Eliminado ainda na primeira fase da Série D, o Campinense viveu momentos turbulentos nos últimos dias também no campo político, com a renúncia do presidente Paulo Gervany e o do vice, Kléber Cabral. Com isso, quem assumiu o comando da Raposa, desde a última sexta-feira, foi a presidente do Conselho Deliberativo, Graça Tavares de Melo, se tornando assim a primeira mulher a se tornar a mandatária máxima do Rubro-negro de Campina Grande.
Por telefone, Graça Tavares atendeu à reportagem do NE45 e adiantou que só ficará na presidência do Campinense até convocar novas eleições, o que pretende fazer ainda este mês. Porém, a dirigente adiantou que pretende voltar a presidir o clube do coração, dessa vez sendo eleita. Para Graça, a sua presença no comando de um clube tradicional, como o Campinense, pode servir de inspiração para que mais mulheres ocupem cargos diretivos.
“Eu frequento os jogos, os treinos, a pré-temporada e acompanho de perto o Campinense. Tenho cinco mandatos no Conselho Deliberativo e dessa vez estava como presidente, por isso assumi a presidência do clube quando houve a renúncia. Mas em um universo de 33 componentes do Conselho, apenas duas são mulheres. A gente percebe que o futebol ainda é um espaço muito machista, mas isso é um desafio. Acho que a mulher é capacitada e mais honesta que os homens”, pontuou Graça.
“Para mim está sendo muito gratificante ser presidente nesse período. Cheguei ao lugar mais alto do clube que amo e vou levar isso para o resto da minha vida. Tenho a pretensão de um dia voltar a ser presidente do Campinense, mas não é esse o momento”, completou.
Segundo Graça, pelo estatuto do clube, as eleições serão convocadas apenas para concluir o mandato de Paulo Gervany, que foi interrompido. Assim, um novo pleito será realizado em dezembro de 2021, dessa vez para eleger a direção da Raposa para o biênio 2022/2023. E nesse eleição, Graça pretende lançar sua candidatura.
“O campeonato estadual começa em fevereiro e em janeiro haverá a pré-temporada. Por isso quero fazer essa eleição ainda em dezembro para que o próximo presidente assuma até o dia 10 de janeiro. No momento não vou me candidatar porque para ser presidente é preciso de tempo disponível. Não adianta ser presidente só no papel e em nada na minha vida eu coloco só o meu nome. Eu sempre participo. Nesse momento, por questão de trabalho e vida pessoal, não tenho como assumir a presidência do clube. Mas acho que na próxima eleição, em dezembro de 2021, eu já posso lançar minha candidatura”, projetou.
Questionada se consegue enxergar uma maior participação feminina no comando dos clubes de futebol no Brasil no futuro, Graça se colocou como exemplo a ser seguido. “A curto prazo não vejo. Mas a médio prazo isso vai acontecer. Eu posso incentivar as demais e mostrar que tem espaço e que elas também podem. Já temos árbitras, narradoras, comentaristas e porque não podemos ser também presidentes dos nossos clubes?”, indagou a mandatária raposeira.
Foto: Samy Oliveira/Campinense
Na verdade o Atlético Cearense também tem uma presidente. O nome dela é Maria Vieira, a imprensa cearense já fez algumas matérias com ela.
O Brasiliense também é presidido por uma mulher, Luiza Estevão. Tem um episódio do podcast “Bicuda” que é uma entrevista com ela.