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Ao NE45, Oliveira Canindé fala do susto com a Covid-19 e alerta: “negacionismo é burrice”

Foto: Arquivo Pessoal

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Com um currículo recheado de títulos pelo Nordeste, como a Copa do Nordeste de 2013 pelo Campinense, o Campeonato Potiguar de 2014 com o América-RN e a Série D de 2010 à frente do Guarany de Sobral, o técnico cearense Oliveira Canindé, de 55 anos, vem conquistando uma das suas maiores vitórias. A recuperação da Covid-19. 

Internado há duas semanas no Hospital Geral de Fortaleza, o treinador tem previsão de alta para a próxima sexta-feira e falou por telefone com a reportagem do NE45. Com contrato firmado para assumir o Bahia de Feira, o técnico revelou o medo e os problemas que precisou passar por conta da doença e mandou um recado direto para os que ainda insistem em minimizar a pandemia do novo coronavírus, que já matou mais de 218 mil pessoas no Brasil.  “Negacionismo é burrice”.

Confira a entrevista completa

Como o senhor descobriu que estava com a Covid-19 e como foi a sua internação?

Eu iria na segunda-feira (17) para o Bahia de Feira. Mas ao invés de ir ao aeroporto e vim para o hospital porque senti fortes dores de cabeça. Quando cheguei, o médico disse que eu teria que me internar. Eu já estava com a Covid. Peguei a doença na passagem de ano e até agora ainda estou com ela. Eu estava me cuidando e morrendo de medo, porque vi a situação do Marcelo Veiga (treinador) e do Cleber (Arado, ex-atacante do Ceará), dois caras ainda novos (ambos falecidos em decorrência da Covid-19). 

Quais os sintomas que o senhor sentiu?

Eu vinha sentindo dores, todos aqueles incômodos e fui fazer uma tomografia para saber o que encontrava, porque também estava com tosse. E acusou um comprometimento do pulmão. De repente, você fica todo mole, sem paladar, sem sentir cheiro, com febre, dores de cabeça, arrebentado. Isso tudo em casa, isolado, com medo de ser hospitalizado e ser entubado. Mas comecei a sentir dores de cabeça muito fortes e essas dores tiravam as minhas forças. Foi quando vim para o hospital. Fiz todos os exames possíveis e ainda estou aqui em tratamento. Os médicos são maravilhosos. E apesar de tudo, coisas boas, mesmo nos momentos ruins, também acontecem. Encontrei aqui um médico que foi ex-atleta da base do Fortaleza e outro, que o pai foi atleta comigo na seleção de Canindé.

Como está a sua recuperação?

Do jeito que eu cheguei aqui eu não iria conseguir dar essa entrevista, apesar de não ter precisado ir para a UTI. Hoje em dia não tenho sequelas de nada. Só estamos tomando alguns remédios, que ainda precisam se adequar ao que eu preciso quando sair daqui. Para isso, esses remédios precisam funcionar a contento. Mas hoje, inclusive, deveria ser o dia de eu ir para casa. Só não recebi a alta porque o remédio não atingiu o nível que os médicos precisavam para me liberar. Então vou fazer mais alguns exames para ver se até sexta-feira eu saio daqui. Essa é a previsão.

O que o senhor falaria para as pessoas que ainda insistem em minimizar essa doença?

Se certas pessoas tivessem noção do que as esperam a partir do momento em que você contrai essa doença, eles jamais iriam para qualquer aglomeração e se afastariam de tudo. Espero que as pessoas tenham consciência. Eu vim parar aqui por causa de um dia. Porque peguei essa doença na passagem de ano, quando fui a Itatira (município a 149 quilômetros de Fortaleza)  inaugurar um campo. Sem falar que, ao contrair a doença, você coloca toda a sua família em risco, porque a minha esposa e a minha filha caçula se contaminaram por minha causa. Minha esposa está em casa, mas até hoje com os sintomas. Com a minha filha, graças a Deus, os sintomas foram mais leves. E as duas estavam isoladas de tudo. Mas eu fui lá fora e trouxe. Então de que adianta elas se isolarem se eu não me isolei como deveria? Você não pode pensar só em você, mas sim na sua família. Se você tiver um idoso na sua casa ou uma pessoa que tenha alguma complicação e você contrair a doença, tenha certeza absoluta de que você poderá matar alguém da sua família. E é para ter medo mesmo porque é assustador as situações que você encontra em alguns hospitais devido ao sofrimento que essa Covid causa.

O senhor tinha assinado contrato com o Bahia de Feira, Após ser liberado, ainda vai se apresentar ao clube? 

A passagem já está marcada para a próxima segunda-feira e tenho conversado direto com a direção do Bahia. Eu preciso ficar bem o mais rápido possível para poder cumprir com o que nós acordamos. Espero que dê tudo certo. Estou muito bem, mas ainda preciso de algumas situações para sair tranquilo. Com isso, tenho certeza que tudo se encaminhará com normalidade.

E torcer agora para chegar logo a vacina

Todos nós precisamos nos vacinar. Não abro mão da minha vacina. Eu vou me vacinar. É uma esperança grande porque tenho na família algumas pessoas de idade e com outros problemas que precisam da vacina e da imunização para saírem de casa. Enquanto outras pessoas seguem achando que não tem risco, usando da burrice do negacionismo. Negacionismo é burrice porque você pode pegar e se arrebentar. E não vai ter negacionismo que proteja depois de pegar a Covid-19. E se tiver complicações, então o negacionismo vai ser infelizmente o sepultamento. Porque não tem outro caminho. Essa é uma doença infeliz, covarde e que ataca nos seus pontos fracos, mesmo que você não saiba quais são.

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