O português é considerado um dos pilares defensivos do elenco Rubro-negro, e vem sendo bastante elogiado pelo torcedor
O zagueiro João Silva chegou ao Sport em fevereiro, com contrato até dezembro de 2027. Formado na base do Sporting, de Portugal, o zagueiro se juntou ao técnico Pepa, ao volante Sérgio Oliveira e ao atacante Gonçalo Paciência na colônia portuguesa formada na Ilha do Retiro para o ano de 2025.
Antes de chegar ao Leão, o defensor de 26 anos está atuando no futebol belga pelo Kortrijk. Ele também acumula uma passagem pelo NK Istra 1961, da Croácia. Pelo Rubro-negro pernambucano, o atleta caiu nas graças da torcida e tornou-se um dos pilares da equipe. Ao todo, soma 10 jogos, com um gol marcado.
Entrevista com João Silva, zagueiro do Sport
NE45 – O que te motivou a aceitar o convite do clube, que querendo ou não te fez abrir mão da sua carreia na Europa para se aventurar no futebol brasileiro?
O mais importante de tudo foi o interesse do Sport em mim, que foi muito grande. E para mim, como jogador, gosto de estar onde me sinto querido. E me senti querido desde o primeiro momento que o Sport demonstrou interesse em mim. Insistiram muito na forma como fizeram as coisas, como me mostraram a grandeza do clube, que é muito grande aqui no Brasil.
Eu desconhecia um pouco, como é óbvio, mas eles fizeram questão de me mostrar toda essa grandeza. E depois, claro, o fato de ter uma equipa técnica, neste momento, portuguesa, que também me ligou e falou comigo. Então tudo isso junto, acho que me levou a tomar a decisão correta, e aqui estou eu.
NE45 – Você falou sobre o fato da comissão técnica ser portuguesa. Esse foi o grande diferencial para você vir ao Sport, ou tiveram outros fatores?
Sim (Sobre a comissão técnica portuguesa ter um peso). O fato de ser um treinador português, que te liga pedindo para que você venha, me fez, de fato, dar aquele clique e decidir o que tinha de aceitar. Não foi só por causa disso, porque, de fato, quando me mostraram a grandeza do clube fiquei impressionado, mas, claramente, foi um fator que ajudou na decisão.
NE45 – Sobre sua adaptação ao Recife. Como está sendo? Tanto em relação ao clima, quanto em relação à alimentação. Já comeu feijoada e cuscuz?
A adaptação, como eu já disse antes, à princípio foi um choque. Porque é muito calor, e eu vinha dada Bélgica, onde estava jogando com menos 2 graus, 0 graus, e aqui passei a jogar com mais 30. Por isso, nos primeiros dias custou um pouquinho.
Em relação à comida, tem muitas semelhanças com aquilo que é comida portuguesa, mas estou a gostar muito. Cuscuz, feijoada, é tudo muito bom. Portanto, é uma comida muito parecida à portuguesa e, portanto, nesse aspecto, estou gostando.
NE45 – Para você, como está sendo atuar ao lado de grandes jogadores portugueses como Sérgio Oliveira e Gonçalo Paciência. Ambos tem vasta carreira na Europa, convocações e história na Seleção de Portugal.
São dois jogadores que têm uma carreira esportiva de alto nível. Dois jogadores internacionais pela seleção portuguesa, que é o país de onde nós somos. Portanto, é o nível máximo do futebol. Para mim, é um prazer poder trabalhar com eles, poder partilhar muitos momentos que agora, sendo todos portugueses, acabámos por estar mais juntos, compartilhando momentos em família. Tem sido uma aprendizagem.
Fora isso, são dois jogadores que já passaram pelos melhores campeonatos do mundo. E por isso estou tentando aprender com eles todos os dias. O Gonçalo foi uma pessoa que, antes de eu vir, conversei por telefone. Ele também me falou muitas coisas boas sobre o Sport. O Sérgio chegou quando eu já estava aqui, já foi diferente. Mas o que posso dizer é que estou muito feliz por tê-los aqui junto a mim, e por poder partilhar não só o campo, mas também a vida com eles.
NE45 – Qual a visão que você tinha do futebol brasileiro antes de atuar por aqui? Muitas vezes se tem aquela imagem de vários craques, muitos dribles, mas te surpreendeu, ou era exatamente como você imaginava?
Eu sou sincero, e digo que me surpreendeu muito positivamente. A imagem que nós, em Portugal, temos do futebol brasileiro é de um futebol mais técnico, mas também muito parado. Porém, o que tenho sentido aqui é um futebol bastante intenso. A Série A está com um nível muito alto, e mesmo jogando Estadual contra times menores, todo mundo aqui tem qualidade técnica e consegue pegar na bola e fazer a diferença.
E por isso é muito difícil jogar aqui, passamos dois meses jogando contra times menores, que quando jogam contra o Sport ou contra outras equipas da Série A, dão tudo de si dentro de campo. E por isso, nesse sentido, me surpreendeu muito. Porque muita gente pensa que é fácil ganhar o Estadual, e não é assim tão fácil. Tem de estar mesmo num nível alto para competir em tudo, em todos os jogos.
NE45 – Ainda sobre a “facilidade” do Estadual. Você jogou contra o Santa Cruz, que é uma equipe de Série D, mas que fez um Clássico muito disputado. Contra o Retrô, que está na Série C, e que vocês também enfrentaram finais bem disputadas. Então, qual o peso desse título para você?
Tem um peso muito grande, porque cheguei tem um mês e meio, dois meses, e já ganhar um título é sempre bom. Eu sempre digo que os títulos são para se ganhar, e é muito melhor quando se ganha do que quando se perde. E o que nós vimos foi que tivemos jogos, como você disse, muito difíceis, com o Santa Cruz, com o Retrô, que foi uma equipa muito bem organizada na final e que nos criou muitas dificuldades.
E lá está o Sport, sendo o clube que é o grande aqui, o maior do Nordeste, e que tem de vencer. Temos de jogar sempre para vencer estas competições. Mas os outros times também jogam, também são organizados, também têm qualidade, e por isso só um grande clube como o Sport teria força para ganhar este título estadual. Ainda bem que assim. Muito feliz pelo primeiro título.
NE45 – O Brasileirão começou, e eu quero saber duas coisas de você. Uma, é sobre o aumento do nível em comparação com as competições que você havia disputado no começo do ano, e sobre os erros de arbitragem que o Sport sofreu nas duas primeiras rodadas. Isso atrapalha o trabalho?
O Brasileiro está se mostrando, como disse há pouco, um nível muito alto, com jogadores de classe mundial. Eu pensava que não era tão intenso, e a verdade é que encontrei um campeonato muito intenso, onde faz muito calor, onde é preciso estar com o nível de concentração sempre no máximo, por isso estou gostando muito do campeonato. Tem muitas equipes grandes, ou seja, o que faz com que todas as semanas tenham jogos grandes e clássicos. Isso é muito bom para o jogador,
Em relação aos erros de arbitragem, estamos falando disso internamente, fora isso, o que podemos é trabalhar muito durante a semana, se preparar bem, para chegar aos jogos como temos chegado. O São Paulo fez um grande jogo, foi muito sério. Contra o Palmeiras, igual, mas acho que para haver um vencedor justo teríamos sido nós, sem dúvida alguma. Agora, isso faz parte do futebol, a gente também não controla o que está fora. Obviamente estamos frustrados, porque sabíamos que fizemos dois grandes jogos e que merecíamos mais.
NE45 – Quais suas expectativas para o Sport na Série A? Briga por Libertadores, pode chegar numa Sul-Americana, ou realmente vai brigar contra o rebaixamento?
Temos muita qualidade neste elenco, e vamos competir com todas as equipas, tenho certeza. Por estes dois jogos contra São Paulo e Palmeiras, já deu para ver que somos uma equipa que vai competir. Por isso, acima de tudo, reforçar que não queremos estar na luta do rebaixamento, e esse é o primeiro objetivo da temporada. E depois, olhando jogo a jogo, tentando vencer cada jogo, porque o elenco tem qualidade para isso, e a gente vai lutar por cada ponto para vencer e para estar na tabela o mais alto possível.
NE45 – Em relação aos seus companheiros de defesa. Você tem jogado mais ao lado de Chico, mas o elenco contra com Lucas Cunha, Antônio Carlos, Renzo, e o Rafael Thyere que se recupera de lesão. Até então, com quem você tem gostado mais de atuar ao lado?
Todos eles têm suas qualidades, é verdade que venho jogando mais com o Chico, e acho que estamos a criando uma boa dupla e neste momento estou confortável com isso, mas o que eu posso dizer é que temos tanto o Lucas Cunha, Renzo, António Carlos, e todos estão trabalhando muito bem, todos têm muita qualidade, e o mais importante é que todos estejamos prontos para ajudar o esporte a vencer jogos.
NE45 – O Sport ainda tem sofrido bastante gols nas partidas. Seja por algum erro individual, ou coletivo. Você acha que vocês tem potencial para encontrar um melhor equilíbrio defensivo?
Temos potencial para evoluir mais defensivamente, e ofensivamente também. Fazer mais gols, e defensivamente, nós não queremos sofrer gols, isso acabou por acontecer neste jogo contra o Palmeiras com dois pênaltis, mas o time está trabalhando bem, mas sempre espaço para melhorar, e é isso que procuramos fazer todos os dias.
NE45 – João, queria saber se você ainda almeja uma convocação para a Seleção de Portugal. A mídia do seu país tem prestado bastante atenção no Sport, e um bom desempenho no Brasileirão pode colocar você no radar.
Acho que todo jogador tem esse sonho, e comigo não sou diferente. É um grande sonho que tenho, sei que neste momento estou jogando num campeonato muito forte, um campeonato que ainda vai crescer muito com o Sport, e o meu foco total está em ajudar o Sport, fazer um grande brasileirão, mas claro, sempre sonhando com essa possibilidade. Se não for agora, pode ser mais à frente, e se não chegar, é porque não tinha que chegar. O meu foco é ajudar o Sport, continuar a evoluir como jogador, e fazer mais e melhor, que isso é o mais importante.
NE45 – Queria que você mandasse um recado para o torcedor Rubro-negro, que será muito importante para vocês durante toda a trajetória na Série A do Campeonato Brasileiro.
Queria agradecer a torcida do Sport por todo o apoio que nos têm dado até agora. Como já disse, com eles empurrando o time joga melhor, o time é mais forte. Só com todos juntos vamos conseguir fazer um grande brasileiro. Nós dentro de campo temos que fazer o nosso trabalho, dar o máximo, e eles fora de campo empurrando. Seja em casa, seja fora, temos sentido muito o apoio da torcida, e é isso que queremos continuar a ter. Por isso, estamos juntos.
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