Desde a chegada do técnico Mariano Soso, 10 atletas oriundos das categorias de base entraram em campo nesta temporada

Nos últimos anos, o Sport vem chamando atenção não só da torcida, mas também do mercado da bola por conta dos jogadores que vem surgindo nas suas categorias de base. Em um passado recente, nomes como Adryelson, Gustavo, Mikael e Maílson tiveram um grande impacto na Ilha do Retiro. Em 2024, o nome do momento é Pedro Lima.

Vendido ao Wolverhampton, da Inglaterra, o jovem lateral-direito tornou-se a maior venda da história do nordeste. O contrato do atleta com o clube inglês será de cinco temporadas, com opção de mais um ano. A venda foi selada por 10 milhões de euros (R$ 58,74 milhões).

O Sport informou que receberá 60% do valor em dezembro de 2024, e os 40% restantes em dezembro de 2025. Além disso, o clube terá direito a 12,5% sobre o lucro obtido pelo Wolves em uma eventual venda futura dos direitos federativos do atleta.

Em entrevista exclusiva ao NE45, João Marcelo Barros, membro do comitê gestor de futebol Rubro-negro, e Coordenador Geral das Categorias de Base, analisou o impacto da venda de Pedro Lima visando o futuro do clube.

“É fruto daquilo que a gente vem fazendo nos últimos anos, e isso só foi possível por conta de uma série de políticas que foram implementadas. Quando você pega a condução de gestão contratual de Pedro Lima, ele teve três contratos profissionais em um período de tempo curto. Contratos que iam sendo atribulados de acordo com o desempenho dele em campo. Então essa política contratual que nós adotamos foi fundamental para que nós conseguíssemos chegar num momento de venda, com segurança para cobrar um valor justo”, iniciou.

“A operação chancela e valida todo um trabalho que vem sendo feito internamente. Agora é trabalhar para que essa operação de Pedro Lima se repita. A gente sabe como fazer, descobrirmos a receita, agora temos que repetir mais vezes. Ficou muito claro pra gente como tudo isso funciona, e garanto que não será uma história única. Teremos outros ‘Pedros Limas’ nos próximos anos”, completou.

Dez atletas da base até agora

Porém, o bom momento não para por aí. Na temporada, 10 jogadores oriundos das categorias de base do Sport foram utilizados pelo técnico Mariano Soso. Além de Pedro Lima, vendido, Paulinho, que está emprestado ao Botafogo-PB e Ítalo, que deixou o clube em rescisão amigável, outros sete atletas seguem fazendo parte do elenco profissional.

São eles: os zagueiros Renzo, Nassom e Chico; os volantes Pedro Martins, Fábio Matheus e Lucas André; e o novo xodó da torcida, o atacante Dieguinho, que fez sua estreia contra o Novorizontino, e já teve seu contrato renovado até 2027.

“Mariano Soso lançou nomes como Nassom, Pedro Lima e Dieguinho, então o treinador também precisa ter a coragem de apostar nos garotos. Com apenas de seis meses do ano, temos a maior minutagem com atletas com menos de 23 anos. E isso mostra que o treinador comprou a ideia sobre a utilização dos jovens”, disse.

“Nós esperamos que esse processo continue acontecendo. Sabemos que muitas vezes os garotos não estão prontos, Pedro Lima, por exemplo, ainda não está 100% pronto, mas ele é um talento acima da média”, afirmou.

Clube profissionaliza a base

O clube também investiu em profissionais capacitados. Nomes como Ricardo Drubscky e André Figueiredo, somados ao treinador Thiago Larghi, que assumiu o time sub-20, foram aquisições pensadas para fortalecer ainda mais essa ligação entre o elenco profissional, com as jovens promessas que venham a surgir.

A escolha de Mariano Soso para comandar o Sport, inclusive, foi pensada por conta da sensibilidade do treinador em trabalhar com jovens atletas. Fato detalhado por João Marcelo Barros, que revelou um questionamento interessante do argentino na sua chega ao Recife.

“É muito do que venho falando há algum tempo. Está muito claro que a base é o que vai virar nossa chave. É a base que vai tirar a gente de uma prateleira, e colocar em uma mais acima. E justamente pensando nisso buscamos profissionalizar o setor”, iniciou.

“Trouxemos o Ricardo Ricardo Drubscky, que é campeão de Copa São Paulo e tem muita experiência nas operações de base. Trouxemos André Figueiredo, que passou 14 anos na base do Atlético-MG, acumula também passagens por Londrina, Corinthians e Ceará. Então a composição de profissionais que nós fizemos foi voltada para priorizar a base, e entender que a realidade da base consolidar esse projeto a nível nacional”, destacou.

“Um dos critérios primordiais para a chegada de Mariano Soso foi a sensibilidade para trabalhar com jovens. Isso foi um ponto que a gente bateu na tecla na escolha dos técnicos. Em uma das primeiras reuniões que tivemos com Soso assim que ele chegou ao Recife, foi seu questionamento: “Quais são os jovens atletas que vocês veem potencial na base do clube?”. Ele perguntou, pois queria desenvolver esses atletas, e o resultado está aí”, completou.

Conquista da Mad Cup Sub-19

No mês de junho, a garotada do Sport conquistou a Mad Cup Sub-19, torneio de base realizado na Espanha. O Leão da Ilha superou o América-MEX na final, pelo placar de 2 x 0, e faturou o torneio. Luiz Henrique (Gago), de 19 anos, foi um dos destaques do clube na competição.

Na primeira fase, a campanha do Leão é formada por vitórias sobre Nzalang Madrid (4 x 0), Liga Nacional do México (13 x 0) e Euro Soccer-EUA (5 x 0), além de um empate sem gols com o Unión Adarve. Assim, concluiu a primeira fase na liderança do Grupo D.

Nas quartas, bateu o Marcet-ESP pelo placar mínimo. Na semifinal, o Sport venceu o Atlético Nacional, da Colômbia, com gol de Natan no primeiro tempo. Comandados pelo técnico Thiago Larghi, o Leão somou seis vitórias e um empate. Marcou 26 gols, e não sofreu nenhum.

Em 2023, o Sport participou da a Viareggio Cup, na Itália, e da Algarve Cup, em Portugal, outras competições de base internacionais. Em novembro, o Leão marcará presença novamente na competição portuguesa, fato comentado por João Marcelo Barros.

“A participação nesses torneios internacionais fazem parte do nosso processo de internacionalização. E com isso, temos dois objetivos. O primeiro deles é a conseguir inserir atletas numa dinâmica esportiva diferente. Você enfrentar clubes mexicanos, espanhóis, ou africanos, é totalmente diferente do que enfrentar clubes brasileiros”, destacou.

“Então a presença do Sport nessas campeonatos tem um valor gigantesco, e com isso você consegue atrair olhares para os atletas, esse é o segundo ponto. Fazendo uma comparação com Pedro Lima, que disputou a Copa do Mundo Sub-17, essa participação no mundial com certeza fez diferença na hora da venda”, enfatizou.

“Porque a presença nessas competições internacionais faz com que os scouts de vários clubes pelo mundo consiga fazer um comparativo de atletas brasileiros, africanos, europeus, tornando a contratação mais assertiva”, finalizou.