Everton Felipe voltou ao Sport em busca de retomar a confiança e obter sequência de jogos, como ele mesmo afirmou quando apresentado pelo clube. O início, entretanto, não foi o esperado. Com um rendimento baixo – entre o longo período que ficou inativo pelo São Paulo e um quadro de depressão que só veio à tona dois meses depois do desembarque no Recife -, o meia-atacante encontrou dificuldades em campo. Porém, nos últimos três jogos, apresentou uma melhora em relação ao que vinha exibindo.
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A crescente de Everton Felipe começou contra o América-MG, duelo em que ele saiu do banco no segundo tempo e ajudou o Sport, que tinha um a menos, a marcar duas vezes. Com entrega para compensar a inferioridade numérica e volume pelo lado direito, começou com ele a jogada do primeiro gol – acionou Ewerthon, que deu assistência para Mikael. Apesar da luta, o Rubro-negro acabaria derrotado.
No confronto seguinte, diante do Ceará, foi titular por conta do desfalque de Gustavo e novamente apresentou bons momentos, com movimentação e procura pelo jogo. O gol anotado pelo Sport com Mikael, inclusive, teve assistência de Everton Felipe, que cruzou para o centroavante ganhar da marcação e deixar tudo igual – assim como no duelo anterior, o Leão terminaria perdendo.
Por fim, na última quinta-feira, possivelmente a melhor atuação do meia-atacante, ainda que não tenha tido participação direta em gol. Titular mais uma vez – agora por opção técnica, desbancando Moccelin -, deu intensidade e dinâmica ao time contra o Bahia.
Após o jogo, o técnico Gustavo Florentín falou sobre Everton Felipe e revelou uma conversa que teve com ele, onde destacou um pedido para que o jogador tenha mais consistência na carreira.
“Everton Felipe está tendo um nível de menos para mais, onde já se vão três jogos seguidos que ele está tendo uma regularidade. Para ser honesto, eu tive uma reunião com ele onde disse que ele precisava ter uma estabilidade em sua carreira. O que isso significa? Significa que ele precisa manter um bom nível de desempenho, porque ele estava tendo um nível de desempenho como uma montanha-russa”, afirmou o treinador. “Ele é um bom menino, um bom jogador, muito profissional e está tendo muito boas atuações”, acrescentou o comandante.
Depois das declarações do técnico paraguaio, Everton Felipe concedeu entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira, na Ilha do Retiro, e não apenas falou sobre o papo que tiveram, como reconheceu ainda os momentos de irregularidade nos últimos anos.
“Professor Gustavo vem conversando comigo há muito tempo, desde que ele chegou aqui. Acho que ele com certeza procura saber o histórico dos jogadores, então acho que viu meus jogos, o que fiz aqui, então sempre teve uma conversa comigo. Mas essa conversa foi sobre rendimento. E para ser bem sincero, se eu conseguisse manter esse desempenho que eu tive nos últimos três jogos, eu estaria na Europa há tempos. A minha carreira, para ser sincero, é de altos e baixos”, admitiu o meia-atacante.
“O melhor ano que eu tive aqui no Sport foi com Luxemburgo, em 2017, onde mantive uma regularidade de 21 jogos, quando apareceram propostas, (mas) acabei me machucando. Nos outros anos eu tive altos e baixos, e foi essa conversa que ele teve comigo, especificamente isso, que eu teria que manter uma regularidade na minha carreira para poder alçar voos altos. Por isso que estava nesses altos e baixos, venho oscilando muito, tenho ciência disso, me cobro bastante. Então é trabalhar, procurar ganhar em todos os aspectos para manter essa regularidade nesses quatro jogos e conseguirmos a vitória que é o meu principal objetivo neste momento”, acrescentou o jogador.
Para além da conversa que tiveram em relação à carreira do meia-atacante, Everton Felipe aproveitou para enaltecer a postura de Florentín no dia-a-dia. Tanto do ponto de vista profissional, como também ‘’humano’’ do treinador – em outubro, o atleta revelou que tinha depressão.
“Falar de Gustavo é meio difícil para mim. Um cara que eu gosto para caramba, independentemente de estar jogando ou não, sempre deixei claro que gostava da pessoa dele porque além de um bom treinador, ele sabe entender o lado ser humano de todo atleta e é muito difícil isso no futebol, falo por todos os lugares que passei. A maioria é cobrar, cobrar e cobrar. Sendo que o jogador também é ser humano. A gente sente, tem problemas, temos o nosso lado”, disse o jogador.
“Então sou muito feliz de trabalhar com ele por isso. E com toda a comissão técnica dele, Héctor (Nunez, auxiliar), José (Luiz Nunez, preparador físico)… É um cara que além de bom treinador, tem o lado humano, sabe quando tem que conversar, sabe quando tem que dar porrada. É o jeito dele, a garra, raça, vontade, força que ele tem para estar brigando o tempo todo. Então sou suspeito para falar dele e de toda a comissão técnica, que me dou bem para caramba, independentemente de estar jogando ou não”, concluiu.
De volta ao clube pernambucano desde o início de agosto, Everton Felipe tem 16 partidas (sendo oito como titular), mas ainda não balançou as redes.
As quatro partidas que ele se referiu na entrevista, aliás, são as rodadas finais do Brasileirão, onde o Sport tenta o milagre da permanência e precisa vencer todas elas para chegar aos 45 pontos, margem tida como historicamente segura contra a degola. Apesar da vitória no confronto direto diante do Esquadrão, o cenário segue bem adverso.
Atualmente, o Rubro-negro figura no 18º lugar, com 33 pontos, seis abaixo do Juventude, primeiro time fora da zona de rebaixamento. Nas próximas duas rodadas, o Sport não joga – confronto antecipado contra Red Bull Bragantino e adiado contra o Flamengo – e só volta a campo no final de semana seguinte, diante do São Paulo, no Morumbi.
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