Jogos Pan-Americanos começam nesta sexta (20)
Todas as atenções do mundo do esporte se voltarão para Santiago do Chile a partir desta sexta (20). É a 19ª edição dos Jogos Pan-Americanos, com expectativa de um desempenho recorde para o Brasil e também traz de volta momentos de muita glória para o esporte nacional.
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Assim, o NE45 lembra algumas das grandes histórias escritas por atletas nordestinos em edições passadas do Pan-Americano, em jogos que ajudaram a construir ídolos e conquistas inesquecíveis nos campos, quadras, pistas, piscinas, ginásios e águas.
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João e Maureen, os pioneiros
Na quarta edição, em 1963, o Pan-Americano desembarcou no Brasil, mais especificamente em São Paulo. Ali, o país passava longe de ser a força esportiva que é hoje – e o Nordeste menos ainda. Exemplo claro é que, naquele tempo, a região tinha apenas uma medalha olímpica, com o baiano Nilton Pacheco, bronze com a seleção de basquete na Londres 1948.
Mas 15 anos depois daquela Olimpíada, o Ceará garantiu duas pratas históricas no São Paulo 1963. No boxe, João Henrique da Silva, de Juazeiro do Norte, garantiu a prata no peso leve e ajudou a consolidar a força do Brasil nos ringues. Na carreira, João teve 48 vitórias, quatro derrotas e um empate, sendo considerado um dos maiores pugilistas brasileiros.
No tênis, esporte no qual o Ceará volta a ter um representante bem cotado por medalha em 2023, com Thiago Monteiro, Maureen Schwartz garantiu a prata nas duplas femininas. A cearense de ascendência judaica fez dupla com a multicampeã Maria Esther Bueno, maior nome do tênis nacional, e só parou na final, contra as estadunidenses Caldwell e Hard.

Thiago, o campeão das mesas
E por falar em Ceará, tênis e Thiago Monteiro, um dos maiores medalhistas nordestinos no Pan-Americano é homônimo e conterrâneo do destaque das quadras. Nascido em Fortaleza, o mesatenista Thiago Monteiro jogou cinco edições do Pan entre 1999 e 2015, acumulando quatro ouros, uma prata e dois bronzes, entre medalhas individuais, por duplas e equipes.
Thiago foi um dos maiores nomes do tênis de mesa brasileiro e um o principal parceiro da carreira do multicampeão Hugo Hoyama. No seu último Pan, ele também esteve ao lado do ainda jovem Hugo Calderano, hoje consolidado como maior mesatenista da história das Américas e favorito ao ouro em 2023.

Yane, a desbravadora
Mas nem só esportes muito conhecidos se constrói um Pan-Americano. O Brasil teve bons resultados no pentatlo moderno nos anos 1950, com dois ouros e três pratas, mas os anos seguintes foram cruéis, com 40 anos sem pódio no Pan e sem presença olímpica – o que começou a mudar no começo deste século. O ápice veio com a pernambucana Yane Marques.
Depois das quatro décadas de seca, o Brasil tinha conseguido uma prata em Santo Domingo 2003 e a vaga olímpica para Atenas 2004. Mas Yane escreveu a história com ouros em 2007, com larga vantagem; e 2015, em vitória por apenas um ponto; além da prata em 2011. De quebra, ela tem a única medalha olímpica do Brasil no pentatlo: o bronze em Londres 2012.

Edinanci, quebrando preconceitos
Paraibana de Sousa, Edinanci Silva é outra nordestina que escreveu seu nome na história dos Jogos Pan-Americanos. Dona de dois bronzes mundiais, a judoca foi campeã em 2003 e em 2007, na categoria até 78kg. Ela participou de quatro edições dos Jogos Olímpicos, sendo a 1ª mulher brasileira a conseguir essa representação.
Mas para estrear na Olimpíada, em Atlanta 1996, Edinanci precisou encarar preconceitos. Isso porque a paraibana é intersexo – ou seja, ela nasceu tanto com características físicas típicas do sexo feminino, quanto do masculino. Por isso, ela precisou passar por cirurgia e vários exames médicos antes de poder entrar nos jogos e se consolidar como grande nome do nosso judô.

Eronilde, por cima das barreiras
O atletismo brasileiro vem tendo muito o que comemorar com o Alisson dos Santos nos 400m com barreiras, mas a história dessa disputa começou muito antes. Um baiano de Bom Jesus da Lapa foi um dos nomes que ajudou a construir isso: Eronilde de Araújo, tricampeão pan-americano com ouros em 1991, 1995 e 1999 – quando também ganhou uma prata no 4x400m.
Em Havana 1991, vitória apertada: 0.09s à frente de McClinton Neal (EUA). Depois, em Mar Del Plata 1995, vantagem larga de 0.95s à frente, na dobradinha com o paulista Everson Teixeira. Por fim, em Winnipeg 1999, Eronilde quebrou o recorde pan-americano, com 48.23s, 0.17s a menos que Eric Thomas (EUA).
Ainda nas pistas, o Nordeste conseguiu dois ouros importantes nas duas edições seguintes do Pan-Americano. O potiguar Vicente Lenílson fez parte dos ouros nos 4x100m em 2003 e 2007, tendo a companhia do paraibano Basílio Moraes Jr. no Rio. Vicente também foi ao pódio nas Olimpíadas de 2000 e 2008, sendo o único multimedalhista olímpico do Nordeste no atletismo.

Os reis e rainhas das águas
Se o Nordeste tem conquistas importantes nas pistas, o que falar das águas? Entre os diversos esportes no molhado, a história dourada começa com o pernambucano Mário Castro Filho, que venceu a disputa do skiff duplo, do remo, em 1975, na Cidade do México. Desde então, são várias as conquistas na canoagem, nas águas abertas, na vela e, claro na natação.
O maior vencedor é o paraibano Kaio Márcio. O pessoense marcou história com nove pódios, sendo quatro ouros, três pratas e dois bronzes, entre 2003 e 2007. As vitórias foram nos 100m borboleta e 200m borboleta na Rio 2007 (ambas com recorde pan-americano), 4x100m medley na Guadalajara 2011 e os 4x200m livre na Toronto 2015.

Também com nove medalhas, a única nadadora brasileira com ouro nas piscinas do Pan é a pernambucana Etiene Medeiros: nos 100m costas em Toronto 2015 e nos 50m livre em Lima 2019, além de mais três pratas e quatro bronzes. Também pernambucana, Joanna Maranhão foi a única brasileira em final olímpica. No Pan, oito pódios: três pratas e cinco bronzes.
Mas dois baianos seguem escrevendo história fora da piscina em 2023: os campeões olímpicos, pan-americanos e mundiais Ana Marcela Cunha, das águas abertas, e Isaquias Queiroz, da canoagem. Em 2019, ela venceu os 10km da maratona aquática com quase 30s de vantagem. Ele tem três ouros na C1 e uma prata na C2, ao lado do também baiano Erlon Souza.
Outros dois destaques também seguem como favoritos. Na vela, o maranhense Bruno Lobo é um dos principais nomes do kitesurf, sendo o 1º campeão da modalidade na Pan, em 2019, e já com vaga garantida para a estreia olímpica do kite, em 2024. Voltando à natação, o baiano Breno Correia estreou com dois ouros e três pratas em Lima 2019 e briga por mais em 2023.

Outras conquistas nordestinas no Pan-Americano
Não existe registro completo sobre a naturalidade de todos os atletas brasileiros que já foram a um pódio de Jogos Pan-Americanos. Assim, é impossível apresentar uma lista com todas as conquistas nordestinas nessas 18 edições anteriores do Pan. Ainda assim, o NE45 separou uma lista com alguns ouros para além dessas que já contamos as histórias aqui.
- 1971 – Bertino de Souza (BA) – Tiro (pistola de 50m)
- 1979 – Oswaldo Simões Filho (PE) – Judô (classe aberta)
- 1999 – Shelda Bede (CE) – Vôlei de Praia [dupla com Adriana Behar]
- 2007 – Pedro Lima (BA) – Boxe (até 69kg)
- 2007 – Ricardo Santos (BA) – Vôlei de Praia [dupla com Emanuel Rego]
- 2011 – Ricardo Santos (BA) – Vôlei de Praia [dupla com Alisson Cerutti]
- 2019 – Beatriz Ferreira (BA) – Boxe (até 60kg)
- 2019 – Manoel Messias (CE) e Vittória Lopes (CE) – Triatlo (revezamento misto, com Luisa Batista e Kauê Willy)
- 2019 – Edival Pontes (PB) – Taekwondo (até 68kg)
- 2019 – Marlon Zanotelli (MA) – Hipismo (saltos individual)
- 2019 – Marlon Zanotelli (MA) – Hipismo (saltos em equipe, com Eduardo Menezes, Pedro Veniss e Rodrigo Lambre)
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