Por si só, o gol de Zeca nesta segunda-feira já teria seus próprios motivos de redenção para o lateral do Bahia. Contestado pela torcida nas poucas oportunidades que recebeu para jogar, não entrava em campo há mais de dois meses. Nesta segunda-feira, ao entrar no decorrer da partida contra o Coritiba, foi mais do que participativo e marcou o gol da virada, no triunfo que há 35 anos não acontecia no Couto Pereira. Na comemoração, o choro de Zeca porém ia muito além das quatro linhas. Se misturava com a própria história de vida do jogador.
O motivo de Zeca não jogar desde setembro foi a liberação do clube para acompanhar a saúde da mãe. Dona Lucimara Neves Cracco, no entanto, não resistiu e faleceu no último dia 3 de outubro, bastante jovem, aos 45 anos. Hoje, no dia do jogo, ela completaria 46 anos. O gol foi a melhor forma que ele encontrou para homenageá-la. Pois nas palavras, durante a entrevista pós-jogo, nem o próprio Zeca conseguia explicar.
“É um gol que só Deus explica. Porque eu entro no segundo tempo, e foi tão recente, há um mês… e eu poder fazer esse gol para ela, e homenagear ela… é uma honra para mim. Uma alegria imensa para mim”, respondeu Zeca. “Claro que eu queria chegar no vestiário e poder ligar para ela, falar desse gol, que amo ela, mas a vida é assim. Tem que enfrentar tudo e… não tenho palavras para agradecer. Obrigado”, encerrou em lágrimas.
O abraço do grupo
No momento da comemoração, Zeca encontrou os braços dos companheiros de equipe, que partiram para festejar o momento da virada do placar. Mas antes de tudo, por entenderem o momento delicado para o lateral. Humano, de carne e osso, com suas dores e suas superações. Como qualquer um.
“Às vezes as pessoas não sabem muito da vida da gente, e hoje era um dia muito especial para Zeca. Dentro de cada pessoa você nunca sabe como vai ser a reação emocional. E quando ele marcou o gol, caiu aos prantos e todo mundo abraçou, porque sabia o que significava para ele. Futebol é feito dessas coisas”, comentou Mano Menezes após o jogo.
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