O Santa Cruz deu o primeiro passo, nesta terça-feira, para apresentar os detalhes da proposta da criação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) no clube e que irá para votação no dia 27 de março via Assembleia Geral Extraordinária. Em coletiva de imprensa no auditório do Arruda, o presidente Joaquim Bezerra e os advogados que integram o comitê jurídico coral, Lucas Cavalcanti e Lucas Gouvea, estiveram presentes, tirando dúvidas sobre a proposta de cisão com o departamento de futebol e explicando como se dará a continuidade do processo a partir de agora.
Veja a coletiva, na íntegra
Canal com o torcedor para explicar a SAF
– A gente tem um desejo de transparência com o torcedor, com o sócio e com o conselho, e esse desejo vai ser respeitado de forma ostensiva pelo executivo. Vou explicar uma das obrigações que a gente vai passar a cumprir a partir dessa semana. O prazo de 45 dias que a gente tem a cumprir agora ele já vai ser utilizado para ser disponibilizado o estatuto da SAF no site, que vai ser feito de hoje para amanhã, nós teremos seguidas reuniões e publicações das mídias sociais explicando como será realizada a Assembleia e os procedimentos de constituição da SAF, como serão realizados os procedimentos de aprovação por parte da Assembleia se essa vier a aprovar a SAF e como funciona, de fato, a SAF, para que o torcedor e o sócio não tenha dúvida em relação ao procedimento. Além disso, as disposições estatutárias da associação também vão estar disponíveis para consulta e vamos criar um canal de contato direto com o torcedor para que não haja nenhum tipo de falta de transparência.
Escritório de advocacia contratado já foi pago pelo clube?
– Desde que nó entramos no Santa Cruz que nós já vislumbrávamos que a saída do Santa Cruz passa por dois caminhos: a entrada efetivamente de investimentos e a reestruturação do seu passivo. Nós criamos um grupo de estudos para entender em que ponto a gente poderia trazer benefícios para o clube em relação a isso. Desde que a lei foi sancionada, em agosto, nós contratamos um dos maiores escritórios de advocacia do Brasil. Nós não pagamos com nenhum dinheiro, porque esse escritório foi contratado para ser pago com o sucesso do negócio.
Cisão com o futebol ≠ cisão total com o clube social
– Nesse primeiro momento, se dará com capital 100% integralizado pelo clube, ou seja: capital social será 100% do clube. A partir do momento que essa SAF passar a juridicamente existir, pode seguir a procura de investidores. O que a gente está fazendo, é: a associação segue existindo com todo o seu patrimônio, bens, direitos e obrigações, e ela constitui uma nova empresa chamada Santa Cruz futebol clube S/A, que é a SAF. Temos, dentro da SAF, o direito resguardado do clube de permanecer com as suas cores, localização do estádio, escudo, etc.
Por que a antecipação das eleições?
– Porque eu quero dar total lisura ao processo, eu não quero que as pessoas pensem ou que isso tenha um conotação de que, ‘ah’, o presidente está criando uma SAF para que ele possa se beneficiar de algo, não tem nada disso. A minha ideia é, a AGE determina que a SAF pode ser constituída e eu, que vim para o Santa Cruz com o intuito primeiro e viabilizar o clube financeiramente, eu acredito que a partir daí o clube pode vir a ser tocado por qualquer pessoa que venha a se candidatar par a presidência do clube. Esse é o meu objetivo.
Perfil do possível investidor
– A gente está abrindo leque, a gente sabe do que o Santa Cruz precisa, precisa de gente que pense o Santa Cruz grande que é, estádio cheio, e não só de aquisição de jogador. A gente está conversando com todos tipos possíveis de investidor, fundos de investimento, Bancos, grande empresário, e até inclusive player internacional, que querem aportar dinheiro em clubes de futebol. Não estamos fechando a porta para nada, é hora de ouvir. Nada decidido em relação aos valores do aporte, se R$ 1 ou R$ 100 milhões. O momento hoje, é: entendemos hoje que o Santa Cruz tem uma janela de oportunidades de ser um dos pioneiros do Nordeste, assim como o Cruzeiro foi, e o Botafogo está sendo, de ser o primeiro clube, fugindo do eixo Rio-SP, de dar esse passo de se profissionalizar e ter um modelo mais moderno que permita a gente trazer recursos. O que a gente quer é isso. O perfil em si que a gente trabalha é o perfil do Santa Cruz, que é de performance. Não é um clube voltado para revelar jogadores ou realização de transferências. É de resultados e ganhar títulos. O investidor que vier tem que estar voltado para rentabilizar em cima da performance do clube e igualmente voltado para a torcida. O Santa Cruz é um clube popular.
Santa Cruz seria acionista majoritário ou minoritário em caso de aprovação da SAF?
– O Estatuto foi criado e reformado dentro de um contexto prévio à situação da Lei da SAF, mas hoje precisamos fazer uma adequação do Estatuto para sentar com possíveis investidores. Seguindo os casos de Botafogo e Cruzeiro, que venderam a maior parte das suas ações, a gente entendeu por bem que, se aprovada a constituição da SAF, vamos levar em consideração esse cenário.
– Existem duas formas de você capitalizar uma empresa S/A: uma é por dívida e a outra por venda de participação societária. Para que você possa se capitalizar por dívida, você tem que ter garantia de como você vai pagar essa dívida, ao passo de que se você faz por venda de participação societária, quem tá entrando assume todo o risco do negócio. Então, é natural que o investidor que entre ele queira ser o acionista majoritário, obviamente pelo ‘valuation’, mas com certeza ele irá aportar capital e nesse aporte de capital, que não é por dívida e compra de participação, ele certamente será um acionista majoritário.
Votação da SAF e antecipação das eleições serão no mesmo dia ou um novo edital será publicado?
– A gente não está pensando numa republicação. Pode haver aí uma ratificação e algum item.
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