Zagueiro é um dos investigados na Operação Penalidade Máxima
Zagueiro do Náutico, Paulo Miranda foi um dos 16 atletas denunciados pelo Ministério Público de Goiás por suspostamente ter participado de um esquema que manipulava jogos do Brasileirão da Série A e B de 2022, onde à época o jogador defendia o Juventude – que estava na Primeira Divisão. Alvo de busca e apreensão em abril deste ano, o defensor teve o celular apreendido e, com isso, provas foram colhidas pelo MP. Em uma delas, foi identificada uma chamada de vídeo com Bruno Lopez, apontado como chefe da quadrilha que manipulava jogos.
É importante destacar que Paulo Miranda é alvo de participar da suposta manipulação nos jogos do Brasileirão do ano passado, quando estava no Juventude. Ou seja, apesar de ter sido alvo de busca e apreensão durante o período em que esteve no Náutico, os jogos investigados são referentes à temporada anterior, ou seja, 2022, e não têm nenhuma relação com o Timbu.
A reportagem do NE45 teve acesso às investigações colhidas pelo MP, onde é possível observar o zagueiro Paulo Miranda, ao lado do meio-campista Gabriel Tota, em conversa por vídeo chamada com Bruno Lopez, apontado como chefe da quadrilha que manipulava jogos das Séries A e B. Bruno foi preso de forma preventiva há duas semanas.
A conversa aconteceu no vestiário antes de Juventude x Atlético-GO, duelo válido pela 32ª rodada do Brasileirão, no dia 16 de outubro. A reportagem do NE45 buscou contato com o advogado de Paulo Miranda, mas até agora não recebeu retorno. O espaço será atualizado caso haja um retorno. Veja, abaixo, os prints.
De acordo com o Ministério Público de Goiás, foi combinado para que Paulo Miranda tomasse um cartão amarelo na partida entre Fortaleza e Juventude, que aconteceu semanas antes da citada ligação no vestiário. Neste duelo entre o Leão do Pici e o clube gaúcho, o defensor foi advertido com o amarelo aos 19 minutos do primeiro tempo.
“A vantagem consistiu na promessa de pagamento de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais), dos quais R$ 5.000,00 (cinco mil reais) foram efetivamente entregues antes mesmo da realização do jogo, mediante pagamento na conta de Gabriel Tota, jogador do Juventude, para posterior repasse ao atleta Jonathan (Paulo Miranda), para que este, também do Juventude, fosse punido com cartão amarelo na partida, o que foi efetivamente providenciado pelo jogador”, diz trecho do processo.
Na conversa por vídeo antes da partida, onde estão Paulo Miranda, Gabriel Tota e Bruno Lopez, a transcrição do áudio mostra que Gabriel chamou o defensor para a chamada e mostra o defensor ao apostador.
Paulo Miranda também foi citado por suposta manipulação em Goiás x Juventude
Ainda conforme cita o Ministério Público, Paulo Miranda também teria sido orientado a tomar um cartão amarelo na partida entre Goiás e Juventude. E assim como ocorreu ante o Fortaleza, o defensor tomou novamente o cartão – desta vez aos seis minutos do primeiro tempo, conforme consta na súmula.
“A vantagem consistiu na promessa de pagamento de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), dos quais R$ 10.000,00 (dez mil reais) foram efetivamente entregues antes mesmo da realização do jogo, mediante pagamento providenciado por Romário Hugo dos Santos para a conta de Gabriel Tota, para posterior repasse a Jonathan (Paulo Miranda) para que este, também jogador do Juventude, fosse punido com cartão amarelo na partida, o que foi efetivamente providenciado pelo jogador”, diz trecho do processo.
Em conversa com Gabriel Tota, do Juventude, Paulo Miranda chega a dizer: “Não vou deixar os manos na mão”. A resposta acontece após o companheiro de equipe mandar um print comprovando que o defensor foi amarelado para o próprio zagueiro, que imediatamente responde desta forma. Veja nos prints abaixo.
Juventude se posiciona
Após ver seu nome envolvido nas operações, o Juventude, time em que Paulo Miranda atuou em 2022, se posicionou oficialmente na tarde desta terça-feira. O clube gaúcho disse que irá “colaborar com as autoridades responsáveis pelas investigações, para que os fatos sejam regularmente apurados e os responsáveis identificados e responsabilizados na forma e no rigor da lei”.
O Esporte Clube Juventude, em respeito à sua história, aos seus associados, atletas, funcionários e milhares de torcedores, vem a público reiterar o seu compromisso ético e a sua absoluta intransigência em relação a qualquer comportamento que fira a lisura e a transparência que devem nortear a prática e as competições esportivas em todos os níveis. Em quaisquer circunstâncias, repudiamos veementemente qualquer tentativa ou atos que visem manipular resultados no esporte.
É inadmissível, e por todas as formas condenável, condutas ilícitas, antiéticas, imorais e antidesportivas, inaceitáveis em qualquer nível.
Com essa convicção, O Esporte Clube Juventude, em face das recentes publicações divulgadas na imprensa relacionadas à “Operação Penalidade Máxima”, citando nominalmente três atletas que atuaram pelo Clube em 2022, e que atualmente estão vinculados a outras agremiações, como investigados na referida operação, reitera o seu firme posicionamento de colaborar com as autoridades responsáveis pelas investigações, para que os fatos sejam regularmente apurados e os responsáveis identificados e responsabilizados na forma e no rigor da lei.
Náutico ainda não oficializou rescisão com Paulo Miranda
Poucos dias após Paulo Miranda ter sido alvo de busca e apreensão em sua residência no Paiva, na cidade do Cabo de Santo Agostinho, a saída do atleta do Náutico foi encaminhada, como trouxe a reportagem do NE45 no dia 19 de abril. Contudo, esse processo ainda não foi oficializado pelos meios de comunicação do clube e nem no BID da CBF.
Nas redes sociais do atleta, aliás, consta na biografia dele que ainda é jogador do Náutico – mesmo sem ser na prática, já que não treina com a equipe há três semanas.
Na manhã desta segunda-feira, a reportagem do NE45 buscou contato com a direção do Náutico para saber se a rescisão do atleta já havia sido assinada. Contudo, não recebeu nenhuma resposta.
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