Um ano e oito meses após pedir sua saída, o técnico Roberto Fernandes está de volta ao CRB. Anunciado quase que imediatamente após o anúncio da demissão de Ramon Menezes, o treinador já está em Maceió para iniciar o trabalho junto à equipe visando a sua estreia, domingo, contra o Botafogo-SP, no Rei Pelé, pela 30ª rodada da Série B. Porém, antes mesmo da sua apresentação oficial, o comandante alvirrubro conversou com o NE45 e apontou os desafios que tem pela frente para livrar o Galo do rebaixamento na Série B. Missão que obteve com sucesso no clube em 2018.
Na entrevista, Roberto Fernandes deixou claro que buscará devolver ao time, o estilo de jogo implantado por Marcelo Cabo, que deixou o CRB no início de novembro para comandar o Atlético-GO, na Série A. Na ocasião, o clube alagoano ainda tinha como objetivo o acesso. O novo treinador do Galo ainda analisou o elenco, apontou os adversários principais na luta contra o rebaixamento e comentou sobre a fama de “técnico bombeiro”. Confira os principais pontos da entrevista.
Como foi a negociação para o seu retorno ao clube?
Na verdade, desde a saída do Marcelo Cabo, o nome da torcida e da imprensa era o meu. Mas no futebol tem muitas indicações, e o Ramon era um treinador que estava saindo de uma primeira divisão, com o Vasco, e aí ele veio. Então, quando o trabalho não deu certo, e pelo senso de urgência que se tornou a situação do time dentro da competição, nem teve muita conversa. Como eu já havia trabalhado no clube, muitas bases já eram sabidas de ambas as partes. Então quando foi anunciada a saída do Ramon, a primeira ligação que o presidente (Marcos Barbosa) fez foi pra mim e a gente acertou. Eu tinha um contrato no CRB quando eu saí e o contrato está absolutamente atualizado. O presidente perguntou se eu aceitava as mesmas condições de antes. Na verdade é como se fosse uma retomada do trabalho que ficou lá atrás.
O CRB passou boa parte da Série B flertando com o G4. Mas caiu de rendimento nas últimas rodadas (cinco derrotas e dois empates) e agora está ameaçado pela zona de rebaixamento. O que você pretende fazer para recuperar a equipe?
O CRB teve uma história parecida com a do Paraná (time que figurou no G4 e hoje também luta contra o descenso). Fez um primeiro turno que deixou o torcedor cheio de esperança em um possível acesso, chegou a ficar várias rodadas próximo do G4, mas no segundo turno tiveram dois fatores que pesaram muito. A saída do Léo Gamalho, que era o artilheiro da equipe na temporada (18 gols), e depois, na sequência, a saída do Marcelo Cabo que vinha fazendo um trabalho muito consistente. A soma desses dois fatores desandou o negócio. Agora é tentar voltar ao ponto antes da saída do Cabo. E agora em vários aspectos, porque a confiança do grupo não é a mesma pela sequência ruim de resultados. E isso precisa ser resgatado e a melhor forma de conseguir isso é com vitórias. E tentar buscar a formação e o modelo de jogo que mais deu certo ao longo da temporada. Eu não vou querer agora colocar totalmente as minhas idéias, como também não vou fazer uma cópia do trabalho do Cabo, até porque nunca fui auxiliar dele, nem sei a forma dele trabalhar. Mas eu via o modelo de jogo e as escalações e vamos tentar resgatar a melhor condição técnica, tática e hoje também psicológica do grupo para poder afastar esse risco de queda o mais rápido possível.

Quais clubes você enxerga como adversários diretos do CRB nesta disputa?
Tudo depende muito do número de confrontos diretos. O CRB joga domingo contra o Botafogo-SP e se vencermos abrimos 12 pontos para ele tirar em oito rodadas. Isso significa que eles podem até escapar, mas não nos colocando para dentro da zona do rebaixamento e sim outro clube que está abaixo de nós. Se não ocorrer nada fora da curva, a briga está entre CRB, Paraná, Figueirense, Náutico e Botafogo-SP, a depender do jogo de domingo. Quem está acima do CRB acho muito difícil descer. A não ser, como eu falei, se ocorrer algo fora da curva. Se por acaso um time que está acima ficar quatro, cinco rodadas sem vencer e quem está embaixo emplacar três a quatro vitórias seguidas, esse cenário pode mexer. Mas se ocorrer tudo dentro do normal, a briga maior vai ser entre esses times. O Oeste já foi. Se o Botafogo perder domingo se coloca em uma situação muito delicada. E aí ficaria duas vagas para quatro times.
E qual a pontuação que você enxerga como segura para livrar o rebaixamento? E
Acho que com esse equilibro, a marca de 45 pontos é alta. Acho que o ponto de corte vai para 43, no máximo 44. Eu acho que vai ser mais baixo pelos confrontos diretos que terão pela frente.
Você é um treinador com vasta experiência, mas que vem se notabilizando ultimamente pelo estilo “bombeiro”, sempre sendo contratado para salvar algum clube do rebaixamento. Isso o incomoda ou você encara isso como um “nicho” de mercado?
Isso não me incomoda nem um pouco. Mas eu apenas acho que deveria se dar notoriedade, com o mesmo peso pelo menos, da parte boa. Por exemplo, nos últimos cinco anos eu fui finalista seis vezes e campeão em três (Paraense, com o Remo, em 2014, Potiguar, com o América-RN, em 2015, e Pernambucano, com o Náutico, em 2018). E só não fui, com todo respeito, campeão em quatro porque após o jogo contra Santa Cruz (pela Copa do Nordeste de 2019) eu entreguei o cargo no CRB, antes do primeiro jogo da final do estadual, por discordar da forma como foram colocados alguns pontos na época. Mas isso é algo totalmente superado, tanto que estou de volta. (O CRB fez a final do Alagoano de 2019 contra o CSA e foi vice-campeão).
Foto: Divulgação/CRB
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