A Fonte Nova foi palco de um jogo dos mais atípicos da história do futebol sul-americano na noite desta quarta-feira (9). Além de ser marcada como uma partida aberta e cheia de gols, o 3 a 2 do Defensa y Justicia sobre o Bahia será lembrado pelo primeiro tempo entre os mais ‘malucos’ de todos os tempos. Com seis paralisações de longa duração, realizadas por checagem do VAR. Cenário que interferiu diretamente no futebol do Bahia, que novamente não convenceu em campo, e acabou derrotado pela primeira vez em casa na Copa Sul-Americana.
Primeiro tempo ‘maluco’
Foram realizadas seis paralisações ao todo, ao longo de 59 minutos na primeira etapa. Porém com 19 minutos destinados apenas para as checagens. Em campo, o equatoriano Guillermo Guerrero, e o uruguaio Daniel Fedorczuk, na sala de vídeo, roubaram a cena em marcações que nem sempre foram justas nas interrupções do VAR da partida.
1º VAR – dos 3′ aos 7′
O jogo começou com o Bahia aguardando as ações do Defensa em seu campo de defesa, mas tentando se aproximar sem efetividade e deixando grandes clarões na defesa. E já aos 3 minutos, o Defensa y Justicia aproveitou o espaço, abrindo o placar com Braian Romero, de cara com Anderson. Houve a primeira checagem do VAR, sobre possível falta – que não houve – em Élber na origem do lance, além de saída de bola em jogada de Daniel. O gol foi confirmado apenas aos 7 minutos.
2º VAR – dos 13′ aos 18′
Mesmo depois do gol sofrido, o Bahia demorou se acertar em campo, com os argentinos novamente com mais ações. Foi quando aos 13′, Nino Paraíba fez ótimo lançamento e encontrou Gilberto livre após se livrar num drible de corpo no marcador. O camisa 9 disparou e entrou na área, para bater forte no pé da trave para empatar. Novamente houve uma longa checagem do lance, em mais de cinco minutos de espera. O jogo voltou a rolar com 18 minutos, com o Bahia já mais desestabilizado e um lance de impedimento bem duvidoso, pois a linha de Gilberto foi traçada a partir do braço do atacante, que por regra não influencia na jogada.
3º VAR – dos 20′ aos 25′
E se não bastasse o baque do gol anulado, aos 20′ Anderson Martins acertou Walter Bou dentro da área. E depois de nova checagem longa, o pênalti foi devidamente marcado e convertido por Braian Romero. A essa altura, dos 25 minutos que o cronômetro marcava, apenas dez foram de bola rolando.
4º VAR – dos 32′ aos 36′
Vendo a desvantagem que praticamente eliminaria as chances de classificação, o Bahia começou a despertar, com Gilberto criando chances de pivô e jogadas aéreas. E aos 32′, Nino Paraíba cruzou, Gilberto cabeceou e a bola bateu na mão do próprio centroavante do Bahia. O árbitro equatoriano marcou o pênalti, porém dessa vez o VAR interferiu corretamente e anulou depois de mais quatro minutos de jogo parado.
5º VAR – dos 37′ aos 38′
A pressão baiana continuou e em nova cobrança de escanteio, o novo lance de discussão surgiu depois de Frías cortar a bola com a mão. O VAR confirmou rápido e já aos 38′ Gilberto marcou o seu 6º gol pelo Bahia na Sul-Americana. O gol reacendeu o Esquadrão, não ao ponto de tomar a maior posse da bola, mas o suficiente para conseguir criar chances perigosas.
6º VAR – dos 44′ aos 49′
Em mais uma bola aérea, Gilberto cabeceou e Braian Romero ergueu as mãos para se proteger da bola. Foram mais cinco minutos de checagem, até Gilberto isolar a chance de recolocar o Bahia em igualdade no placar, o que daria maior tranquilidade para o segundo tempo. A arbitragem deu apenas 11 minutos de acréscimos, depois ajustados para 14.
Segundo tempo
Com dois gols sofridos, restava ao Bahia ao menos virar o jogo para ter a vantagem do empate na volta. E por isso o time se lançou. Já no intervalo, Mano realizou duas mudanças, acionando Rodriguinho e Gabriel Novaes, renovando o fôlego do ataque, e ainda mandaria Elias a campo em seguida. E o Bahia seguiu em cima. Rossi, já com três minutos da etapa, saiu de cara com o goleiro depois de passe de Gilberto, porém chutou em cima do goleiro.
Aos poucos, o desgaste físico apertou e o Bahia se concentrou em jogadas aéreas, enquanto o Defensa y Justicia se defendia no ferrolho, mas sem abdicar de contra-atacar quando possível. E a chance veio 23′, num lance de sequência de erros da defesa tricolor. Juninho Capixaba errou no cruzamento na meia lua e não parou a jogada de contra-ataque com falta – o que seria o seu segundo cartão e consequente expulsão. Elias e Rodriguinho, ao invés de acompanhar o atacante foram em combate à bola na recomposição e deixaram Enzo Fernández livre para marcar o terceiro dos argentinos.
Tudo ou nada
Com isso, Mano ainda tentou reagir como ‘último suspiro’, mandando a campo o estreante Juan Ramírez e o lateral prata da casa Matheus Bahia. Era tudo ou nada para ao menos diminuir. Aos 38′, Matheus Bahia arrancou com a bola, trabalhou com Gabriel Novaes, que entrou na área e limpou a marcação argentina para devolver a bola para Matheus marcar um belo gol no ângulo. Esperança renovada, porém nem tanto. O Tricolor seguiu na pressão, mas não tinha mais tanto fôlego. O Defensa voltou a trabalhar mais a bola e até voltou a pisar a área, mas também não tinha mais a urgência de marcar o quarto gol.
Estatísticas
Posse de bola: Bahia 52% x 48% Defensa y Justicia
Finalizações: Bahia 14 x 8 Defensa y Justicia
Finalizações no gol: Bahia 7 x 4 Defensa y Justicia
Passes certos: Bahia 245 (79%) x 234 (79%) Defensa y Justicia
Faltas: Bahia 12 x 17 Defensa y Justicia
Desarmes: Bahia 12 x 14 Defensa y Justicia
Defesas do goleiro: Bahia 1 x 5 Defensa y Justicia
Fonte: Sofascore
Complicou
Além do fato de perder o seu primeiro jogo em casa na ‘Sula’, ter sofrido três gols na Fonte Nova complicou ainda mais a vida do Bahia para seguir vivo na competição. O Tricolor precisará vencer por pelo menos dois gols de diferença no jogo da volta, marcado para o dia 16, também às 19h15, na Argentina. Também será possível avançar de fase com uma vitória por um gol de diferença, desde que seja com um número maior de tentos marcados pelo Bahia (4 a 3, 5 a 4…). A vaga só será decidida nos pênaltis se o Bahia devolver o 3 a 2.

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