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Mesmo com participação recorde, Nordeste vive sub-representação na Olimpíada

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O Brasil leva para os Jogos Olímpicos de Tóquio, a maior delegação do país para uma edição “fora de casa” da Olimpíada, já que a primeira ocorreu no Rio de Janeiro, em 2016. O recorde também vale para o Nordeste. Antes, o Brasil nunca tinha tido 301 membros na delegação no exterior, assim como nunca tinham sido 47 nordestinos viajando para representar o Brasil nos Jogos.

A maior delegação nordestina segue sendo a de 2016. No Rio, 54 nordestinos participaram da Olimpíada, 12% do total da delegação brasileira. Considerando a proporção, 2020 representa o melhor ano no recorte recente, com mais de 15% de nordestinos entre os 304 atletas nacionais.

Fora do país, o recorde absoluto era das edições de 2008 e 2012 dos Jogos Olímpicos, com 35 nordestinos. E 2021 também reserva outra marca para a região, pela primeira vez desde Pequim-2012, todos os estados nordestinos tem ao menos um representante na comitiva.

MAS AINDA É POUCO

Apesar de toda essa evolução, porém, ainda pode-se dizer que a participação nordestina é pequena. Afinal, para uma região que tem 27% da população nacional, 15% dos atletas não indica uma distribuição muito igualitária.

Neste levantamento, apenas dois dos estados nordestinos conseguem ter uma média melhor que a nacional na relação entre atletas olímpicos x população. A média geral do país é de 1 atleta para cada 696 mil habitantes.

No Nordeste, Paraíba (1/577 mil) e Alagoas (1/670 mil) são os mais bem representados, enquanto Rio Grande do Norte (1/1,77 milhão) e Sergipe (1/2,32 milhões) são os piores. A média geral do Nordeste é de um atleta para cada 1,22 milhão de habitantes, quase metade da média nacional.

Além disso, das 35 modalidades que o Brasil vai disputar, apenas 18 tem um nordestino na disputa, metade do total, com a região não tendo nenhum participante em esportes tradicionais para o Brasil como ginástica artística, judô, vela, handebol masculino ou vôlei feminino. Esse é um cenário que pode facilmente abrir debate sobre as condições para o desenvolvimento esportivo na região.

REFLEXO

Esse desequilíbrio é um retrato do cenário socioeconômico brasileiro. Ainda hoje, são registradas melhores e mais interiorizadas estruturas e instalações esportivas na região Sudeste, o que acaba por refletir em mais atletas e clubes de alto rendimento nesses lugares.

Um retrato disso é um levantamento da Agência Lupa na Olimpíada de 2016. Naquela edição, foram sete atletas nortistas, 22 centro-oestinos, 54 nordestinos, 72 sulistas e 292 sudestinos, além de 18 nascidos fora do país. Apenas três estados não tinham nenhum representante: Acre, Tocantins e Sergipe.

Segundo o levantamento, o estado de São Paulo, sozinho, era berço de 162 atletas daqueles Jogos, mais do que a soma dos nativos das outras quatro regiões do país. O Rio de Janeiro, por sua vez, tinha 92, acima de qualquer demais região brasileira.

Isso também é visto nas principais ligas esportivas do país. Entre a NBB e a LBF (elite do basquete), são três equipes do Nordeste, dois do Centro-Oeste, quatro do Sul e 14 do Sudeste, sendo 12 paulistas. Na Superliga de Vôlei, entre a masculina e feminina, há um time do Centro-Oeste, quatro do Sul e 19 do Sudeste, sendo 10 paulistas. No Brasileirão masculino e feminino, são cinco do Nordeste, quatro do Centro-Oeste, oito do Sul e 18 do Sudeste, sendo 11 paulistas. Não há clube do Norte nessas seis ligas.

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