Rubro-Negro enfrenta punição e reencontra torcida após portões fechados
O silêncio da Ilha do Retiro em jogos do Sport pelo Brasileiro da Série B chegou ao fim. A partir do próximo sábado (20), contra o Botafogo-SP, mulheres, crianças até 12 anos e pessoas com deficiência (PCDs) ocuparão as arquibancadas. Das sociais à geral, as vozes entoadas serão, em sua maioria, femininas. E assim seguirá nas duas próximas partidas em que o Leão for mandante, diante de ABC e Avaí, respectivamente.
A configuração se dá em razão da punição sofrida pelo Rubro-Negro junto ao Superior Tribunal da Justiça Desportiva (STJD), no jogo contra o Vasco, ainda em 2022, pela Série B. Na ocasião, o confronto foi encerrado após invasão de campo e cenas de violências na Ilha. A oportunidade, ainda que por atitudes negativas, oferece um momento comemorado – e valorizado.
“Apesar desse momento existir por terem feito coisas erradas, e achamos importante conversar sobre, queremos mostrar que podemos fazer uma festa bonita. A gente quer manter um nível de mulheres frequentando o estádio. Estamos todas nos mobilizando para ajudar o time. Queremos ocupar as arquibancadas“, disse Wanessa Mary, integrante do coletivo Elas e o Sport.






O movimento do Elas está entre os muitos coletivos que se somam à mobilização – ainda maior – neste momento inédito de ocupação da Ilha do Retiro. A manifestação conjunta das arquibancadas também se faz forte nos bastidores.
Os bastidores da mobilização
Madrugada adentro organizadas pelo Sport. Assim tem se intensificado a rotina de muitas torcedoras rubro-negras envolvidas nos preparativos para a estreia com público em casa, contra o Botafogo-SP. Mutirões por bandeirinhas, faixas de mão, balões e muitos cartazes. A organização tem sido diária e vem acontecendo há mais de um mês.
Além do Elas e o Sport, grupos como Leoas da Ilha e Leoas da Fuzarka também estão mobilizados, além de torcedoras solos, não necessariamente integradas a coletivos. A palavra de ordem é acolhimento. Basta ter o interesse em ajudar o Sport. Nesse caminho, movimentos como o Elas na Ilha do Retiro e Ocupe Ilha ganharam força.






Na tarde da última quinta, a dois dias da partida, torcedoras estiveram nas dependências da Ilha para acelerar a confecção do material a ser utilizado nas arquibancadas. De acordo com Tathiana Ferreira, uma das organizadoras e membro do Elas e o Sport, a ideia é produzir em larga escala já pensando nas três partidas.
“O material foi pensado para servir a todos os jogos. A confecção, a princípio, vai estar pré-pronta. Por isso, nos reunimos. Um verdadeiro mutirão para adiantar tudo o que puder”, relatou.
Efeito a longo prazo
A mobilização, apesar de ter foco concentrado nas próximas três partidas do Sport no Recife, carrega projeções futuras. A ideia é seguir abrindo caminho para tantas outras mulheres que desejam estar presentes nas arquibancadas, mas por motivos como a falta de segurança, por exemplo, ainda acompanham de longe.
“Tem muitas meninas que querem estar na Ilha, mas existe um receio. Abrimos uma caixinha no nosso Instagram e a maioria das respostas sobre não vir ao estádio é a insegurança. Então, estamos trabalhando para que a gente possa facilitar essa experiência. Estamos juntas, acompanhadas, organizadas para ir e voltar”, disse Wanessa Mary.
“Queremos trazer o máximo de mulheres possíveis para as arquibancadas. Não só do nosso movimento. A ideia é envolver toda e qualquer mulher que queira estar presente, principalmente aquelas que têm algum receio do ambiente. Nós queremos estar juntas e acompanhar”, completou Tathiana.
Sport melhora espaço para PCDs
Vale destacar que há pouco mais de um mês o ambiente reservado para pessoas com deficiência na Ilha do Retiro passou por mudanças. Após pedidos de representantes na torcida, o clube mexeu na estrutura do estádio no setor das sociais em prol da melhora da experiência para PCDs.

Antes com um vidro separando o local do campo, hoje o espaço conta com uma tela com rede. A troca, prontamente aprovada, é uma das medidas do Ilha Plural, projeto rubro-negro que envolve ações de inclusão. Foi através dele, também, que PCDs passaram a ter gratuidade em jogos na Ilha.
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