O valor é referente ao imbróglio da saída do treinador em 2022

O Náutico foi condenado a pagar cerca de R$ 800 mil ao técnico Hélio dos Anjos pela demissão do treinador em 2022. A juíza Maria Carla Dourado de Brito, da 10ª Vara do Trabalho, entendeu que o treinador não teve conduta que autorizava a demissão por justa causa, como alegava o Timbu na época, e a partir daí reconheceu o direito às verbas rescisórias e a indenização por danos morais.

A informação foi divulgada inicialmente pelo radialista Wellington Araújo e confirmada pela reportagem do NE45.

A decisão da juíza ainda cabe recurso. Procurado pela reportagem, o Náutico informou que “não foi notificado ainda e aguarda esta notificação para poder tomar qualquer posicionamento”. Vale lembrar que o Timbu vive um processo de Recuperação Judicial, ou seja, seguem suspensas as ações e execuções contra o clube.

A alegação de justa causa do Náutico para demitir Hélio dos Anjos afirmava que o treinador teria liderado o confronto entre jogadores e torcedores do clube após a derrota para o Retrô nos Aflitos. Depois do jogo, Guilherme dos Anjos, filho e auxiliar do treinador, desabafou nas redes sociais e disse que o episódio era inadmissível. Ele foi demitido pouco depois – também sob alegação de justa causa.

A argumentação do Timbu, porém, não foi aceita pela juíza, que entendeu que o motivo real da saída do treinador foi a “animosidade” entre o técnico e o então presidente Diógenes Braga. Tese que a sentença confirma e embasa no depoimento do diretor Roberto Selva, que cita essa animosidade e também que um torcedor iniciou a confusão com um atacante alvirrubro, e não Hélio que teria liderado.

“Em verdade, o motivo cabal para a demissão do Reclamante foi confessado pela própria testemunha do Reclamado, ao dizer ela que “havia uma animosidade entre o Consignado e o Presidente do Clube”, pelo que entende este Juízo que os fundamentos utilizados pelo Reclamado para a demissão do Autor, na prática, foram artificialmente engendrados com o fito de ocultar a efetiva razão da dispensa que era a animosidade existente entre o Reclamante e a autoridade máxima do Clube, o Sr. Diógenes Braga”, diz trecho da sentença.

Procurada pela reportagem do NE45, a advogada de Hélio dos Anjos, Manoella Moron, falou sobre a sentença e explicou o porquê a condenação gira em torno de R$ 800 mil. Como ainda cabe recurso, esse valor pode ser atualizado – com juros e correção monetária.

“Trata-se de ação em que se busca a nulidade da dispensa por justa causa aplicada injustamente pelo clube ao treinador, o que foi deferido na decisão. Além disso, requer-se o pagamento de salário atrasado, 13º salário, FGTS, verbas rescisórias, multa pela rescisão antecipada do contrato, indenização por danos morais e etc”, iniciou Manoella.

“O valor indicado na sentença é uma estimativa com tudo. Só quando não houver mais possibilidade recursos é que é calculado o valor exato devido, acrescido de juros e correção monetária. Foi aberta ao clube possibilidade de acordo, mas não houve retorno até o momento”, completou a advogada.

Veja, abaixo, detalhadamente o que o Náutico foi condenado a pagar a Hélio dos Anjos:

• gratificação natalina proporcional de 2022 (1/12 avos);
• salário relativo ao mês de janeiro de 2022;
• férias gozadas de 01/12/2021 a 30/12/2021, de forma simples, acrescidas do terço constitucional;
• multa do art. 479, da CLT, em face da rescisão antes do termo estipulado para o término do contrato de trabalho

No ano passado, após a vitória do Paysandu sobre o Náutico, o técnico Hélio dos Anjos desabafou contra o ex-presidente Diógenes Braga. Antes, o treinador disse não querer relação nem com a quinta geração do ex-mandatário.

O desentendimento de Hélio, porém, não é com a instituição Náutico, mas sim com o ex-presidente Diógenes Braga. O treinador inclusive tem bom relacionamento com pessoas da atual gestão, vide Bruno Becker, atual mandatário.

Nas duas últimas passagens pelo Náutico, realizadas em um intervalo curto, Hélio dos Anjos comandou o time de novembro de 2020 até agosto de 2021, com o título pernambucano conquistado. O treinador, porém, retorna em setembro de 2021 e fica até fevereiro de 2022, quando é demitido após todo esse imbróglio.