As últimas madrugadas foram algumas das mais brilhantes da história do esporte nordestino. Nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, 26 nordestinos subiram ao pódio, participando de 23 das 71 conquistas que o Brasil levou no Japão – as duas marcas são recordes para a região. No total, os paratletas nordestinos vão trazer 32 medalhas como lembranças da viagem e, se o Nordeste fosse um país, teria sido o 20º colocado no quadro de medalhas.
São várias marcas que se acumulam e ajudam a ampliar a bela história do Nordeste em Paralimpíadas. Na oitava edição seguida com medalhas para a região, ultrapassamos a marca de 100 pódios na história com participação direta de paratletas nordestinos, além de alcançar as 150 medalhas trazidas para o Nordeste. Para fins de comparação, nos Jogos Olímpicos, que tiveram o dobro de edições, a região só participou de 37 pódios, contra 109 nas Paralimpíadas.
A história também foi feita em recortes estaduais. O Maranhão ganhou seu primeiro ouro paralímpico da história, com Jardiel Vieira, do futebol de 5. Ele foi o segundo medalhista da história do estado, o que se repetiu no Piauí, com a prata de Luís Carlos Cardoso na paracanoagem. A Paraíba também teve uma marca importante, com quatro medalhistas inéditos, eles chegara a um total de 14, disparando como estado com mais medalhistas na região.
Carol Santiago
Se o Nordeste trouxe um brilho a essa Paralimpíada, ele se chama Maria Carolina Santiago. Disputando os Jogos pela primeira vez, apenas dois anos após ingressar ao paradesporto, a nadadora pernambucana de 36 anos ganhou três ouros, uma prata e um bronze. Com isso, ela não apenas foi a melhor brasileira em Tóquio, como volta ao Recife como a sexta principal multimedalhista desta edição da Paralimpíada.
Carol é da classe S12, de atletas com baixa visão e chegou, inclusive, a ser campeã em uma prova do S13, para atletas com visão menos comprometida. A paratleta, agora, se tornou a segunda maior campeã paralímpica do Nordeste em uma mesma edição dos Jogos, sendo superada, apenas, por Clodoaldo Silva, nadador potiguar que levou seis ouros em Atenas-2004.
As conquistas
Além de Carol, o Nordeste também teve outros dois multimedalhistas paralímpicos. O homem com deficiência mais rápido do mundo é um deles. Com um ouro e um bronze, Petrúcio Ferreira não superou seu recorde mundial nos 100m rasos, mas também não foi ultrapassado por nenhum atleta de nenhuma categoria. O paraibano também participou de um pódio duplo do Brasil, com um bronze nos 400m na classe T47, mesmo sentindo dores.
E o atletismo ainda trouxe outra multimedalhista. Potiguar, Thalita Simplício levou pratas nos 200m e nos 400m na classe T11. Com isso, a jovem de 24 anos superou a sua campanha na Rio-2016, quando só ganhou uma prata no revezamento.
Mas, a longo prazo, poucos destaques superam o futebol de 5. Com oito nordestinos entre os 10 convocados para representar o time brasileiro, o país conseguiu o pentacampeonato da categoria, seguindo invicto na história paralímpica, que já vem desde 2004. Agora, o paraibano Damião Robson e o baiano Jeferson da Conceição se tornam tetracampeões, enquanto o baiano Cássio Lopes dos Reis e o pernambucano Raimundo Nonato são tri.
NÚMEROS DA PARTICIPAÇÃO NORDESTINA NA PARALIMPÍADA
- 23 medalhas com participação nordestina (recorde, superando Rio-2016, com 20), sendo:
6 ouros (2ª melhor, superado por Atenas-2004, com 10)
7 pratas (2ª melhor, superado por Rio-2016, com 9)
10 bronzes (recorde, igualando Atlanta-1996) - 18 medalhas individuais (recorde, superando Atenas-2004, com 14), sendo:
4 ouros (2ª melhor, superado por Atenas-2004, com 8)
6 pratas (recorde, superando Rio-2016, com 5)
8 bronzes (2ª melhor, superado por Atlanta-1996, com 10) - 5 medalhas coletivas, sendo:
2 ouros (recorde, igualando Atenas-2004 e Rio-2016)
1 prata
2 bronzes - 32 medalhas trazidas para o Nordeste (recorde, superando Rio-2016, com 28), sendo:
15 ouros (2ª melhor, superado por Atenas-2004, com 16)
7 pratas (3ª melhor, superado por Rio-2016, com 12, e Sydney-2000, com 8)
10 bronzes (recorde, igualando Atlanta-1996) - 26 medalhistas (recorde, superando Rio-2016, com 21), sendo:
13 campeões paralímpicos (recorde, superando Atenas-2004 e Londres-2012, com 10)
EVOLUÇÃO NORDESTINA NAS PARALIMPÍADAS
Toronto-1976 – 1 medalhista, 1 pódio, 0 medalha individual
Stoke Mandeville-1984 – 1 medalhista, 4 pódios, 4 medalhas individuais
Barcelona-1992 – 3 medalhistas, 3 pódios, 3 medalhas individuais
Atlanta-1996 – 8 medalhistas, 12 pódios, 12 medalhas individuais
Sydney-2000 – 6 medalhistas, 10 pódios, 7 medalhas individuais
Atenas-2004 – 14 medalhistas, 17 pódios, 14 medalhas individuais
Pequim-2008 – 14 medalhistas, 10 pódios, 5 medalhas individuais
Londres-2012 – 16 medalhistas, 9 pódios, 7 medalhas individuais
Rio-2016 – 21 medalhistas, 20 pódios, 12 medalhas individuais
Tóquio-2020 – 26 medalhistas, 23 pódios, 18 medalhas individuais
MEDALHAS
OUROS INDIVIDUAIS
Petrúcio Ferreira (Bejo da Cruz/PB) – Atletismo (100m rasos – classe T47)
Maria Carolina Santiago (Recife/PE) – Natação (50m livre – classe S13)
Maria Carolina Santiago (Recife/PE) – Natação (100m peito – classe S12)
Maria Carolina Santiago (Recife/PE) – Natação (100m livre – classe S12)
OUROS COLETIVOS
Seleção de futebol de 5 (com 8 nordestinos: Cássio Lopes dos Reis-Ituberá/BA, Damião Robson-Campina Grande/PB, Gledson Barros-Salvador/BA, Jardiel Vieira-Pinheiro/MA, Jeferson da Conceição-Candeias/BA, Raimundo Nonato-Cabrobó/PE, Luan Lacerda-João Pessoa/PB e Matheus Bumussa-Campina Grande/PB)
Seleção masculina de goalball (com 3 nordestinos: Emerson Ernesto-Campina Grande/PB, José Roberto de Oliveira-Lagoa Seca/PB e Romário Marques-Natal/RN)
PRATAS INDIVIDUAIS
Thalita Simplício (Natal/RN) – Atletismo (200m rasos – classe T11)
Thalita Simplício (Natal/RN) – Atletismo (400m rasos – classe T11)
Raíssa Machado (Ibipeba/BA) – Atletismo (lançamento de dardo – classe F56)
Marivana Oliveira (Maceió/AL) – Atletismo (arremesso de peso – classe F35)
Luis Carlos Cardoso (Picos/PI) – Canoagem (200m individual – classe KL1)
Cecília Kethlen (Natal/RN) – Natação (50m livre – classe S8)
PRATAS COLETIVAS
Natação – Revezamento 4x100m livre até 49 pontos (com 1 nordestina: Maria Carolina Santiago-Recife/PE)
BRONZES INDIVIDUAIS
Petrúcio Ferreira (Brejo da Cruz/PB) – Atletismo (400m rasos – classe T47)
Cícero Valdiran (Aguiar/PB) – Atletismo (Lançamento de dardo – classe T57)
Jardênia Felix (Natal/RN) – Atletismo (400 rasos – classe T20)
Maciel Santos (Crateús/CE) – Bocha (Individual – classe BC2)
Renê Campos Pereira (Itapetinga/BA) – Remo (skiff individual – classe PR1)
Phelipe Rodrigues (Recife/PE) – Natação (50m livre – classe S10)
Maria Carolina Santiago (Recife/PE) – Natação (100m costas – classe S12)
Silvana Cardoso (São Bento/PB) – Taekwondo (até 58kg)
BRONZES COLETIVOS
Seleção feminina de vôlei sentado (com 1 nordestina: Pâmela Pereira-Balsas/MA)
Natação – Revezamento 4x50m livre até 20 pontos (com 1 nordestina: Joana Neves-Natal/RN)
TOTAL HISTÓRICO
Alagoas – 4 medalhistas – 1 ouro, 5 pratas, 4 bronzes (individuais: 1/2/4)
Bahia – 10 medalhistas – 9 ouros, 2 prata, 5 bronzes (individuais: 0/2/4)
Ceará – 3 medalhistas – 1 ouro, 3 pratas, 6 bronzes (individuais: 1/3/6)
Maranhão – 2 medalhistas – 1 ouro, 0 prata, 2 bronze (individuais: 0/0/0)
Paraíba – 14 medalhistas – 24 ouros, 4 pratas, 4 bronzes (individuais: 2/2/3)
Piauí – 2 medalhistas – 2 ouros, 2 prata, 0 bronze (individuais: 2/2/0)
Pernambuco – 8 medalhistas – 12 ouros, 11 pratas, 7 bronzes (individuais: 9/8/7)
Rio Grande do Norte – 11 medalhistas – 9 ouros, 18 pratas, 18 bronzes (individuais: 5/7/13)
Sergipe – nenhuma medalha
Total do Nordeste
54 medalhistas (eram 44)
Medalhas (por medalhista): 59 ouros, 45 pratas e 46 bronzes – total: 150 (eram 44/38/36 – 118)
Medalhas (por campanha): 28 ouros, 37 pratas e 44 bronzes – total: 109 (eram 22/30/34 – 86)
Medalhas individuais: 20 ouros, 25 pratas e 36 bronzes – total: 81 (eram 16/19/28 – 63)
Medalhas coletivas: 8 ouros, 12 pratas e 8 bronzes – total: 28 (eram 6/11/6 – 23)
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