumas contratações de atletas.
Além disso, Giuliano explicou o estágio atual da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) e também das metas a curto e longo prazo que o clube pretende colocar em prática. (confira nos tópicos abaixo)
Para alcançar o primeiro objetivo, o América terá de ser um dos dois melhores times da Terceira Divisão estadual. Isso porque a competição será disputada em fase única, no formato de pontos corridos, com apenas duas vagas que darão acesso à Série A2 – para os clubes que somarem mais pontos ao final de sete rodadas.
Além do Esmeraldino, equipes como 1º de Maio, Águia, Belo Jardim, Caruaru City, Chã Grande, Pesqueira e Sete de Setembro também estarão na disputa do torneio.
O investimento proporcionado pela SAF para a atual temporada garantiu ao América a contratação de atletas experientes no futebol pernambucano, como os meio-campistas Fabiano, que atuou no Retrô, e Memo, bicampeão estadual com o Santa Cruz, em 2011 e 2012. Até então, foram 21 atletas confirmados pelo Periquito para a disputa do A3.
Além disso, chamou a atenção a busca por reforços no continente africano, mercado que ainda deve ser explorado pelo clube em breve.
Outro destaque entre os contratados é o técnico Adriano Souza, que conquistou o Pernambucano Sub-20 de 2021 pelo Náutico, e chegou ao clube ainda no mês de agosto com foco na competição.
Entrevista com Giuliano Cosenza, diretor executivo do futebol profissional
O clube virou SAF?
O América oficialmente não virou SAF, mas já trabalha como uma. A gente tem que deixar isso bem claro, que o América precisa apenas cumprir partes burocráticos, como pagamentos de taxas para a federação, registro e coisas assim. Mas o América já funciona com seu organograma como SAF. Tem um presidente, um CEO, a estrutura já é mais profissional.
O time, por exemplo, treina nos Aflitos, se hospeda no Centro de Treinamento – foi feito um pagamento de R$ 180 mil para o aluguel do CT e do estádio. Então já tem uma gestão que investe mais. Teve também a contratação do atleta nigeriano, que foi 54 mil euros, que mostra a robustez do projeto. Então o que se deve falar não é a formalização da SAF, mas o clube já haja como uma. Já tem uma estrutura profissional e organizada.
Adicionando do que já foi feito até agora pelo clube, o América fez a aquisição de dois atletas africanos, que é um mercado que a gente quer explorar muito. Eu estive em março para ver um torneio lá. A gente contratou o Samuel, que é um centroavante, o Lawrence, que é um goleiro e temos negociação bem encaminhada com outro ponta nigeriano. É um mercado que a gente quer explorar muito, porque a gente acredita bastante e é pouco explorado pelo futebol brasileiro.
O clube também fez uma parceria com o Náutico, que possibilitou a gente usar a estrutura do Náutico. Hoje o América não tem estrutura. É um clube sem nada. Tem a sede, que parte dela está arrendada para pagamento de dívidas. Mas de estrutura, não tem nada.
Escolha do treinador
Fizemos entrevista com três treinadores. Temos uma ideia de que o time necessita ser o protagonista de todos os jogos. Então nossa ideia de quando começamos as entrevistas foi expor nosso pensamento, que é um time que fique com a bola, que seja agressivo e marque pressão. Por isso a gente queria entender de cada treinador do que eles acreditavam e se eles estavam dentro desse projeto da Série A3.
E dentro das entrevistas chegamos ao consenso que o Adriano era o melhor nome. Pela experiência, por já ter trabalhado muito tempo aqui no futebol pernambucano no Náutico, ter experiencia em outros grandes times como Vasco e Cruzeiro e por também já ter trabalhado em outras divisões aqui no estado, já que treinou o Vitória das Tabocas na Série A2. Então acreditamos que seja o perfil ideal para o início desse projeto. E a gente não quer ser um projeto de curto prazo.
Montagem do elenco
A gente não pretende ser um clube que vai contratar 26 jogadores, mandar todo mundo embora e ano que vem contratar 26 jogadores de novo. Nosso processo de contratação, óbvio, não vai conseguir assinar por muito tempo, mas tem essa ideia de alguns jogadores que fazem parte desse plantel assinar por dois, três anos para que a gente já possa montar uma base e estrutura pensando em longo prazo.
A gente acredita que um modelo profissional não dá para ficar montando e desmontando elenco todo ano, não é saudável para o clube e nossos objetivos. E o processo de montagem em si já foi pensado nisso. Alguns jogadores mais jovens tem 21, 22 e 23 anos e acreditamos que podem assinar por mais anos.
Jogadores mais experientes e com rodagens, que é o caso do Memo, um grande líder desse elenco que a gente tem. Tem outros jogadores que ainda não anunciamos e que também a gente tentou buscar e que estejam acima do nível da competição. Já temos acertados um jogador que está jogando a final da Série D e também estamos em negociação com outros atletas que estavam disputando a Série D.
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Meta a curto e longo prazo
A meta no curto prazo é sair do fundo do buraco. A gente acredita que A3 é o fundo do poço, última divisão do estado e a gente não disputa nenhuma competição nacional. Nosso calendário começa em setembro. É uma maluquice pensar que um time profissional comece a jogar quase no fim do ano. A gente precisa sair da A3. É inegociável o acesso nesse ano.
E a médio e longo prazo é escalar as divisões o mais rápido possível para até 2027 a gente estar disputando uma Série D ou competição nacional para expandir o projeto para todo o país.
(Colaboraram nesta entrevista Anderson Malagutti e Clauber Santana)
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