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Quem cobra faltas no Náutico, o problema por trás disso e notas sobre Dal Pozzo no Sport

Analista do NE45

Foto: Divulgação/ CNC e Divulgação/ JEC

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Durante o breve período de 13 meses em que trabalhei como analista de desempenho de futebol profissional no América/RN, vivenciei algumas situações que constantemente sinto reviver através do acompanhamento de outros times. Vamos a uma delas.

Jogaríamos a final (jogo único) do 2º turno do Campeonato Potiguar contra o rival ABC, que tinha a vantagem do mando de campo e do empate. Como o turno inaugural já havia sido vencido pelo mesmo ABC, o empate sacramentaria o título do do torneio. O então treinador do América tinha como protocolo realizar uma bateria de cobranças penais ao fim da última sessão de treino antes dos jogos (o famoso apronto) e, com base no aproveitamento (cada cobrador batia três pênaltis), se decidia a ordem de cobradores para a partida, ignorando o aproveitamento dos atletas em jogos. O método era questionável, mas simples de entender.

Para aquela decisão, a ordem dos cobradores ficou definida da seguinte forma: Huguinho, que havia convertido suas três cobranças, seria o responsável pela responsabilidade na marca de cal caso estivesse em campo. Na ausência de Huguinho, Zezinho, com duas conversões assumiria a batida. O terceiro da lista era Luisinho, que assim como Zezinho havia errado uma das cobranças, com a diferença de que o pênalti de Zezinho havia sido defendido pelo goleiro (ao menos acertou a barra) enquanto o de Luisinho fora para fora. Um critério de desempate tão subjetivo quanto o próprio método.

Ao fim do 1º tempo, um pênalti foi marcado em favor do América após falta dentro da área convertida em cima de Zezinho. Contudo, a hierarquia determinava que Huguinho era o incumbido da batida. Ele assumiu a responsabilidade e abriu o placar. O resultado dava o título ao América, mas durou apenas poucos minutos após a volta do intervalo. O ABC achou o empate numa falta. Huguinho foi substituído. Ficaram Zezinho e Luisinho. Nos acréscimos, um novo pênalti foi marcado.

A hierarquia estipulada pelo treinador indicava Zezinho como batedor. A hierarquia dos jogadores, contudo, era diferente. Zezinho era um recém-chegado no elenco. De fato, aquele era seu primeiro jogo com a camisa do América. E Luisinho era um atleta com excelente histórico penal. Meses antes havia convertido um pênalti que significou uma gorda premiação para o América na Copa do Brasil. Nos treinos, apesar de ter perdido uma cobrança na sessão pré-jogo, seu aproveitamento era quase irreparável – e suas cobranças eram sempre iguais: altas em chute cruzado.

Quase imediatamente ao ato da marcação do pênalti, Luisinho correu em direção a bola, segurou-a e não mais a soltou. Enquanto os jogadores do ABC cercavam o árbitro, Zezinho tentava pegar a bola do resistente Luisinho. Desistiu. Luisinho assumiu a cobrança, bateu sua batida (chute cruzado, alto) e isolou a bola. ABC campeão.

Levei mais parágrafos do que gostaria (e deveria) para contar a história. Suspeito também que não conseguirei sintetizar o que ainda está por vir no texto. (O leitor não pode reclamar de não ter sido avisado).

Desde minha deliberada saída do América (e do futebol), voltei a acompanhar o esporte como alguém de fora e com uma visão mais enviesada (e com dificuldade para encontrar a mesma paixão. Assunto para outro texto). Como torcedor declarado do Náutico, esse é, naturalmente, o time que mais vivencio (ao rubro-negro, paciência, pois há conteúdo para você também). E não consigo dissociar o momento alvirrubro daquela tarde em Natal, e não deixo de pensar que, a despeito de o clube estar numa Série B enquanto o América definha na D, a forma de fazer futebol do time do coração não está distante da do meu antigo empregador.

Os últimos jogos do alvirrubro pernambucano mostram uma tremenda confusão na definição dos cobradores. Jean Carlos, absoluto em Rosa e Silva nas últimas três temporadas, deixou de ser O homem da bola parada. Há poucas semanas, em Maceió, num jogo em que o Náutico perdia para o CSA por 3×0, uma falta frontal se apresentou. Com Jean Carlos em campo. Junior Tavares (que até já tem gol de falta marcado na temporada diante do fraco Sete de Setembro, mas que está longe de ser um especialista no fundamento) efetuou a cobrança. Parou na barreira.

Dias depois, jogando em Tocantinópolis contra o time da cidade pela Copa do Brasil, perdendo o jogo por 1×0 (e consequentemente dando um adeus precoce ao rentável torneio) e com menos de 10 minutos para serem jogados, uma nova falta frontal apareceu. Novamente com Jean Carlos em campo. Ele sequer se posicionou para a cobrança. Leandro Carvalho finalizou a bola alguns muitos metros por cima do gol.

Ambos os episódios ocorreram já sob a batuta de Felipe Conceição. Um problema não corrigido. Na injustificável derrota para o Sport por 1×2 nos Aflitos, no momento mais favorável para o Náutico no jogo (vencia, por 1×0, um oponente combalido), uma nova falta frontal foi marcada para o time de Conceição. O gol da vitória parcial fora marcado por Jean Carlos numa falta de expectativa de gol muito menor. O mesmo Jean Carlos estava em campo. Era não apenas o candidato natural ao posto de cobrador. Era, sem dúvidas, a única opção para o tiro. Pausa no tópico.

O plástico gol de Jean Carlos no lance derradeiro da etapa inaugural era o prêmio justo para uma equipe que só não construiu uma vantagem significativa antes por falta de qualidade ofensiva. Resolveu o único jogador que poderia, individualmente, resolver.

Na volta do intervalo, a tônica dos primeiros 45 minutos foi mantida. Um Sport afobado, com imensas dificuldades de sair da marcação pressionante do rival, não conseguia criar. Felipe Conceição vivia o ápice de seu sábado. É preciso enaltecer: mesmo com alguns desfalques relevantes, conseguiu fazer o Náutico performar um futebol envolvente e físico, aquilo que chegou se propondo a fazer.

Mas o jogo é, acima de tudo, comportamental. E pouco a pouco o Náutico foi denunciando um desinteresse pelo clássico. Uma morosidade incompreensível. Marcada por dois pilares: o primeiro deles, físico. Até pelo nível de intensidade imprimido com e sem bola, o time de Conceição (sobretudo o pelotão ofensivo) cansou. E haviam alternativas. O recém-chegado Léo Passos é um atleta conhecido pela capacidade de pressionar defesas adversárias. O Náutico construiu diversas blitz ao longo do confronto, forçando o erro dos zagueiros, laterais e volantes rubro-negros. Com o tempo, a manutenção dessas blitz somente seria possível com sangue novo. Conceição não o injetou. Até o fez, na verdade, acionando (com alguma demora – a primeira mudança ocorreu apenas com 23 minutos do segundo tempo) os jovens Juninho Carpina e Jhon Kennedy. Atletas sem a supracitada capacidade de pressionar. Custou caro. O Sport empatou o jogo. Dois minutos depois, vieram as mudanças que deveriam ter ocorrido com muita antecedência. Léo Passos na vaga de Wagninho. Thassio na de Ewandro. Amarildo na de Robinho. Surtiu efeito.

Uma jogada de linha de fundo de Thassio foi o momento mais promissor do Náutico após o empate adversário; uma tentativa de Léo Passos de romper linhas rubro-negras aos 49′ foi o ato mais ousado de um Náutico minúsculo no segundo tempo. Mas foi o Sport que encontrou o gol da vitória, num contra-ataque concluído por Ewerthon em (até aqui rara) falha de Lucas Perri.

Mas o gol do Sport, ainda que seja produto de méritos a serem mencionados do time, passa muito pela mensagem enviada pelo Náutico ao longo do 2º tempo. Fim da pausa. Quando teve, no segundo tempo, a falta frontal desenhada para a cobrança de Jean Carlos e prescindiu da cobrança o seu melhor cobrador para que Junior Tavares assumisse a batida pois “ele pediu para bater”, o Náutico enviou uma mensagem de desinteresse. E de desrespeito. E de soberba. O jogo estava longe de estar ganho. E mesmo que estivesse, a mensagem seria a mesma. Antes de revelá-la, me sinto obrigado a esclarecer:

É provável que, caso Jean Carlos tivesse sido o responsável pela cobrança, o destino da batida fosse o mesmo (tiro de meta para o Sport). Mas ao abdicar do seu melhor cobrador, o Náutico evidenciou algo que já há algum tempo é claro. O time não gosta do cheiro de sangue.

Sim, pois era esse o único cheiro permeando o ar na atmosfera do clássico. O Sport sangrava e não seria preciso muito para dilacerá-lo irreparavelmente. O desinteresse pelo aniquilamento foi evidenciado naquele lance. O Sport passou a gostar do jogo e, dentro de suas limitações, oferecer um perigo que até então era desconhecido. Isso aconteceu por tempo suficiente sem o dano de um gol sofrido para que Felipe Conceição pudesse fazer ajustes. Não ocorreram. Na bola parada, num escanteio originado após um lance infantil da defensiva alvirrubra, sai o empate.

É preciso dar ao jogo o peso que ele tem, para ambos os lados. Para o Náutico, acima de tudo, a derrota é vergonhosa, pela negação em nocautear um adversário nas cordas. Efetivamente falando, custou a possibilidade de ser o primeiro lugar geral do torneio e, a depender do resultado do clássico vindouro com o Santa Cruz no Arruda, pode custar também o acesso direto à semi-final. Sob todos os vieses, é um ocaso considerável. Que não deixa nenhuma lição nova, mas reforça duas que já são velhas.

  • A primeira delas é que a cultura profissional no clube ainda é uma realidade distante. Pode haver um executivo de futebol sem que isso signifique um futebol profissionalizado. A definição dos homens da bola parada na base da vontade dos jogadores de cobrar uma falta é um exemplo inquestionável e que exige a adoção de uma série de protocolos, pois como minha história prova, nem mesmo a autoridade do treinador pode ser suficiente para manter o respeito por uma hierarquia de cobranças. É preciso estipular protocolos que assegurem o cumprimento das determinações táticas-técnicas, tais como punição em caso de descumprimento. Zezinho, nosso Jean Carlos, precisa ter a segurança de que será o cobrador e ter sua confiança estimulada; Luisinho, o Júnior Tavares, precisa respeitar a determinação de seu comandante e saber que só poderá assumir as cobranças treinando e superando o desempenho de Zezinho. No América, a insubordinação de Luisinho foi um problema resolvido no vestiário, mas nem Luisinho nem o treinador desobedecido estão mais no clube, que por não ter tomado nenhuma atitude para precaver uma situação similar no futuro segue exposto a esse tipo de problema.
  • A segunda é que o elenco em questão segue sem saber como se portar em contextos variados. Os dois clássicos contra o Sport são os maiores expoentes. No 2×3 da Copa do Nordeste, o alvirrubro saiu na frente na Ilha do Retiro e após permitir que Mikael tivesse duas chances claras (e não aproveitadas), não conseguiu fechar espaços e levou o empate do ex-artilheiro rubro-negro no apagar das luzes no primeiro tempo. No segundo, levou a virada, teve um jogador expulso, mesmo com um a menos achou o empate e numa postura pouco prudente acabou levando o gol que sacramentou a derrota. Essa nova derrota, novamente de virada, mostra uma dificuldade da equipe em ler os momentos do jogo – na Ilha do Retiro, quando se demandava cautela, o time se lançou aleatoriamente ao ataque e perdeu o jogo; nos Aflitos, quando era o momento de liquidar o oponente, optou por abdicar de jogar e menosprezar suas oportunidades. Os jogos contra o Sport não são ponto fora da curva e mesmo times mais frágeis, como o Afogados, conseguiram recuperar vantagens abertas pelo alvirrubro.

Para o Sport, a vitória foi, sem dúvidas, uma injeção de confiança. A imposição sobre o rival, repetindo o roteiro visto contra o Bahia, mostra que a despeito da ausência de opções e qualidade, há um querer por parte do grupo. O mérito do Sport no jogo foi querer.

Aproveitando o momento positivo construído com a vitória nos Aflitos, o clube oficializou a surpreendente contratação de Gilmar dal Pozzo. O técnico destoa do perfil estipulado pela direção rubro-negra após a demissão de Gustavo Florentín e foi trazido resguardado por justificativas inusitadas: caráter (se assume ser um pré-requisito), consultas a profissionais que trabalharam com Dal Pozzo (outro pré-requisito) e a imprensa (quase sempre operando num escopo de avaliação dissonante das necessidades de um clube). Nenhuma fala sobre o jogo jogado e como Dal Pozzo pode acrescentar a ele. Apenas a menção de que é um treinador experiente em acessos (um critério que, se seguido a risca, levaria Givanildo Oliveira ou Geninho a assumir o comando leonino, ambos com muito mais respaldo ascendente que Gilmar dal Pozzo).

Eis o que posso dizer.

Ao contrário do senso comum estabelecido, Gilmar dal Pozzo não é um técnico carente de repertório tático. No Náutico, se mostrou um estrategista nas duas passagens, sempre optando por variações na proposta de jogo que se mostravam desafiadoras para os treinadores adversários. Em 2019, na campanha do título da Série C, Dal Pozzo mantinha a estrutura tática (4-3-3) mas alterando a altura do bloco de marcação e os gatilhos de pressão de acordo com o adversário. Fez boas partidas marcando com o bloco baixo (vitória contra o Botafogo/PB em João Pessoa, na penúltima rodada da fase de grupos) e alto (derrota para o Juventude no jogo de ida da semi-final), recuperou jogadores encostados no elenco (algo imprescindível para o atual Sport), com maior destaque para Matheus Carvalho, que passou três meses sem atuar com Márcio Goiano por opção técnica.

Seu maior defeito (explicitado em duas passagens) é a carência no conhecimento de mercado. A restrição ao mercado do futebol do Sul (onde desenvolveu a maior parte da sua carreira) e a afinidade com jogadores de baixo nível competitivo foram os maiores ofensores nesse sentido. Essa, contudo, é uma preocupação que não deveria existir, visto que, em tese, um clube do patamar do Sport deveria possuir um centro de inteligência pró-ativo e que fornecesse aos tomadores de decisão do clube jogadores aptos a performar dentro da proposta de jogo de Gilmar dal Pozzo. É infundado, contudo, o argumento de que é um técnico sem repertório tático. Nas quatro linhas, Dal Pozzo peca pela dificuldade em encontrar uma proposta de jogo de desempenho duradouro. Sempre se saiu melhor nas vezes em que encontrou uma variação estrutural. Essa é, inclusive, a origem da famosa “diarreia mental” cunhada na história do podcast 45 Minutos.

No Estadual de 2016, edição na qual Gilmar dal Pozzo comandou o Náutico até a eliminação na semi-final para o Santa Cruz, Dal Pozzo foi para um clássico contra o Santa Cruz no Arruda enfrentar o treinador Marcelo Martelotte. O retrospecto recente era absoluto: na reta final da Série B 2015, o Náutico de Dal Pozzo havia, de virada, vencido o Santa Cruz de Martelotte no Arruda por 3×1; e na 1ª rodada daquele certame, a vitória por 2×0 do time de Dal Pozzo foi construída na Arena Pernambuco.

No clássico de 2015, Dal Pozzo optara por um time com três volantes, sendo dois deles de pegada mais forte (João Ananias e Jackson Caucaia) e um de mais qualidade nas bolas longas (Fillipe Soutto) que seriam exploradas em benefício de Hiltinho e Bergson, tendo Daniel Morais como referência para o trabalho de pivô. O gol de empate teve o recurso do pivô de Daniel Morais, e o gol que sacramentou a vitória saiu de um lançamento longo de Fillipe Soutto para Hiltinho.

Na vitória na Arena Pernambuco, Dal Pozzo optou por um 4-3-3 com dois volantes, um meia e dois pontas (Rony e Bergson) com um centroavante de referência. A proposta foi baseada na capacidade dos pontas de explorar a deficiência da pesada linha de 4 do Santa Cruz, que contava com Alemão, Danny Morais e Tiago Costa. Os gols da vitória saíram em contra-ataques, num pênalti sofrido por Rony e numa arrancada de Bergson.

Para o novo embate, Dal Pozzo optou por reproduzir parcialmente a proposta da vitória de meses atrás no Arruda, acionando Gil Mineiro como terceiro volante. O Náutico criou diversas possibilidades de gol sobretudo no 1º tempo, boa parte delas tendo Gil Mineiro como válvula de escape. O jogo acabou empatado em 1×1, mas mesmo jogando na casa do adversário o Náutico foi um time com mais volume de jogo.

Chegamos, então, a “diarreia mental”. A alcunha vem da escalação de Gil Mineiro no jogo de ida da semi-final do Pernambucano de 2016, vencido pelo Santa Cruz por 3×1. O treinador coral já não era mais Marcelo Martelotte e sim Milton Mendes, que seguramente assistira ao compacto do empate mais recente que tivera Gil Mineiro como motorzinho alvirrubro. Gil era um jogador limitado tecnicamente e Milton Mendes montou uma estrutura pronta para impedir seus avanços. Reforço: o principal defeito de Gilmar dal Pozzo é a dificuldade em encontrar performance constante numa única proposta de jogo. Há um limite de opções para supreender o adversário e um limite de uma vez até que a “supresa” vire protocolo. Naquela noite, Dal Pozzo não tirou nenhum coelho da cartola e Milton Mendes anulou sua estratégia pautada em Gil Mineiro.

Eis aqui o início do ponto de conclusão do texto. É interessante avaliar os diferentes desafios de Felipe Conceição e Dal Pozzo para Náutico e Sport. Comecemos pelo primeiro.

Discordo de Conceição em sua defesa pelo merecimento da vitória do Náutico. O time não mereceu vencer pois ainda que tenha praticado um melhor futebol, optou por abdicar do resultado. E isso é demérito. A resposta ao fracasso na partida é importante e, caso haja uma gestão apropriada do momento (que passa pela blindagem do técnico e do elenco para o jogo com o Globo na Copa do Nordeste), o Náutico pode vir a colher bons frutos do trabalho de Conceição. O técnico em breve receberá atletas importantes de volta do Departamento Médico (caso de Rhaldney) e contará com os reforços mais recentes em boa condição de jogo. Até o momento, Conceição falhou nos principais desafios que vivenciou, mas há razões para crer na sua capacidade de trazer resultados e curto e longo prazo.

Dal Pozzo precisa, no Sport, reencontrar um rumo na carreira que se perdeu após os primeiros trabalhos pós-saída da Chapecoense (até hoje seu trabalho mais notável). Um outro gargalo considerável do treinador é sua gestão de carreira; após a demissão do Náutico em 2020, Gilmar encontrou mercado apenas para ser bombeiro em clubes do sul do país (Paraná, em 2020, e Joinville, em 2022 – falhou em ambos), mostrando que seu alcance mercadológico é de fato nivelado a este nicho e tornando ainda mais incompreensível a opção do Sport em contratá-lo. No campo, lidará com um nível de pressão inédito até aqui em sua carreira, e algo com o qual o histórico na carreira pesa contra. É que as duas demissões no Náutico (2016 e 2020) e a no Ceará (2017) vieram justamente após fracassos em jogos que havia demasiada pressão sob o treinador. As demandas de curto prazo do Sport me fazem achar improvável uma vida longa do “padre” na Ilha do Retiro.

Quer eu esteja certo ou errado a respeito das perspectivas de ambos os treinadores para suas equipes, creio estar bastante certo quando escolho a conduta do Náutico em ter as bolas paradas decididas num jogo de adedonha pelos atletas e o processo turbulento e aleatório do Sport em escolher seu treinador como exemplos da distância de dois dos principais clubes do estado para o profissionalismo no futebol. No fim das contas, o futebol pernambucano ainda é um ambiente muito apropriado para Luisinho bater pênaltis.

2 Comments

2 Comments

  1. Fernando Guimarães da Silva

    15 de março de 2022 at 06:19

    Apesar de longo, o excelente texto de Rodolpho Rodrigues relata a exata situação dos dois principais clubes de Pernambuco. A falta de profissionalismo e competência, continua sendo nosso maior problema. Parabéns pelo texto.

  2. Fernando Guimarães da Silva

    15 de março de 2022 at 06:20

    Apesar de longo, o excelente texto de Rodolpho Moreira relata a exata situação dos dois principais clubes de Pernambuco. A falta de profissionalismo e competência, continua sendo nosso maior problema. Parabéns pelo texto.

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