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Marino Abreu relata ameaças e fala sobre intervenção judicial no Santa Cruz: “Perseguição política”
Segundo presidente do Deliberativo coral, ameaças ocorriam em dias de jogos e até mesmo dentro da estrutura do clube e eram feitas por pessoas ligadas a ALN
Presidente do Conselho Deliberativo do Santa Cruz e atualmente um dos principais opositores do poder executivo no clube, Marino Abreu tem vivido uma queda de braço praticamente diária com o presidente coral, Antônio Luiz Neto. No cargo desde 2021 e reconduzido a ele após intervenção judicial em agosto, o dirigente relatou ter sofrido ameaças durante a condução do seu mandato, inclusive de prováveis candidatos na eleição a ser realizada em dezembro. .
“As ameaças ocorriam muitas vezes quando eu ia ao estádio, mas não foram só essas. Aconteceram várias vezes de maneiras pública. Inclusive, Dody (Josenildo Dody, pré-candidato à presidência do Santa Cruz para a próxima eleição) fez um vídeo na época da primeira assembleia me ameaçando. Também sofri ameaças no dia da Assembleia Geral para a modificação do Estatuto, que foi convocada por Antônio Luiz Neto”, relembrou.
“Nesta ocasião, eu fui cercado no local de votação. Eu fui votar e quando estava no local onde só poderiam entrar sócios e votantes, eu fui coagido por membros ligados ao Executivo. Eram pessoas que fizeram parte da organizada, mas que hoje estão na estrutura do Santa Cruz, como colaboradores ligados ao presidente e estão presentes no dia a dia do clube. Enfim, foram inúmeras situações, sem contar as citações em jornais e redes sociais”, complementou.
Esse contexto político acalorado também se reflete na relação entre os poderes do clube. Segundo o representante do Conselho Deliberativo, o vínculo que já era ínfimo entre o órgão e o mandatário coral, se tornou inexistente após o pedido de intervenção judicial, que afastou Marino do cargo – juntamente com Eduardo Cavalcanti, presidente da comissão da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) no Conselho – para nomear Ricardo de Paula, aliado político de ALN para “apaziguar os bastidores do clube”.
“A relação entre o Conselho Deliberativo e a presidência do Santa Cruz já não existia. Já quase não nos falávamos e hoje ficou ainda pior. Faz muito tempo que não sou procurado e também não irei buscar (uma aproximação). O meu afastamento foi visto com bastante incredulidade. Foi um absurdo que o Judiciário corroborasse com todas as mentiras contadas, além de me tirarem do cargo sem que ao menos me ouvissem”, explicou
“Isso mostra como é difícil trabalhar com Antônio (Luiz Neto, atual presidente do Santa Cruz), pois ele não aceita discordâncias. Ou se faz do jeito dele ou não se faz. Se você não concordar, ele vai buscar um jeito de tentar lhe exterminar. E isso é com todo mundo. Ele é um dos presidentes mais vitoriosos da história recente do clube, mas é um dos caras com a maior rejeição, seja dentro das lideranças políticas do clube ou na torcida”, desabafou o representante.
Uma guerra fria no Santa Cruz: Executivo x Deliberativo
Ainda segundo Marino, a intervenção judicial no clube, de acordo com ele, solicitada pelo poder executivo, que acabou interrompendo o processo de realização da Assembleia Geral Extraordinária (AGE) solicitada pelos conselheiros do Santa Cruz, com o intuito de ter direito a opinião sobre os rumos da SAF coral, foi feita com o objetivo de perseguir politicamente membros do Conselho Deliberativo.
“Desde que assumiu, Antônio (Luiz Neto) nunca procurou dialogar com o Conselho como órgão. Pelo contrário. Ele só se preocupou em dar entrevistas e dizer que nós éramos desqualificados. Toda vez que ele abre a boca para tocar no assunto de incluir novos conselheiros, ele sempre fala que quer colocar pessoas qualificadas, juízes e magistrados no Conselho. Por isso, a entrada do interventor nada mais foi do que para fazer perseguição política. O objetivo era claro: incluir os 300 conselheiros do presidente”, apontou Marino.
“Só que isso não temos como fazer, pois o limite de conselheiros do clube é de 500 e já temos 300 empossados. Inclusive, entre os ‘Conselheiros de Antônio’, 177 sequer são sócios do Santa Cruz. Além disso, temos a situação que o próprio pleno do órgão só aceitou o aumento no número a partir da próxima eleição. Portanto, tudo o que eu venho fazendo é apenas cumprir o que é determinado pelo colegiado do órgão. Não é Marino fazendo isso ou aquilo”, concluiu.
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