Sérgio Frota avaliou o momento do Paio, falou de carências do elenco, troca de treinador e garantiu que o clube não cairá para a Série C

O Sampaio Corrêa passa por mudanças para tentar a permanência na Série B para a próxima temporada. A equipe ocupa a zona de rebaixamento e, além da chegada de reforços, também trocou o comando técnico. Saiu Márcio Fernandes, chegou Fernando Marchiori. E a promessa, feita pelo próprio presidente Sérgio Frota, é de que o Tricolor não cairá. Tudo isso em live oficial do Sampaio Corrêa, no canal do Tubarão no YouTube.

O mandatário, que há pouco mais de um mês assumiu o comando do departamento de futebol do Sampaio Corrêa, tem subido o tom das cobranças junto ao elenco. Isso porque, segundo ele, as condições de trabalho para os atletas está sendo dada e eles precisam corresponder. Assim, Sérgio Frota também diz estar se dedicando ainda mais ao clube, tendo deixado suas empresas de lado para voltar suas atenções 100% ao Paio.

De acordo com ele, os problemas do elenco estão se resolvendo, restando poucos atletas que não estão no mesmo foco que os demais. Com isso, tendo mudado de técnico, Frota apontou que o trabalho tem sido feito, mesmo que queimando etapas, para que essa reação aconteça de imediato. Daí ele fez a promessa ao torcedor do Sampaio Corrêa, de que o clube não cairá.

“Podem me cobrar, nós vamos permanecer na Série B. Eu sei o que estou dizendo. Eu já falei com o novo treinador (Fernando Marchiori). Falei com o Henrique Furtado, meu executivo de futebol e analista de desempenho, com o Gustavo Jabor, analista de mercado, já para apresentarmos os vídeos para o treinador. São seis jogadores, estamos negociando para termos todos aqui o quanto antes”, disse o presidente.

“Larguei minhas empresas, estou totalmente voltado para aqui e sei qual é o nosso problema: gestão. Fui para o jogo contra o ABC, que eu coloquei para todos da comissão técnica e elenco que precisávamos fazer sete pontos nos próximos três jogos. Seriam três contra o ABC e estivemos perto, um contra a Ponte Preta e três contra a Chapecoense. Não aconteceu”, falou.

“Não tem clima de desespero. Eu estou aqui dentro, é a minha prioridade hoje. Eu entendo de futebol e sou apaixonado por esse clube. O que eu puder fazer, eu vou fazer. Nós vamos ficar e eu preciso que o torcedor acredite“, pontuou Sérgio Frota.

Confira outros trechos da entrevista de Sérgio Frota

Demissão de Márcio Fernandes

Após o jogo contra o ABC, fiquei o dia seguinte em Natal para tratar de SAF e hoje (terça-feira, 5) chamei o Márcio (Fernandes) em casa, pela manhã. Agradeci pelo trabalho dele, que não é culpado pelo que estamos passando aqui. Pode ter responsabilidade (mas não é o culpado). Ele me disse que lamenta muito não ter feito um trabalho positivo, pelo que apresentamos. Mas vida que segue.

Quero dizer que não é por pressão de imprensa, de torcida. Era o momento de trocar. Eu evito ao máximo a troca no comando técnico, porque troca filosofia de trabalho, mas era o momento. Ele realmente vestiu essa camisa, mas os resultados não foram condizentes com as condições que nós demos, então o Márcio não é mais treinador do Sampaio Corrêa.

Agradeci ao Márcio, mas não podemos perder tempo. Precisamos de reforços, a situação requer cuidados. Não tem desespero, mas precisamos ter cuidado. Troquei o comando técnico. Nós temos (buscado), pelo que a janela nos propicia. Tenho aqui a lista do que acredito serem as carências da equipe e já temos o novo treinador. O tempo urge. Nós temos que reverter essa situação na tabela, e nós vamos.

Problemas do time nos jogos, em especial contra o ABC

Estou aqui falando como diretor de futebol do Sampaio: eu não escalo o time, mas treinador não manda o time a campo sem falar comigo. Eu achei que a gente foi bem escalado (contra o ABC). O (Cláudio) Cebolinha estava merecendo uma chance e ganhou. Naquele dia de manhã, antes do jogo, eu falei com 10 jogadores. Falei com o Robinho, da qualidade dele, e coincidiu naquele dia dele fazer o gol.

Estamos com um time pressionado. O ABC lá, mesmo com a estrutura dele, com o Frasqueirão, está na lanterna. Houve erros lá, houve aqui também. Eu tenho que consertar, reconheço, e vamos arrumar. Hoje, na gestão de grupo, já tenho 95% fechado. Ainda não está fechada porque ainda tem jogador pensando mais nele, e não no grupo, mas eu vou resolver.

No segundo tempo, o Márcio tirou o Cebolinha, depois o Pimentinha. Quando perdemos o Matheus Pivô, colocou o Maurício. Tinha o Pará vindo de contusão, e tecnicamente é mais jogador que o Alysson, mas saiu e entrou Alyson. Então fechamos as linhas. Estávamos fechados pelos lados. Então o adversário iria entrar por onde? Só numa bola parada, ou numa bola pifada (passe entrelinhas).

Após o jogo, falei com eles que não podia tomar. O único jogador deles que tinha criatividade, o Matheus Anjos, pega a bola, não encurtam. Ele encontra o Thonny Anderson. E outro erro que não foi feita a falta. Falei com o goleiro (Thiago Braga), que aos 45 minutos, é para cair e ganhar tempo. Não fiquei satisfeito. Não estou menosprezando o ABC.

Busca por reforços para o Sampaio Corrêa

Não tem desespero, temos uma janela onde podemos trazer seis jogadores, temos cinco acertados. Temos o nosso departamento de análise de desempenho competente. Às vezes você traz um jogador, num ano ele joga (bem) e no outro anos não. Eu cito 10 exemplos aqui no Sampaio.

O meu objetivo é aproveitar a janela. Tenho que qualificar o elenco em posições que não estou satisfeito. Todos que fazem parte da comissão já sabem. Quem conhece de futebol sabe das nossas carências. Estamos invictos, mas isso não interessa. Nós temos que pontuar e sair disso.

O meu grande desafio é arrumar, apesar de estar com o planejamento orçamentário e financeiro planejado para pagar salário, mas preciso da produtividade no futebol, que é o bicho. E vou conseguir. São seis vagas que nós temos, já trouxemos o Ícaro, Claudinei (e Elias). Cinco já estão fechados.

Escolha por Fernando Marchiori para treinar o Sampaio Corrêa

Eu terminei a conversa com o Márcio (Fernandes) por volta das 9h, falei com quatro treinadores, e foi por perfil. Vão falar do trabalho dele no Náutico, mas ele fez um bom trabalho no ABC. Já falamos com ele e vi o desenho tático do time dele no ABC, foi muito bem no ABC, mas o resultado não veio e saiu. Depois foi para o Náutico, saiu, mas me interessou o perfil.

Treinador novo, estudioso, com ideias que se aproximam da minha sobre futebol. Quero ver um time compacto nos três setores, que saiba se defender, mas que também seja propositivo. Coisa que, hoje no Sampaio Corrêa, eu não vejo. O Márcio treinava triangulação. Tinha um jogo apoiado com posse de bola, como fazia o Léo Condé. O Marchiori estava de férias, falei com ele, que disse que já tinha um time apalavrado para o Campeonato Paulista, mas fiz o convite e ele aceitou.

Certos jogadores que achavam que o Márcio estava sendo injusto, onde ele estava sempre agindo com muito bom senso, mas que talvez faltasse a ele ser mais enérgico na gestão de grupo, porque trabalhar com 34, 35 jogadores não é fácil. Então comecei a fazer alguns ajustes.

Quero um time compacto, que saiba se defender e seja propositivo. Nunca faltou vontade. O dinheiro para o bicho já estava na conta do Sampaio (para o jogo contra o ABC). Está faltando tranquilidade. Essa situação incomoda a todo mundo. Depois de sairmos na frente, era dar aquela posse de bola improdutiva ao adversário. Deveríamos dificultar a vida dele. Temos jogadores experientes. Se o goleiro pode parar o jogo, para. Se for para tomar o amarelo, toma. Deve segurar o ímpeto.

Mas agora chega o Marchiori. O perfil dele é o perfil do Thiago Carpini (do Juventude), do Daniel Paulista (do CRB), do Léo Condé (do Vitória). Eu gosto de quem estuda. Treinador que não tiver um curso de psicologia do esporte, é difícil tratar com jogador. O principal problema do Sampaio não é só gestão de grupo. Era o principal. Resolvi 95% e vou resolver tudo. Quem brincar comigo, vai se arrepender.

Veja a entrevista completa do presidente do Sampaio Corrêa, Sérgio Frota