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Meia Eduardo, do Vitória Meia Eduardo, do Vitória

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O Vitória prometeu, mas não usou a base no 1º turno da Série B

Apenas três atletas recém-saídos da base atuaram pelo Leão, mas apenas um deles teve chances reais durante o torneio

Eduardo é o garoto da base que mais teve chances na Série B: sete jogos (Foto: Letícia Martins / EC Vitória)

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O Vitória começou 2020 prometendo dar mais espaço à base. No auge do otimismo no início do ano, projetou-se ter metade do elenco rubro-negro na Série B composta por crias da Toca do Leão. Dez meses se passaram e, intempéries pandêmicas consideradas, o projeto não vingou.

O rubro-negro findou o primeiro turno da Série B, na última sexta-feira (30), utilizando apenas três atletas recém-saídos da base, E um deles, por sinal, nem se encontra mais no Barradão. Foi cedido por empréstimo a outro clube, assim como muitos companheiros.

Apenas 3

Vamos aos dados: em 19 jogos na competição, o Vitória só utilizou o meia Eduardo e os atacantes Eron e Ruan Nascimento entre atletas revelados recentemente pelo clube. Convenhamos, algo muito aquém do que foi prometido pelo presidente Paulo Carneiro como meta para a temporada.

E olha que estou fazendo um esforço grande para considerar Eron como recém-revelado. Sua estreia foi em 2018 – há quase dois anos, portanto. De qualquer forma, o centroavante já está fora da Toca: foi emprestado para o Remo, onde disputa a Série C.

Tem mais: Ruan Nascimento entrou nessa lista, literalmente, nos últimos minutos do primeiro turno. O garoto de 19 anos fez sua estreia no time principal contra o Brasil de Pelotas, no dia 30, pela 19ª rodada, entrando aos 42 minutos.

O que quero dizer, no final, é que apenas Eduardo, de 20 anos, teve chances de fato nesse turno. Fez sete jogos, um como titular. Com o atual técnico Eduardo Barroca, porém, anda sem moral: fez sua última partida na derrota por 2×1 para o América-MG, a última sob comando de Bruno Pivetti.

Desconsidere

Por mais reclamações que essa atitude receba, não é justo considerar Ronaldo e Léo Ceará como crias recentes da base. O primeiro está no profissional desde 2016, enquanto o atacante está no time principal desde 2014, tendo atuado por outros três clubes.

Tampouco é justo colocar o zagueiro Wallace e o lateral direito Léo na conta de ‘ter metade do elenco formado na base’. São atletas com, pelo menos, dez anos de carreira profissional. Mostra, no entanto, um carinho do Leão com suas crias, o que é importante.

John deu conta do recado quando foi colocado ‘na fogueira’ contra o Ceará (Foto: Letícia Martins / EC Vitória)

Nem no banco?

O que, para mim, não faz muito sentido é ver os garotos que Paulo Carneiro tanto queria revelar perdendo espaço para atletas contratados que, até o fim deste primeiro turno, não justificaram essa preferência por parte da diretoria e dos treinadores.

Por exemplo: em que momento Gabriel Furtado, zagueiro contratado em janeiro, mostrou mais futebol ou potencial do que John, de 18 anos? Quando acionado, num jogo difícil contra o Ceará pela Copa do Brasil, o garoto da casa deu conta do recado.

Hoje, Gabriel Furtado é quarta opção para a zaga. John não poderia fazer esse papel de opção? Pelo visto, será bem aproveitado no time sub-20 do Corinthians. Tomara que volte antes de ser vendido por uma pechincha.

O Vitória contratou atletas do porte de Matheusinho e Rodrigo Carioca, que hoje são quarta e quinta opção para as ‘pontas’. Eu pergunto: em que essa função não poderia ser exercida por Ruan Levine (emprestado ao Jacuipense), Caíque Souza, Gabriel Santiago, Ruan Nascimento, entre outros?

Maykon Douglas: volante da seleção brasileira segue no elenco à espera de chances (Foto: Letícia Martins / EC Vitória)

Eduardo é hoje quarta opção para atuar como meia, atrás de Marcelinho, Júnior Quixadá e Thiago Lopes, todos contratados para a Série B. Terá alguma chance de jogar ainda em 2020 ou será mais um emprestado?

Existem outras funções que poderíamos citar aqui. Por onde andam Maykon Douglas e Matheus Tenório, que começaram o ano no time principal? Não poderiam ter algum papel pelo menos no banco da equipe? E Eron, não teria feito mais em poucas oportunidades do que Júnior Viçosa em tantas?

Para pensar

Por outro lado, é preciso fazer um tantinho de reflexão. Sem dúvidas, a pandemia da covid-19, que resultou, entre tantas coisas, também no cancelamento súbito da equipe sub-23, atrapalhou aquele planejamento traçado no início do ano.

O objetivo era testar os garotos no Campeonato Baiano, de menor nível de dificuldade, e observar quem poderia ter espaço na Série B. Não foi possível.

E é claro que não se pode colocar todo o peso que o Vitória carrega nesse momento, caindo pela tabela abaixo, nos ombros de garotos recém-saídos da base. Não é disso que estamos falando: tanto é que, em todos os exemplos citados nesse texto, tratei de imaginar um lugar para esses moleques no banco de reservas. Sem peso, mas fazendo parte do elenco. Afinal, era esse o planejamento para 2020.

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