Estava guardado, preso na garganta, ou – adaptando aos novos tempos – entre os dedos. Foi só chegar novembro que fui marcado em uma tweet de Danilo, torcedor do Ceará, que resgatou um dos muitos debates gerados por uma thread que escrevi no dia 4 de janeiro – exatamente 10 meses atrás – e que, desde então, despertou a ira de parte dos alvinegros. Uma grande parte, diria.

A tuitada que abre o fio, naturalmente, teve um alcance incomparável com as duas que completam o argumento. Foi lida por 67 mil pessoas, enquanto a segunda atingiu pouco mais de 13 mil e a terceira, 10 mil. Assim, ela vem me acompanhando a cada passo sólido do Ceará nesta temporada. Parte dos torcedores reconhece que o “aviso” se confirmou. A tal “bomba” foi sendo, aos poucos, desarmada pela direção do clube. Pedaço por pedaço. Uma necessária correção de rumo que evitou o completo descarrilamento do clube.
Foram seis alvos citados na análise que abre a thread:
- Argel dispensa comentários. Era pavio da bomba. Rapidamente cortado.
- Rogério e Rodrigão logo se mostraram fracassos absolutos – e não havia chance de ser diferente pelo retrospecto recente de cada um. Pesaram nas contas do clube sem nenhum retorno dentro de campo.
- Sobre Rafel Sóbis, a definição “longe dos melhores dias” se confirma a cada jogo. A cada atuação que varia entre fraca e mediana. Bons jogos foram raros.
- O 5º alvo foi múltiplo: os “muitos remanescentes de uma campanha fraquíssima”. Quase todos, hoje, fora do clube. Resta apenas Wescley – que vem recebendo algumas chances de Guto Ferreira.
- Enfim chegamos ao 6º alvo. Vinicius. Hoje Vina.

As mais de 50 mil pessoas que leram apenas a primeira tuitada não viram meu detalhamento sobre o meia logo abaixo: “Boa distribuição, boa finalização e ótima bola parada”, resumi. Porém reforcei sua baixa intensidade. Uma constante em sua carreira. Daí seguiram os muitos debates. Em um deles questionei: “Você já viu Vinícius jogando 90 minutos?”.
No resgate de Danilo, personagem que trouxe na abertura deste texto, ele colou um print meu desafiando: “Ok. Em novembro de 2020 a gente se fala”. Eu mesmo achei que era continuação do debate em torno de Vinícius. E foi justamente o que me despertou a ideia para fazer este texto – abordando o quanto Vina faz uma temporada muito acima da sua própria média. Acima de qualquer radar. De qualquer expectativa ou previsão. O desempenho dentro de campo impressiona e é comprovado por números de impacto.
Ainda restam, no mínimo, 22 jogos para o Ceará na temporada – podendo chegar a 26. Com 40 partidas disputadas, Vina tem 15 gols (0,35 por jogo). O máximo que já tinha feito na carreira foram 13 em 60 jogos pelo Bahia (0,21).
Em palavras e números, o Vina de 2020 é outro jogador. O melhor e – disparado – o mais decisivo em ação no futebol do Nordeste. E, obviamente, seu desempenho e até mesmo sua antes questionável intensidade estão muito acima da faixa em eu, particularmente, achava possível que o meia rendesse. Se eu pudesse entrar em um Delorean e voltar no tempo até 4 de janeiro, escreveria tudo outra vez. Sem mudar nenhuma palavra. Nenhuma vírgula. Afinal as análises são estruturadas a partir de uma base de conhecimento e acompanhamento prévio e não de uma “bola de cristal”.
Pode dar errado algumas vezes? Claro. Mas não existe forma mais segura e fundamentada de fazê-la.
Inclusive a tal mensagem recortada por Danilo “Em novembro de 2020 a gente se fala” era, na verdade, sobre Rodrigão. Que, justamente nesta quinta-feira, 4 de novembro, estava fechando seu retorno ao Avaí para disputar novamente a segunda divisão – pelo terceiro ano consecutivo. Na temporada, foram 9 partidas e apenas um gol marcado pelo Ceará.
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