Depois de várias tentativas, o agora ex-executivo do Sport, Felipe Albuquerque, conversou com o NE45 sobre a crise vivida pelo departamento de futebol do clube. Após pedir demissão na tarde da última sexta-feira, informou que estava em trânsito para saída do Recife e só conseguiu se posicionar nesta quarta, onde atendeu à reportagem por telefone.
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Dentre os vários temas em pauta, o NE45 começou pelo mais recente: a escalação do zagueiro Pedro Henrique que, de acordo com o regulamento geral de competições da CBF, é irregular, uma vez que ele atingiu o limite de aparições na súmula pelo Internacional (cinco por ter entrado em campo e outras duas por ter levado cartão amarelo no banco de reservas, sem ter sido acionado).
Porém, segundo o regulamento específico da competição, é válido como participação na súmula apenas se o jogador, efetivamente, entrar em campo. E foi com base nisso que o executivo autorizou a estreia de Pedro Henrique pelo Sport contra o São Paulo, onde recebeu aval do jurídico do clube, o que foi omitido nos prints vazados na última terça-feira, de acordo com ele.
“Sobre Pedro Henrique, só me posiciono nos prints após ter o respaldo do departamento jurídico do clube. Quando eu digo ‘está apto’ eu tinha o respaldo dos advogados que já tinham se posicionado. O e-mail é anterior à minha resposta. E ela está no grupo. Mas não era interessante para quem vazou as mensagens que vazasse isso. Então o vazamento é intencional e recortado, tem apenas uma parte da história”, afirmou Felipe Albuquerque. “Eu segui a orientação dada pelo jurídico e, agora, se tiver um entendimento diferente, vai ter que ser no tribunal”.
A reportagem tentou contato com o departamento jurídico do Sport na tarde desta quarta-feira, mas não obteve sucesso. Além disso, ainda sobre o caso de Pedro Henrique, o executivo afirmou que o sistema da CBF costuma errar e, se aparece algum tipo de alerta, não ‘para o mundo’.
“É normal. Em algumas situações ele falha. Já houve casos que fizemos pré-escala colocando o jogador manualmente. Não apareceu, é um sistema alimentado por mão humana. Então o sistema tem erros. ‘Ah, se apareceu no sistema, nunca poderia ter feito isso’. Não, o sistema erra. Às vezes aparece que está suspenso porque tem três cartões, mas na verdade tem dois. Então se liga no departamento da CBF e eles removem o erro para escalar o jogador. Então não é algo, assim, se apareceu o alerta, para o mundo. Acontece corriqueiramente. Todo o jogo acontece algum tipo de alerta ou erro, não é algo excepcional. Não é infalível, por vezes apresenta erros e tem que entrar em contato com o departamento de tecnologia da informação da CBF para corrigir um problema ou outro. É todo manual”, disse.
“O alerta só deu aquela vez, Luana (Moreno, gerente de futebol) fez a pré-escala e (o alerta) nunca mais apareceu. Apareceu só uma única vez, depois não aparece mais”, garantiu o executivo.
“As pessoas aí, em algum momento, já condenaram o Sport a perder pontos, rebaixaram o Sport. Sendo que nada aconteceu. O atleta tem cinco semanas do jogo do São Paulo e nem denúncia foi oferecida ainda. Então talvez nem existe julgamento porque não existe denúncia. Então tem que ir um passo de cada vez. Depois que existir a denúncia, o Sport tem os argumentos do qual vai poder defender, então tem que ter um pouco mais de calma e responsabilidade na análise dos fatos”.
Reforços que não foram inscritos
Felipe Albuquerque também falou sobre os casos de Saulo, Aguirre e Vander, que não foram inscritos na Série A até a última sexta-feira, data limite do prazo. E afirmou que já tinha saído do clube antes disso – na tarde da sexta -, além de que não era uma tarefa dele.
“Em relação às inscrições, não posso responder porque o clube teve até 00h, então houve tempo hábil. Quinta foi meu último dia de trabalho, então não posso ser responsabilizado por uma situação da qual o clube teve tempo para fazer e não fez”, falou.
“Quem era responsável pelo cadastro dos atletas, era Luana, um procedimento corriqueiro. Ela está no clube há muitos anos, já trabalhou no Bahia, então é uma profissional extremamente capacitada, estava acostumada a fazer o procedimento. Mas o porquê não foi feito especificamente nesses três atletas eu não sei responder, tem que perguntar para ela”.
A reportagem entrou em contato com Luana Moreno, que informou que vai se pronunciar por nota nesta quarta-feira.
Trabalho no Sport
Em relação à passagem pelo clube, Felipe Albuquerque afirmou que encontrou dificuldades e, por isso, pediu para sair após menos de dois meses. Além disso, fez críticas à estrutura do departamento de futebol, onde não teve autonomia.
“Infelizmente eu não consegui desenvolver meu trabalho na plenitude, sou muito exigente comigo. Então como não consegui entregar meu melhor ao Sport, muito pela estrutura que o clube tinha, eu preferi pedir meu desligamento. Saí pela porta da frente, conversei, mantenho meu contato diário com os profissionais, tenho me despedido de alguns jogadores, recebi mensagens”.
“O clube tem uma estrutura política muito grande, então são muitas pessoas na tomada de decisão. E não estou acostumado com isso, sempre trabalhei sendo o responsável pela tomada de decisões. E no Sport não era esse protagonista. Por isso pedi meu desligamento”, concluiu.
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