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Neilton aponta erro médico e negligência do Sport em lesão

Crédito: Anderson Stevens/Sport

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O ano trágico do Sport parece longe de acabar mesmo com o rebaixamento à Série B sendo decretado três rodadas antes do fim do Brasileirão. Afastado dos gramados desde a final do Pernambucano, em maio, o atacante Neílton quebrou o silêncio sobre sua ausência durante a reta final da Série A, através das suas redes sociais, apontando erros médicos e negligência das gestões do Leão no tratamento de sua lesão no tornozelo.

A história contada pelo jogador começa no dia 23 de maio, quando ele sente um problema no tornozelo. De acordo com Neilton, os exames de imagem indicaram a necessidade de uma artroscopia, mas o departamento médico do Sport optou por um tratamento mais conservador. Assim, foram dois meses sentindo dores e passando por tratamentos com a fisioterapia e infiltrações até que os médicos da nova gestão autorizassem o procedimento, em julho, mas não com o seu médico, como solicitou o avançado. O clube designou um médico da sua confiança para realizar a operação.

Com a previsão de retorno para 40 dias após a cirurgia, Neilton contou ainda que na volta às atividades passou a sentir dores ainda mais intensas que antes. Em meados de setembro, já entregue à transição física, os médicos do clube lhe receitaram uma nova infiltração para amenizar a dor, mas novamente sem efeito. Sem conseguir retornar aos gramados, o atacante aponta que ficou com a carga horária ociosa no clube.

O atleta contou que refez os exames e pediu para que seu médico de confiança entrar em contato com o Sport, uma vez que foi detectada que a situação se encontrava pior que antes. Após o contato, o médico leonino teria desencorajado Neilton a passar por um novo procedimento, alegando que ele ” corria o risco de não conseguir jogar bola nunca mais”.

Por fim, o jogador conta retornou para casa em outubro e conseguiu fazer sua cirurgia em novembro. Neílton ainda relata que comunicou ao Coritiba, clube que o emprestou ao Sport e com quem tem contrato até o final de 2022, sobre a negligência que alega ter sofrido dos médicos e gestões leoninas.

Caso Rithely

Após o pronunciamento de Neilton, o ex-leonino Rithely também se manifestou nas redes sociais. Além de prestar apoio ao atacante, o volante também apontou ter sido alvo de negligência médica em recuperação de lesões com a camisa do Sport. O meio-campista, que encerrou sua primeira passagem pelo Sport em 2018, colocou que também precisou arcar com custos do próprio tratamento e deu a entender que o atacante Leandro Pereira também teria sofrido com problemas no DM leonino.

“Força irmão, logo logo você vai estar de volta fazendo o que mais ama. “Atletas continuam sendo prejudicados por culpa de profissionais que não estão exercendo a função de acordo com o que estudaram, mentindo para os atletas dizendo que eles não tem nada e os pressionando a fazer infiltrações, e nós atletas por amar nossa profissão aceitamos achando que isso será reconhecido por alguém, algo que nunca acontece. Nunca postei nada sobre a minha cirurgia mas a parte financeira foi exatamente a mesma coisa, a negligência de alguns profissionais também foi a mesma. Foi mal desabafei! Né, Leandro Pereira? Corri aqui rapidinho”, disparou.

Confira, na íntegra, o depoimento do atacante Neílton:

No dia 23/05/21 me machuquei na final do Pernambucano, no jogo entre Sport x Náutico e três dias depois fiz o exame de ressonância, onde constava que tive uma lesão grave no tornozelo direito, no qual eu precisaria passar por uma cirurgia de artroscopia de imediato. Mesmo o clube ciente disso quiseram fazer o tratamento fisioterapêutico, passaram-se meses e não tivemos melhora. Então o clube optou por fazer infiltração, foram cerca de 16 agulhadas e mesmo assim não obtivemos resposta. Confiei no departamento médico pois acreditei que eles sabiam o que estavam fazendo.

Como a minha vontade era de estar em campo, tentei voltar mesmo sentindo fortes dores, joguei 6 partidas e no jogo contra o Atlético-GO optei por conta própria parar e refazer os exames. Refiz todos os exames e deram os mesmos resultados daquele do dia 26/05/21, então questionei o departamento médico como resolveríamos o meu problema e eles não me davam uma resposta. Foram semanas parado na fisioterapia e ninguém resolvia o meu problema, brigava com os médicos diariamente.

No mês de julho refiz, mais uma vez, os exames e nada do que foi proposto pelos médicos alterou o resultado dos exames anteriores, já que todos sabiam que a única solução desde o começo era a cirurgia. Conversei então com o meu empresário e ele encaminhou os exames para um médico de nossa confiança, que apenas olhando aqueles papéis descreveu tudo o que eu sentia quando andava e tentava correr, falou que a única solução era passar imediatamente por uma cirurgia de artroscopia. Passei isso para o departamento médico do Sport e eles tentavam justificar e me convencer que eu não precisava passar por uma cirurgia e que só com trabalhos fisioterapêuticos eu iria melhorar. Passado quase dois meses da minha lesão o discurso médico era sempre o mesmo, até que em julho mudou o departamento médico inteiro. Saíram sem ao menos me dar uma explicação ou solução do meu caso.

Com a chegada do novo departamento médico mostrei todos os meus exames e expliquei toda a minha situação, e eles realmente viram que eu precisava de uma cirurgia urgente. Eu e o meu empresário pedimos para que essa cirurgia fosse feita com um médico de nossa confiança e esse pedido foi negado. O clube me fez fazer a cirurgia com um médico que não era do Sport (sendo que eu não pude fazer com o meu, justamente por não ser do Sport) e eu se quer sabia do histórico desse médico. Na data do dia 24/07/21 foi feita a cirurgia, sem ao menos me pedirem os exames básicos pré-cirúrgico. A minha volta aos gramados estava programada para aproximadamente 40 dias após a cirurgia. Depois de um mês na fisioterapia comecei a fazer transição para academia e campo, mas ainda estava sentindo fortes dores e sem conseguir fazer os trabalhos, então avisei aos médicos e eles falavam que no início era normal, justificavam que eu estava muito tempo parado. Novamente confiei no departamento médico.

As dores eram piores do que antes da cirurgia, até que na data 08/09/21 durante um treino de transição falei aos doutores que não iria continuar porque essas dores não eram normais. Voltei para fisioterapia onde os fisios sempre cuidaram muito bem de mim e fizeram de tudo para que eu voltasse, mas o que eu tinha ia além do que eles podiam fazer. Chegava no clube todos os dias perguntando para eles o que seria feito porque eu queria voltar a jogar. Todos me davam desculpas, chegaram a falar que não tinha mais o que ser feito e tentavam me convencer a jogar mesmo lesionado. De tanto reclamar da dor refiz os exames e adivinhem? Os exames mostravam que eu estava pior do que antes da cirurgia que foi feito pelo médico de “confiança deles”.

Na data 14/09/21 mandaram eu fazer outra infiltração, eu não queria, mas no desespero de amenizar a minha dor e voltar a jogar eu fiz. Eles me pediram dois dias para “fazer o efeito”, porém não adiantou de nada, assim como todas as 16 anteriores. Voltei pra transição, não consegui e parei de vez.

Nesse período eu ia pro clube e era totalmente ignorado e me sentia humilhado, ninguém dava a mínima pro meu problema, chegava no clube e não tinha o que fazer, apenas cumprir minha carga horária. Foram me empurrando com a barriga, sem pensar no ser humano e no lado profissional.

Passei o último exame feito para meu médico de confiança e ele disse “seus exames mostram que você está pior do que antes da cirurgia”. Eu teria que passar por um novo procedimento cirúrgico. Eu e meu empresário cobrávamos diariamente o Sport para refazer a cirurgia, mas eles ignoravam com medo de se queimarem porque a primeira não foi bem sucedida e também porque faltava pouco para o meu contrato acabar.

Meu médico ligou para o médico do Sport e conversaram, ele passou para o clube a minha situação (que eles já sabiam desde o início) e no dia seguinte o médico do clube me chamou na sala dele e falou que essa cirurgia era muito arriscada e eu corria o risco de não conseguir jogar bola nunca mais, tentando me convencer a não fazer a cirurgia. Sai da sala totalmente sem chão e desolado, porque a minha única saída era refazer a cirurgia, já que eu não conseguia mais jogar da forma que estava. Cheguei na minha casa e chorei, pensei que minha carreira tivesse acabado ali. Explique toda a situação para minha esposa e meu empresário, e ela me disse “Isso tudo está muito estranho amor, as conversas não batem, você já ligou pro seu médico e perguntou o que ele passou para o clube?”. Então liguei e ele disse que não passou nada disso.

De agosto a novembro, todos os dias, falava, que estavam resolvendo a minha situação e não resolviam nada, só me enrolavam. Em uma conversa em outubro com o médico do Sport ele me sugeriu fazer outra infiltração, para tentar jogar o final do campeonato brasileiro e que se eu me saísse bem poderia arrumar um novo contrato bom. Depois de tanta mentira da parte deles, falei que eu não era nenhum moleque, que não estava iniciando na bola agora e que eu não iria mais fazer nada proposto por eles, a não ser a cirurgia.

O caso passou por todos os departamentos do clube, falei com presidente, diretor, departamento jurídico e médico. Meu empresário ligava todos os dias e eles passaram a não atender mais. Até que um dia cheguei pra todos e falei que se eles não arcassem e me liberassem para fazer a cirurgia eu iria fazer por conta própria, porque não podia mais esperar. Me senti humilhado e “largado”, não me deram atenção que eu necessitava durante todo esse período de maio até novembro.

No final de outubro fui liberado para voltar pra casa (em São Paulo) até resolver os últimos detalhes da cirurgia. Eles solicitaram todo o relatório e detalhes da cirurgia, que seria feita com meu médico de confiança, e após receberem tudo que foi pedido pararam de me atender e atender o meu empresário. A cirurgia já estava com data marcada e eles sumiram.

Como ainda tenho contrato até 12/2022 com o Coritiba e teria que voltar pra lá em janeiro, passamos toda a situação pra eles, que prontamente nos ajudaram e notificaram o Sport, por falta de assistência médica. Então, dia 19/11/21 realizei a nova cirurgia, arcando com todas as despesas. Para minha surpresa e do médico foi encontrado vários fragmentos no meu tornozelo, inclusive um fragmento bem grande como mostro na foto, foi feito o conserto da primeira cirurgia e uma segunda cirurgia que deveria ter sido feito em julho porém ignorada pelo departamento médico do Sport, na ocasião. Não obtive mais retorno da parte do Sport, nem se quer pra saber como havia sido a cirurgia.

Gostaria de agradecer imensamente o carinho e preocupação que a torcida teve comigo nesses últimos meses, gostaria de ter feito mais pelo time porém foi algo que não dependia só de mim. O Sport é um time gigante, mas infelizmente mal administrado. Ainda assim gostaria também de agradecer o apoio dos meus companheiros e alguns funcionários.

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