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Ceará e Náutico são acionados por coletivo LGBTQ+ no STJD por cânticos homofóbicos

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Por Vítor Aguiar

Por Vítor Aguiar

Postado dia 7 de dezembro de 2021

O Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ+, que une diferentes representações LGBTQIA+ no futebol, entrou com denúncia a oito clubes no STJD por conta de atos homofóbicos cometidos pelos seu torcedores. Entre os clubes acionados, estão o Ceará e o Náutico.

Além dos nordestinos, o grupo também denunciou ações das torcidas de Atlético-MG, Corinthians, Fluminense, Internacional, Paysandu e Clube do Remo. Ao todo, foram sete Notícias de Infração registradas no Supremo Tribunal de Justiça Desportiva.

O STJD já confirmou o recebimento das Notícias de Infração. Segundo o órgão, elas já foram encaminhadas para a análise do Procurador-geral Ronaldo Piacente. Assim, os casos agora serão analisados pela Procuradoria do tribunal.


Ela será a responsável por decidir se acata as Notícias de Infração e realiza denúncia contra os clubes ou se arquiva o caso. Só assim, em caso de denúncia, o assunto passará pelo crivo jurídico do julgamento do STJD.

Canarinhos

O anúncio da ação foi feito pelo próprio coletivo, que se pronunciou por nota:

“Reiteramos o nosso repúdio a esses e outros atos de preconceito praticados no futebol e esperamos que os clubes e federações tomem medidas mais enérgicas no intuito de combater tais práticas que fazem com o futebol continue sendo um ambiente violento para pessoas LGBTQIAP+.

O STJD já mostrou em decisão anterior que a justiça desportiva não tolerará atos desse tipo, ao punir com veemência o Flamengo, configurando o primeiro clube punido na história pelo tribunal enquadrado na prática de homofobia pelo artigo 243-G do CBJD”.

Ceará e Náutico

Além de confirmar o recebimento, o STJD também divulgou os fatos narrados pelo grupo:

CEARÁ

“Jogo: Ceará x Corinthians (25/11): Em partida realizada no Castelão, torcida, jogadores e diretoria do Ceará proferiram cantos com palavras de cunho homofóbico. Segundo o Coletivo das Torcidas LGBTQ, em vídeo juntado, é possível ouvir um coro gigantesco gritando: “A tuf é gay” e “matador de leão e come c* de tufgay”, se referindo ao clube adversário, Fortaleza.

Na partida contra o Sport, no dia 14/11, a torcida repetiu o canto no Castelão e o presidente do clube, Robinson de Castro aparece em um vídeo segurando um telefone em referência a música.

O mesmo canto foi proferido na partida contra o Fortaleza, realizada em 17/11. No vídeo foram identificados os jogadores Vina, Gabriel Dias, Messias, Luiz Otávio, Cléber, Lima, Fernando Sobral Lacerda e Rick, além do presidente do clube, Robinson de Castro”.

NÁUTICO

“Jogo: Náutico x Sampaio Corrêa (15/11): Durante a partida torcedores do Náutico entoaram gritos de cunho homofóbico de “bicha” todas as vezes em que o goleiro adversário se preparava para bater o tiro de meta”.

Punições

Caso o assunto vá a julgamento, será por infração ao artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva. De acordo com o segundo parágrafo desse trecho do texto, a prática de atos discriminatórios por parte de uma torcida pode gerar punições ao clube, enquanto os torcedores identificados são proibidos de retornar ao estádio por, ao menos, 720 dias.

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Demais clubes

O STJD também divulgou os fatos narrados nas Notícias de Infração que citam as torcidas de Fluminense, Internacional, Atlético-MG, Remo, Paysandu e Corinthians:

FLUMINENSE

“Jogo: Fluminense x Internacional (06/11): Conforme registrado pela imprensa, na partida entre as equipes foi possível identificar coros de torcedores do Fluminense gritando “Arerê, gaúcho dá o c* e fala tchê”, se referindo ao clube adversário. Apesar da partida não ter sido paralisada, o sistema de som e imagem do estádio alertou a torcida para que parassem os gritos. O ato foi registrado pelo árbitro na súmula da partida”.

INTERNACIONAL

“Jogo: Grêmio x Internacional (06/11): De acordo com a Notícia de Infração do Coletivo, no grenal é possível ouvir um coro gigantesco de pessoas gritando: “Atirei o pau no Grêmio e mandei tomar no c, ô gremista filho da p chupa r* e dá o c*.

O coletivo destaca ainda que o mesmo cântico foi proferido nos jogos: Grêmio x Internacional (06/11) e Internacional x Athletico/PR (13/11)”.

ATLÉTICO-MG

“Jogo: Flamengo x Atlético/MG (30/10): Na partida, realizada no Maracanã, a torcida visitante entoou ao time mandante: ” tomar no c* mengo, tu és time de otário c, p v* e ladrão”.

Jogo: Atlético/MG x Fluminense (28/11): Imagens da partida mostram os cantos homofóbicos do clube mineiro a partir dos 40 minutos do segundo tempo. O vídeo com os cânticos foi postado nas redes sociais de uma torcedora que estava acompanhando o jogo. O caso não foi relatado na súmula da partida e, segundo o coletivo de torcidas, o árbitro descumpriu a orientação 01/2019 do STJD”.

REMO E PAYSANDU

“Jogo: Remo x Paysandu (04/12): A partida foi marcada por cenas de preconceito de ambas as torcidas. Imagens que circulam na internet mostram a torcida do Paysandu entoando gritos de v* ao jogador Neto Pessoa, aos 11 minutos do segundo tempo. Em outro momento um grupo de torcedores uniformizados gritaram várias vezes “Remista é gay, é gay, é gay”. Na mesma partida, torcedores do Remo entoaram para a torcida do Paysandu: “todo v* que eu conheço é bicolor”.

CORINTHIANS

“Jogo: Corinthians x Grêmio (05/12): Na Neo Química Arena torcedores do Corinthians entoaram gritos de cunho homofóbico direcionado aos jogadores do Grêmio. Durante o jogo a torcida gritava “gaúcho, viado” para os jogadores em campo. O fato não foi relatado na súmula”.

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