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“Difícil, mas responsável”: advogado da RJ do Náutico explica decisão de multa milionária ser destinada ao pagamento de dívidas

Foto: Tiago Caldas/CNC

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Os R$ 3 milhões da rescisão com o Grupo Mateus serão integralmente destinados para a Recuperação Judicial do clube

O Conselho Náutico tomou uma importante decisão na última terça: definiu que os R$ 3 milhões da multa que irá receber pela rescisão com o Grupo Mateus, pelo arrendamento de três hectares do CT Wilson Campos, serão integralmente para a Recuperação Judicial do clube, mantendo o que já estava acordado desde o ano passado. Uma escolha que gerou questionamentos, mas vista com responsabilidade pelo advogado Rodrigo Cahu Beltrão, que é quem cuida da RJ do Timbu.

O Executivo e boa parte da torcida defendiam que parte desse valor fosse para o futebol do clube, incrementando recursos no orçamento de olho em reforços para a sequência da temporada. Porém, o Conselho manteve a decisão ainda de 2023, quando foi definido que todo o dinheiro do contrato com o Grupo Mateus iria para a RJ do Timbu.

Na reunião dessa terça-feira, diga-se, não houve sequer votação, tendo em vista que para haver deliberação seria necessário que algum conselheiro ou o Executivo fizesse a convocação. O que não aconteceu, como explicou Rodrigo Cahu Beltrão em entrevista ao NE45.

Vale lembrar que, dos R$ 3 milhões que vão para a RJ do Timbu, R$ 1 milhão já foi pago, enquanto os outros R$ 2 milhões serão quitados em 15 parcelas.

De acordo com o advogado, que foi convidado pelo presidente Bruno Becker para falar do tema na reunião, foi uma decisão de consenso de que o dinheiro deveria ir para a RJ do Timbu, sobretudo porque o clube vive uma segunda prorrogação no processo e enfrenta questionamentos de credores, como por exemplo os 155 que entraram com um pedido para suspender esse prazo prorrogado.

“Se manifestou um consenso em relação a não dedicar isso ao futebol, infelizmente, porque temos compromissos que não podemos mais adiar. O Náutico já prorrogou prazos, estamos no começo desse prazo e não podemos não fazer nada nesses 90 dias úteis”, disse o advogado.

“Ainda temos o dinheiro da Arena, mas esse dinheiro me ajuda a levar para o juiz e aos credores. Tenho que mostrar uma iniciativa concreta de negociação. A oportunidade de entrar esse recurso ajuda nisso”, explicou Rodrigo.

O Náutico não quer buscar uma nova prorrogação e um plano alternativo, mas sim validar o que já foi apresentado em junho de 2023 (veja, detalhadamente, no fim da matéria).

Para isso acontecer, portanto, o Timbu também conta com o dinheiro do processo contra a Arena de Pernambuco, onde o clube deve receber em torno de R$ 23 milhões somando a indenização e a multa pela quebra de contrato.

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Foto: Tiago Caldas/CNC

E aí, no plano de pagamento, o Timbu também busca descontos, como destaca Rodrigo. Ele também destaca que o Náutico avançando na Recuperação Judicial dá sinalização importante ao mercado no assunto SAF.

“Toda a dívida será paga com desconto. Não é queimar o dinheiro, é reduzir o passivo. Quanto mais saneado estiver o clube financeiramente, mais fácil fica a gente encontrar um investidor para uma SAF”, afirmou.

Questionado se teria impacto se parte do recurso fosse destinado para o futebol, Rodrigo admite que, sim, poderia causar problemas ao Náutico, sobretudo quando os credores observassem que o Timbu destinaria receitas de pagamento de dívidas para aumentar a folha salarial atual.

Rodrigo Cahu ainda fez um paralelo com a “escolha de Sofia”, uma expressão que significa ter que decidir entre duas opções bem complicadas. No caso do Náutico, destinar o dinheiro para a RJ ou investir no futebol.

“O clube tomou uma decisão difícil, uma escolha de Sofia, mas responsável e austera com o processo de Recuperação Judicial com os credores”, finalizou.

O plano de pagamento do Náutico aos credores

Em junho de 2023, o Náutico apresentou o plano de pagamento aos credores, cumprindo o prazo determinado.

No plano de pagamento aos credores, o Náutico teve como prioridade a quitação dos salários dos credores trabalhistas. A proposta do clube ainda concentra esforços em descontos em juros, multas e outras verbas indenizatórias pedidas pelos credores do clube. O Timbu argumenta que essas taxas fazem com que os débitos aumentem de forma elevada, ainda mais com a taxa atual de 13,75% da SELIC ao ano.

A atual lista de credores do Náutico é dividida em três categorias, e o plano também é dividido de acordo com a ordem dos débitos: trabalhistas, quirografários e microempresas de pequeno porte. A primeira categoria, naturalmente, carrega os maiores débitos.

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Foto: Victor Matheus/CNC

A primeira classe, que é a de maior passivo, tem 572 credores. A lista inicial, é importante lembrar, vai passar por alterações e, desta forma, alguns nomes podem sair dos listados na recuperação judicial do clube.

Nesta classe trabalhista, o Timbu apresenta uma proposta para quitar os débitos, em até 12 meses, de 100% das verbas salariais com limites de 150 salários mínimos.

Nas classes quirografários e Microempresas e empresas de pequeno porte, o Timbu apresenta uma proposta que prevê um deságio de 90% sobre o valor do débito, com um carência de 18 meses para que o clube comece a pagar. Além disso, o plano contempla uma repactuação da forma de atualização monetário e o pagamento em 120 parcelas.

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