Contestado a talismã: Victor Rangel se firma na reta final da Série C

A temporada 2020 ficará marcada para o atacante Victor Rangel como uma das mais desafiadoras da sua carreira. No ano que marca uma adaptação ao mercado, deixou o Botafogo – primeiro emprestado e depois negociado em definitivo – para jogar a Série C pelo Santa Cruz. Depois de chegar com pompas ao Arruda, demorou para se firmar e atravessou um longo jejum, aliado ao maior drama da carreira, porém retomou as boas apresentações.

O centroavante virou até talismã nos treinos de rachão, e no quadrangular final tem sido importante para a reação da equipe coral, recebendo elogios do técnico Marcelo Martelotte, que sinaliza a sua manutenção como titular.

Primeira boa impressão

Victor Rangel chegou ao Santa Cruz com a temporada já em curso, quando o time dominava a tabela do Campeonato Pernambucano e tentava se firmar na Copa do Nordeste. Na estreia, contra o Afogados, jogou ao lado de Pipico e ambos tiveram uma boa apresentação juntos, na vitória por 2×0. E quando Pipico se lesionou, logo em seguida, caiu sobre Rangel as esperanças de se firmar como substituto do ídolo e artilheiro do clube há dois anos. E contra o Náutico Rangel até fez uma boa partida, marcando um dos gols da vitória também por 2×0, que se tornaria referência do seu desempenho dentro de campo a partir de então.

A queda

Mas a partir disso, Rangel viveria um jejum de quase oito meses sem balançar as redes, sendo os dois últimos os mais turbulentos para o fator emocional do atleta. Foi o período em que o filho recém nascido, Miguel, batalhou pela vida na UTI, sendo submetido a três cirurgias para corrigir uma má formação no esôfago. Quando o caso veio à tona, Victor Rangel se dividia entre os treinos e a concentração nos jogos da Série C e as visitas à família para dar apoio na batalha do filho. Aos poucos, as cobranças se transformaram em apoio, que ia de torcedores a rivais.

A recuperação

No exato dia 22 de outubro, Victor Rangel ganhou o maior prêmio do ano, ao receber a notícia da alta recebida por Miguel. Daí em diante, as coisas passaram a melhorar para o atleta também em campo. Já no jogo seguinte, uma semana depois, o atacante enfim encerrou o jejum de gols, contra o Imperatriz, na goleada por 6×1. Foi se firmando, até contrair a Covid-19 e novamente perder espaço na equipe, ao ponto de não ser utilizado na estreia do quadrangular, contra o Brusque.

Porém, mesmo na derrota para o Vila Nova em casa, marcou o gol de honra da equipe e foi um dos que mais se destacaram na ocasião. E contra o Ituano, no último sábado, foi acionado novamente ao lado de Pipico como titular, sendo o responsável pela assistência para o gol de Chiquinho, que abriria o caminho para a virada, a primeira vitória na fase decisiva. Vitória que veio justamente quando o time do jogador nos treinos de ‘rachão’ voltou a vencer, o que para os torcedores supersticiosos se tornou mais um motivo de tratar Rangel como talismã.

Elogios do chefe

E depois do jogo contra o Ituano, dificilmente Rangel deve perder espaço na equipe, ao menos no que depender da avaliação pós partida do técnico Marcelo Martelotte. Elucidando que pediu ao jogador a função de ponta pela esquerda, o treinador reconheceu que também passa a ganhar com presença de área com o atleta em campo ao lado de Pipico.

“Nós não tivemos dois centroavantes centralizados. A gente tem uma participação muito efetiva do Victor Rangel no jogo, participando inclusive do primeiro gol com assistência e bem desde o primeiro tempo, fazendo uma função pelo lado esquerdo, que eu acho e entendo que ele faça muito bem”, iniciou, sem cravar a manutenção de Rangel.

“É lógico que é uma característica dele e você tem muitas vezes um posicionamento mais central. Também há a oportunidade de ter dois jogadores de área em alguns momentos, mas a gente vai estudar durante a semana o que será a estratégia do próximo jogo.”

Porém, Martelotte se mostrou contente pela postura do jogador. “Fiquei satisfeito, sim, pela participação do Victor Rangel, principalmente porque ele é um jogador que se entrega muito e consegue fazer uma função que que muitas vezes parece difícil para ele. Mas ele se entrega muito e consegue fazer, principalmente sem a posse da bola. Marca bem, ajudar a quebrar a marcação do adversário, criar problemas para defesa adversária quando a gente ataca. Então é um jogador que foi recuperado dentro do campeonato, teve momentos difíceis, e hoje, mais uma vez, foi importante para a nossa vitória.”