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“Difícil, mas responsável”: advogado da RJ do Náutico explica decisão de multa milionária ser destinada ao pagamento de dívidas

Náutico, PE, Série C, Últimas

Por Lucas Holanda

Por Lucas Holanda

Postado dia 24 de abril de 2024

Os R$ 3 milhões da rescisão com o Grupo Mateus serão integralmente destinados para a Recuperação Judicial do clube

O Conselho Náutico tomou uma importante decisão na última terça: definiu que os R$ 3 milhões da multa que irá receber pela rescisão com o Grupo Mateus, pelo arrendamento de três hectares do CT Wilson Campos, serão integralmente para a Recuperação Judicial do clube, mantendo o que já estava acordado desde o ano passado. Uma escolha que gerou questionamentos, mas vista com responsabilidade pelo advogado Rodrigo Cahu Beltrão, que é quem cuida da RJ do Timbu.

O Executivo e boa parte da torcida defendiam que parte desse valor fosse para o futebol do clube, incrementando recursos no orçamento de olho em reforços para a sequência da temporada. Porém, o Conselho manteve a decisão ainda de 2023, quando foi definido que todo o dinheiro do contrato com o Grupo Mateus iria para a RJ do Timbu.

Na reunião dessa terça-feira, diga-se, não houve sequer votação, tendo em vista que para haver deliberação seria necessário que algum conselheiro ou o Executivo fizesse a convocação. O que não aconteceu, como explicou Rodrigo Cahu Beltrão em entrevista ao NE45.


Vale lembrar que, dos R$ 3 milhões que vão para a RJ do Timbu, R$ 1 milhão já foi pago, enquanto os outros R$ 2 milhões serão quitados em 15 parcelas.

De acordo com o advogado, que foi convidado pelo presidente Bruno Becker para falar do tema na reunião, foi uma decisão de consenso de que o dinheiro deveria ir para a RJ do Timbu, sobretudo porque o clube vive uma segunda prorrogação no processo e enfrenta questionamentos de credores, como por exemplo os 155 que entraram com um pedido para suspender esse prazo prorrogado.

“Se manifestou um consenso em relação a não dedicar isso ao futebol, infelizmente, porque temos compromissos que não podemos mais adiar. O Náutico já prorrogou prazos, estamos no começo desse prazo e não podemos não fazer nada nesses 90 dias úteis”, disse o advogado.

“Ainda temos o dinheiro da Arena, mas esse dinheiro me ajuda a levar para o juiz e aos credores. Tenho que mostrar uma iniciativa concreta de negociação. A oportunidade de entrar esse recurso ajuda nisso”, explicou Rodrigo.

O Náutico não quer buscar uma nova prorrogação e um plano alternativo, mas sim validar o que já foi apresentado em junho de 2023 (veja, detalhadamente, no fim da matéria).

Para isso acontecer, portanto, o Timbu também conta com o dinheiro do processo contra a Arena de Pernambuco, onde o clube deve receber em torno de R$ 23 milhões somando a indenização e a multa pela quebra de contrato.

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Foto: Tiago Caldas/CNC

E aí, no plano de pagamento, o Timbu também busca descontos, como destaca Rodrigo. Ele também destaca que o Náutico avançando na Recuperação Judicial dá sinalização importante ao mercado no assunto SAF.

“Toda a dívida será paga com desconto. Não é queimar o dinheiro, é reduzir o passivo. Quanto mais saneado estiver o clube financeiramente, mais fácil fica a gente encontrar um investidor para uma SAF”, afirmou.

Questionado se teria impacto se parte do recurso fosse destinado para o futebol, Rodrigo admite que, sim, poderia causar problemas ao Náutico, sobretudo quando os credores observassem que o Timbu destinaria receitas de pagamento de dívidas para aumentar a folha salarial atual.

Rodrigo Cahu ainda fez um paralelo com a “escolha de Sofia”, uma expressão que significa ter que decidir entre duas opções bem complicadas. No caso do Náutico, destinar o dinheiro para a RJ ou investir no futebol.

“O clube tomou uma decisão difícil, uma escolha de Sofia, mas responsável e austera com o processo de Recuperação Judicial com os credores”, finalizou.

O plano de pagamento do Náutico aos credores

Em junho de 2023, o Náutico apresentou o plano de pagamento aos credores, cumprindo o prazo determinado.

No plano de pagamento aos credores, o Náutico teve como prioridade a quitação dos salários dos credores trabalhistas. A proposta do clube ainda concentra esforços em descontos em juros, multas e outras verbas indenizatórias pedidas pelos credores do clube. O Timbu argumenta que essas taxas fazem com que os débitos aumentem de forma elevada, ainda mais com a taxa atual de 13,75% da SELIC ao ano.

A atual lista de credores do Náutico é dividida em três categorias, e o plano também é dividido de acordo com a ordem dos débitos: trabalhistas, quirografários e microempresas de pequeno porte. A primeira categoria, naturalmente, carrega os maiores débitos.

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Foto: Victor Matheus/CNC

A primeira classe, que é a de maior passivo, tem 572 credores. A lista inicial, é importante lembrar, vai passar por alterações e, desta forma, alguns nomes podem sair dos listados na recuperação judicial do clube.

Nesta classe trabalhista, o Timbu apresenta uma proposta para quitar os débitos, em até 12 meses, de 100% das verbas salariais com limites de 150 salários mínimos.

Nas classes quirografários e Microempresas e empresas de pequeno porte, o Timbu apresenta uma proposta que prevê um deságio de 90% sobre o valor do débito, com um carência de 18 meses para que o clube comece a pagar. Além disso, o plano contempla uma repactuação da forma de atualização monetário e o pagamento em 120 parcelas.

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