Empresário, investidores e membros da diretoria coral estiveram presentes na coletiva de apresentação do nome
O empresário e ex-presidente do Atlético Mineiro, Alexandre Kalil, foi oficialmente apresentado nesta sexta-feira (25) como parte do projeto da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do Santa Cruz. A coletiva aconteceu no Estádio do Arruda e contou com a presença dos investidores da Cobra Coral Participações S.A. e do presidente do clube, Bruno Rodrigues.
Sem ocupar cargo fixo e sem vínculo como investidor, Kalil chega ao Santa Cruz como figura de apoio, trazendo sua experiência no futebol. De acordo com o investidor Iran Barbosa, Kalil terá um papel de transmitir conhecimento.
“Ele é pré-candidato a governador de Minas Gerais e eu não posso atrapalhar os projetos dele. Ele não vem para ser consultor, nem para ser investidor. O que ele vem fazer é algo que já tentaram fazer com o Kalil, e ninguém conseguiu”, explicou.

Foto: Vinícius Medeiros/NE45
“Se ele viesse como consultor, a gente não ia ter dinheiro para pagar. A SAF nenhuma ia ter dinheiro para pagar o Alexandre Kalil no Brasil. Se fosse trazer ele como investidor, eu quero dizer bem claro que ele ainda não colocou um real, mas se ele quiser colocar um real ou nada, ou só a participação dele, as portas da Cobra Coral estão abertas”, completou.
O investidor também citou a experiência de Alexandre em diversos setores presentes no clube, desde a parte administrativa até a parte do futebol.
“O Alexandre, se a gente tem que navegar o ambiente do conselho administrativo, o Alexandre já foi presidente do conselho, ele tem essa experiência. Se a gente precisa navegar o ambiente de vestiário, é um cara que foi diretor de futebol, presidente da série mais vitoriosa da história do Clube Atlético Mineiro, mas, acima de tudo, ele é uma pessoa, acho que talvez a única pessoa no Brasil que tem experiência em um cenário parecido como o Santa Cruz”, afirmou.
Apresentação de Alexandre Kalil
Durante a apresentação, Kalil comentou que não trabalharia oficialmente em outro clube sem ser seu time do coração, o Atlético Mineiro, mas que estava disposto a ajudar o clube.
“O Santa que está de pé hoje, é porque tem torcida e eu conheço bem a torcida”, afirmou Kalil. “Eu só trabalharia, só presidiria, só dirigiria o clube que eu amo. Não quer dizer que eu não respeite quem ama outro clube, mas eu posso ajudar de uma forma muito modesta. O Iran e o Bruno exageraram. Eu posso colaborar com o que está ao meu alcance, com o que a gente conhece”, comentou.
Em sua chegada ao Santa Cruz, o novo dirigente enfatizou a importância de o projeto da SAF dar certo, destacando aprendizados com iniciativas semelhantes que fracassaram em outros clubes do futebol brasileiro.
“Eu estou nesse negócio há muito tempo, mas é uma coisa que é verdade. Se fizer tudo certo, tem uma chance. E como nós estamos aí cheios de Safs que deram errado. Nós temos aqui uma vantagem, nós vimos muitas das SAFs no Brasil darem errado. E como essa está sendo recente, eu acho que nós já temos uma possibilidade de reduzir esses erros pela metade. A gente vai colaborar”, disse.

Foto: Vinícius Medeiros/NE45
O dirigente também demonstrou entusiasmo com a estrutura do clube, ressaltando o potencial do Santa Cruz com base no que viu logo ao chegar.
“Eu vi o tamanho disso aqui. Eu vi que isso aqui é muito grande, isso aqui nós tomamos uma estrutura de 50 anos atrás, e eu posso garantir aos senhores que há 50 anos atrás, poucos clubes do mundo tinham uma estrutura que eu vi aqui hoje”, afirmou.
Apesar da empolgação, ele reconheceu os desafios à frente e pediu cautela, reforçando que não há milagres no futebol e que tudo precisa ser construído com simplicidade, verdade e coragem.
“Eu acho muito difícil dizer o que vai ser feito, porque eu acabei de chegar ao Santa Cruz, eu acabei de conhecer o clube. Agora, o que nós vamos fazer? Porque não existe milagre. Não tem nada excepcional, espetacular e o futebol é feito de coisas espetaculares”, declarou.
Em tom direto, alertou a torcida sobre falsas promessas e a necessidade de responsabilidade no processo de reconstrução do clube.
“E, se prometerem para vocês, torcedores, o impossível, não acreditem. Não acreditem porque é mentira. Tem que ser tudo construído, passo a passo, acertando mais que errando, e tentando alcançar alguma coisa que o Santa Cruz não alcança há muito tempo”, disse.
Por fim, reforçou o respeito pela torcida coral e pediu cuidado ao se comunicar com quem já sofreu demais, principalmente nos anos anteriores do clube.
“O que eles querem é acordar o gigante, que eles se responsabilizem por isso, e muito cuidado para transmitir mentira para gente sofrida. Porque a torcida que passa, que é a torcida do Santa Cruz, pela história que eu sei, pelo tudo que me foi falado aqui, é gente muito fiel e gente muito sofrida”, disse.

Foto: Divulgação/Atlético-MG
Para Kalil, apesar de ser apaixonante e grandioso, o futebol não é um campo de promessas irreais, mas de atitudes concretas.
“O futebol é feito de verdade, de vontade, de coragem. Aqui, tem gente disposta, que não serei eu, a falar a verdade, a ter coragem de fazer a coisa certa. O futebol é uma coisa relativamente simples, de coisas simples, e que o futebol é muito difícil”, disse.
Em meio aos planos do clube e da SAF, Kalil também mencionou a importância da reforma do Arruda e o papel histórico do estádio.
“É chegado uma torcida que fala assim, nós temos que reformar o nosso Estádio. O Estádio vai ser sempre, o que há de eterno no clube. Ele é um bem material. Ninguém aceita que esse estádio só interessa para Santa Cruz. Ele é para o Santa Cruz, será eternamente em Santa Cruz”, afirmou.
O dirigente ainda comentou sobre o papel do vestiário e criticou a presença de figuras políticas e visitantes em áreas internas do clube.
“O vestiário não é lugar de visitação. Eu estou dando um exemplo: o estado é de simplicidade. O vestiário não é lugar para política, é lugar para presidente, para quem paga a conta, para quem dirige. Não é sala de estar. Sala de estar é para camarada, para beber vinho, para beber uísque”, comentou.

Foto: Vinícius Medeiros/NE45
Ao comentar as prioridades do futebol, o dirigente minimizou promessas mirabolantes e defendeu o básico: responsabilidade financeira e resultado em campo. Para ele, o torcedor quer simplicidade e alegria no pós-jogo, algo que conhece bem, inclusive como torcedor.
“Calma que vai dar certo. Eu acabei de falar duas coisas aqui que são absolutamente simples. É pagamento em dia. Não é fazer coisas mirabolantes, construir isso, construir aquilo. A torcida quer bola na rede. A torcida quer bola na casinha. Não é marketing, não é isso. É a bola na casinha. A torcida quer ir para casa e tomar uma cerveja. Eu, como atleticano, sabia o que era o lanche de domingo quando ganhava e o lanche de domingo quando perdia, que era ruim. É simples assim”, comentou.
Em tom de indignação, ele destacou o abandono do Santa Cruz nos últimos anos e reforçou que a maior torcida de Pernambuco merece voltar a sorrir. A prioridade, segundo ele, é devolver dignidade e esperança ao torcedor.
“Nós temos que dar o lanche para a torcida do Santa Cruz quando acabar o jogo. O cara ir alegre para casa. Pode tomar a cerveja dele, ficar satisfeito e comentar o futebol. Como é que você tira um time de uma série, cara? A maior torcida de Pernambuco está sem jogar há um ano. Isso é a morte”, completou.
Cargo no Santa Cruz
Questionado sobre seu papel dentro do clube, o dirigente afirmou que não possui cargo formal e rejeitou rótulos. Para ele, mais importante do que títulos ou cargos é a filosofia que se aplica ao futebol.
“Não tem nomenclatura porque eu não tenho cargo, eu não tenho salário, eu não tenho carro de direção, eu não mando. Então, infelizmente, não tem nomenclatura porque eu vim fazer. Eu vim fazer o que, por exemplo, o que fez a pergunta sobre o nome. Futebol não é um nome, futebol não é um diretor, futebol é uma filosofia”, disse.

Foto: divulgação/Santa Cruz
Quando será o próximo jogo do Santa Cruz?
O Tricolor volta a campo no domingo (27), às 16h, diante do Treze na Arena Pernambuco. O Santa precisa se recuperar após uma sequência negativa na competição.
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